Epílogo

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Quando Gabriella não sentiu mais o corpo de Harry encostado ao seu, e que o frio agora atingia suas costas deliberadamente, acabou por acordar, e ainda por cima, assustada.

Achava que agora pelo menos acordaria com calma e que a primeira manhã ao lado do amor da sua vida, seria magnífica e parecida com aqueles filmes melosos pra caramba de Hollywood.

Só achava, também.

Olhou para todos os lados da cabana e o encontrou no canto mais escuro. Estava com a calça jeans no corpo, mas sem camisa e descalço. Não pode deixar de notar as novas tatuagens em seu peitoral – dois pássaros no peito e uma borboleta na barriga.

O coração bateu tão forte pensando que ele poderia ter se arrependido. Disse a si mesma depois de terem feito amor pela segunda vez e estarem abraçados para dormir que, não, não iria deixar isso a abalar, que seria forte.

Mas nem toda a preparação mental, física e a força que poderia se criar pode deixar alguém imune a sensação premeditada de ter um coração partido.

Vestiu a camisa e a peça intima, surpreendentemente não estava com frio, mesmo que a noite parecesse assim. Foi até Harry e se sentou ao seu lado. Não sabia o que esperar, mas a primeira coisa que veio em sua mente foi que ele se levantaria e se afastaria sem dizer nada, quieto como era costume.

Mas ele não fez isso. Não fez nenhuma das opções que passou pela mente de Gabriella sobre se afastar e deixá-la sozinha. Na verdade, mesmo que ele não tivesse se virado para olhá-la, Harry levantou o braço forte e passou pelos ombros dela, a abraçando e trazendo para mais perto.

A cabeça de Ella repousou no peito dele. Estava suado, ela vasculhou a cabana mais uma vez, até conseguir achar algumas frutas numa pilha no chão. Harry havia saído durante a noite?

— Onde esteve? — ela disse com um pouquinho de medo de que se falasse algo, a magia do que tinham feito iria embora para sempre.

— Na floresta mesmo. — a voz rouca dele disse, mas parecia não o pertencer.

Gabriella teve medo que mesmo assim, mesmo o abraçando, ele estivesse arrependido. Ela tentou consertar com algumas palavras.

— A manhã da primeira vez de um casal deveria ser menos constrangedora do que isso. — ela soltou um risinho tenso.

— Tem algumas coisas que preciso te dizer, Ella. — ele suspirou, apertando-a mais, trazendo para mais perto.

— Sim. — ela sussurrou, sabendo que era a hora da verdade.

— Ninguém mais pode vir atrás de você, você não será mais perseguida. — ele tomou coragem, engolindo em seco. — Eu sei o que eu disse na noite passada, e sei o que fizemos, nunca conseguirei esquecer, mas...

— Mas...

— Mas se você quiser ir embora e voltar com a sua vida sem mim, eu não irei te impedir. — ele a olhou pela primeira vez, levantando o queixo de Gabriella para ver seus olhos. — Eu te amo, estou disposto a deixar você ir se for o que deseja.

Gabriella não sabia, na verdade Harry não sabia qual das duas respostas doeria mais, se seria o sim ou o não. Se sim, ela queria que ele fosse embora, ou não, ele deveria ficar.

Era tão dolorido pensar nas duas opções. Não conseguiria mais viver sem Ella, mas se ficasse, não sabia qual castigo seu pecado o daria. Os céus o condenariam, mas à que?

— Eu... — lá estava, o momento em que ele fecharia os olhos com bastante força e esperaria o baque. — Eu sei o que está fazendo, Harry. — ela soltou um risinho. — Abra os olhos.

GuardianWhere stories live. Discover now