Treacherous

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       Ele falava comigo. Não queria entender ou saber o que seus lábios falavam. Seus lábios...Eles tinham um formato perfeito, que nem tudo que ele é e faz.

"Ponha seus lábios perto dos meus, Contanto que eles não se toquem."

     — ...gostar. Entendeu? — Ele perguntou para mim, olhando nos meus olhos.

     Eu apenas balancei a cabeça concordando. Acho que era tudo que ele queria ouvir, porque ele sorriu depois.

"Fora de foco, olho no olho, até que a gravidade seja demais."

     Traiçoeiro. Por que ele diria isso?
     Eu sabia, ele era perfeito com todas as palavras que eu poderia juntar.

Chegamos no destino de Jake, uma casa, não, mansão. Aquilo era gigante! Era a casa dele?

— Chegamos. — Ele disse entusiasmado.

Eu saí do carro e segui ele. Ele bateu na porta com um tom de uma música, como se fosse secreto. Acho que não era a casa dele. Ele teria a chave.

      Uma mulher, um pouco mais baixa do que eu e com cabelos castanhos abriu a porta.

       — Jake! — Ela disse abraçando-o. — Veio devolver o carro?

       Ele olhou para o carro enquanto ela olhava para mim.

        — Ainda não, tenho que deixar Taylor em casa mais tarde.

        — Então, seu nome é Taylor? — Ela perguntou, ainda de olhos em mim.

        — Ah, sim. — Respondi sorrindo.

        — Que bom conhecê-la. — Ela me deu um abraço e nos convidou para entrar.

       Jake me deixou entrar primeiro, como um cavalheiro. Ele foi tirando meu cachecol, talvez porque estava mais quente lá dentro. O primeiro lugar que ele achou para por o cachecol foi uma gaveta.

A casa era ainda maior por dentro. Eu via lustres e vários cômodos, que eu queria conhecer.

— Vocês vieram em uma boa hora, o frango acabou de sair do forno. — Ela disse, com sua voz suave.

Jake e eu nos entreolhamos.
Era essa a irmã dele?
Apenas ele sabia.

— Podem ir se sentando à mesa. — Ela gritou da cozinha.

Eu segui Jake até a sala de jantar. Uma sala extremamente enorme, com um piano preto no canto, uma lareira do lado da mesa e cortinas de seda branca que vinham do começo até o final da parede. Ele puxou uma cadeira e eu me sentei. Ele se sentou ao meu lado porém, eu queria que ele estivesse sentado em minha frente, para eu ver seus olhos.

     — Essa é minha irmã, Maggie.

     Ele coloca a mão em meu ombro esquerdo e se envolve em meus pensamentos.

       — Ah, Jake, — Ela disse se sentando na mesa. — Fazia tempo que não fazíamos isso.

        — Fazíamos o que? — Ele perguntou.

        Ela suspirou até encontrar as palavras certas.

      — Comer, jantar, conversar... Essas coisas que irmãos fazem. — Ela disse com um sorriso falso.

     Fiquei sem entender.

     Se eles eram irmãos, por que não mantinham contato? Meu irmão e eu sempre nos mantemos em contato.

     Falando nisso, tenho que ligar para meu irmão quando chegar ao meu apartamento.

— É, mas com essas nossas vidas corridas, não temos tempo nem de respirar. — Ele deu uma risadinha.

    Ficamos nos encarando por alguns minutos até comida vir. Estava deliciosa. Minha mãe nunca foi de cozinhar muito. E, meu Deus, se realmente for Maggie que cozinhou aquilo, quero que ela cozinhe para mim todos os dias.

       — Então Jake, por que decidiu sair de Los Angeles? — Ela pergunta.

      — Me enjoei. Sabe, vivi minha infância e adolescência lá, eu queria viver num lugar diferente.

      Ela sorriu, e eu estava focada em minha comida. Poderia o presidente estar comigo agora mesmo, eu não ligaria, a comida era o mais importante no momento.

     Continuamos comendo, até que fui a ultima a acabar o prato. Não queria que ele acabasse, mas não iria pedir outro. Maggie nos contou que o piano nunca foi usado de verdade, e que era mais usado para decoração.

      — Jake, suas roupas estão lá em cima. — Ela disse apontando para a escada.

      Roupas?

      — Vou pega-las. — Ele disse, correndo em direção a escada.

      Enquanto ele saia, não pude negar a curiosidade.

     — Roupas? — Perguntei para Maggie.

     — Sim, quando eu me mudei para cá, decidi umas roupas dele para não sentir saudades.

     Isso soava estranho.
     Quando vi Jake descendo as escadas com roupas de motoqueiro, meu queixo caiu. Era mesmo aquelas roupas que ele usava? Eu nunca imaginaria uma pessoa usando suéter e calça bege usando jeans preto e jaqueta de couro.

      "E eu seria esperta para ir embora, mas você é areia movediça."

    Não parecia o mesmo Jake que eu aparentava conhecer.

— Nossa, faz tempo que eu não usava uma dessas. — Ele diz, olhando para sua roupa.

A jaqueta não escondia que ele era musculoso.

— Ainda bem que eu desisti dessa vida. Nossa, esse sapato está apertado. — Jake disse rindo.

      — Lembra da primeira vez que veio aqui com os seus amigos, e eles te mostraram aquele ladrilho de trem abandonado? Você tinha o que? 15 anos?

      Ele deu uma gargalhada ao lembrar das memórias.

    — Faz tempo que eu não vou lá. Ainda está fechado?

    — Acho que sim.

Ele me encarou por alguns minutos e eu apenas olhava para os meus pés.

— Quer ir ver o ladrilho de trem que mudou minha vida? — Ele perguntou para mim, com a mão no queixo.

— Às 9 da noite? Não achas que é meio tarde? — Ela respondeu por mim. Tirando as palavras da minha boca.

— Da primeira vez que eu fui também estava de noite. — Ele pegou minha mão e me levou até a porta. — Vamos, Taylor.

O que ele estava fazendo?

— Tchau, Maggie. Obrigada pelo jantar. — Eu disse acenando para ela.

— Tchau, foi um prazer te conhecer.
Jake acenou e fechou a porta.

— Você vai finalmente sentir liberdade naquele lugar. — Ele disse enquanto íamos ao carro.

"E eu farei tudo que você disser, se você disser isso com suas mãos."

Foi quando ele começou a dirigir que eu percebi que tinha esquecido meu cachecol. A imagem dele usando roupas de sua adolescência nunca vai sair de minha cabeça. Mesmo ele dizendo que está apertado, não parecia caber melhor.

"Esse caminho é imprudente, eu gosto disso."

O que ele poderia fazer não podia estar tão certo e errado. Eu era apenas uma garota se metendo em problema. Ele era um problema? Ninguém sabe se pode saber o que vai acontecer no final.

"Eu não consigo decidir se é uma escolha, se deixar levar. Essa ladeira é traiçoeira, eu gosto disso."

RED;; t.s  {a editar}Where stories live. Discover now