Não Foi Por Acaso (Romance Lesbico) REESCREVENDO

capítulo 09

Londres| Residência Bitencurt| Manuela Oliver| 19:43 PM

Já sentiu como se seu corpo não obedecesse aos comandos do seu cérebro? Foi ruim?

Nesse momento, era exatamente o que estava acontecendo. Mas quer saber? Nem eu mesma sabia o que pensar, não seria de todo errado gostar de beijar uma garota, não é mesmo? Mas é aí que está, não é somente um gostar, eu sentia algo um pouco mais forte

Estar com Isabela é como correr pelo mundo sem se preocupar com o amanhã, é sorrir como se a vida fosse fácil. É senti a alegria contagiar todo ambiente. É se sentir importante, é se sentir protegida. É incrível.

Os lábios macios exploravam cada centímetro da minha boca me causando leves arrepios. Nossas línguas dançavam em uma mesma sintonia. O contato foi cortado assim que o ar nos faltou e eu pude ouvir um gemido de desaprovação de Isabela assim que afastei nossos corpos.

- Me desculpa - Isabela parecia ter percebido o que acabará de acontecer

- Não peça, por favor - implorei assim que vi o medo em seus olhos.

Nossos olhares se cruzaram e eu não sabia dizer o certo o que o olhar dela poderia transparecer.

Me aproximei em passos calmos da menina, nossos olhares não foram cortados em nenhum momento e eu sentia algo forte vindo daquele mar azul que são os olhos dela.

Você tem noção do que é ter Isabela frente a frente com você, com os cabelos desgrenhados, os lábios vermelhos, levemente inchados e o rosto corado?

É realmente impossível não se apaixonar cara.

- Eu preciso me desculpar - nossos rostos estavam tão perto que era possível ouvir a respiração descompassada de Isabela. - Eu agi como idiota Isa... mas é tão confuso

Ouvi Isabela engolir a saliva e respirar profundamente antes de se afastar por breves segundos.

- Eu não sei o que dizer.

Antes que ela pudesse continuar sua frase juntei nossos lábios mais uma vez. Esse beijo não foi como os outros, era um beijo faminto, como se eu precisasse urgentemente dos lábios dela para sobreviver.

Não que eu seja uma maníaca por bocas, mas eu já beijei algumas pessoas no passado, mas nada em lugar nenhum do mundo pode ter um gosto tão esplêndido como o de Isabela. É  algo doce, que incendeia o corpo, que vicia, que te faz querer viver ali. E eu queria viver ali

Separei nossos lábios buscando por ar. Assim que consegui controlar minha respiração olhei para Isabela que agora me olhava confusa.

- Sabe Isabela? Eu não sei mais o que fazer em relação aos meus pensamentos.

Suspirei profundamente relembrando de todas as noites que Isabela invadia minha mente e por algum motivo eu não queria que ela fosse embora, afinal, não era tão ruim assim. Eu sentia que algo não estava tão certo assim, mas eu não quis mexer nisso entende?
Mas as coisas não são como queremos, quando eu menos esperei eu estava explorando cada cantinho desse novo sentimento. Acabei me assustando um pouco para ser sincera.

- Eu não consegui parar de pensar em você desde algumas semanas atrás - antes que ela pudesse dizer alguma coisa levei minhas mãos em seu rosto pedindo por silêncio. - só me escuta, já está sendo muito difícil ter que admitir isso assim - ela somente assentiu - não foi depois do beijo, isso já vem acontecendo a dias, mas eu tenho namorado Isabela, cara tem Bianca, o que ela vai pensar quando saber que a melhor amiga está apaixonada pela irmã dela?

Pude ver um brilho nos olhos de Isabela, e eu juro que me controlei muito para não beijar aquele rosto.

- Pode repetir? - pediu sorrindo

- Que eu estou apaixonada por você? Isso não é nenhum problema Isabela, aliás, eu nem sei. Eu me sinto tão bem contigo Isa, mas tem o Gustavo, tem tantas coisas - despejei tudo de uma só vez

- Você não faz idéia do quanto eu quis ouvir isso Manuela. Eu imaginei tantas formas e olhe só, você está aqui.

- Eu estou - sussurrei mais pra mim do que para ela, eu ainda queria entender quando foi que eu decidi ir atrás dela.  O sentimento era forte dentro de mim, mas com a mesma intensidade de força, era a de medo. - Eu presciso de respostas

- Ei, olhe para mim - subi meu olhar para Isabela vendo a garota se aproximar lentamente de mim. Suas mãos seguraram minha cintura com delicadeza.

Os simples gestos de Isabela me deixavam completamente boba. Como aquela paixão da primeira série, entende? Se lembra?

- Eu só presciso de uma única chance minha pequena. Deixe-me te mostrar o quanto te amo? Deixe-me te mostrar que eu sei te amar.

- Mas e Gustavo? E Bianca? E todos os outros? Eu não sei se estou preparada para isso - admiti baixinho como sussurros.

- Você terá todo o tempo do mundo meu bem, Bianca já sabe dos meus sentimentos. Eu estarei com você em todos os momentos.
- Promete? - um fio de esperança ainda me restava

- Sim. Eu te prometo - Nossos lábios foram de encontro outra vez me trazendo toda aquela sensação maravilhosa de arrepios e as famosas "borboletas no estômago". Clichê não é mesmo? Mas diga-me  você já amou alguém?

O amor é o sentimento mais clichê de todos. O melhor de todos.

- Eu só presciso de um tempo sabe? Para consegui controlar todos esses sentimentos, para realmente ter certeza que alguma coisa. Entende?

- É claro que eu entendo. - ela sorriu e sabe? Eu me derreti ali mesmo

Isabela em minha frente com os olhos em um tom azul quase como de bebê, um sorriso ingênuo e apaixonado e o rosto corado.

Eu tinha a sensação que de alguma forma Isabela me pertence, assim como eu sei que pertenço a ela. Como se fôssemos interligada entende? Como se já tivéssemos vivido isso em outra vida. Era tão espetacular.

Algumas horas já havia se passado. Já era bem tarde da noite e depois de uma maratona de filmes e beijos eu decidi que era hora de seguir meu caminho. Levantei-me pegando minha jaqueta e meu celular encima do sofá.

- Já está ficando bem tarde Isa, e eu preciso ir embora - Os olhos a minha frente me encaravam incrédulos

- Você não pode sair uma hora dessas Manuela! - suas palavras saíram quase que em forma de gritos - Está maluca? Isso não são horas

- Eu estou de carro Isabela. Isso não é motivo suficiente. Vamos, me convença - sorri de lado

- Veja bem. - Se aproximou colando nossos corpos - durma aqui comigo, posso te encher de beijos e carinho, amanhã abordaremos bem cedo e você pode ir. Não vai me deixar sozinha vai? - um bico adorável repousou em seus lábios

- Isso é chantagem? - perguntei divertida - não é justo

- Cada um usa as armas que tem - explodir em uma gargalhada - isso é sério

- Okay, mas eu durmo no sofá.

- Nada disso! Você dorme no meu quarto e eu durmo aqui na sala.

- Não é como se nunca tivéssemos dormido juntas - sorri arrancando outro sorriso de Isabela. - vamos?

Segurei na mão de Isabela e seguimos para o quarto. Depois de um banho quente e um moletom de Isabela eu estava pronta para dormi. Dormiria no calor dos braços dela.
Naquela noite não fizemos nada. Nada além de dormi sentindo o cheiro e os carinhos uma da outra.