chegada

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— Mais para a esquerda... para baixo... só um pouco para direita... Eu disse um pouco, seu idiota, você é tão incompetente assim?! — minha mãe esbravejava para o empregado que tentava arrumar o quadro na parede.

Eu estava sentada no sofá, ouvindo seus gritos e reclamações em silêncio. Os meus olhos pesavam e eu posicionei as mãos no queixo, não havia conseguido dormir bem nos últimos dias, passei quase todas as noites lendo e aprendendo cada ficha dos convidados, detalhe por detalhe, tudo sobre seus reinos, seus costumes, seu clima, tudo.

Pesquisei quais países teriam mais a nos oferecer na esperança de tentar descobrir com quem meu pai teria fechado negócio, mas era difícil ter certeza.

Não conseguia acreditar que os dias passaram tão rápido. Tristan passou a ser o meu segurança particular. Ele me seguia para todos os lados, era difícil a convivência. Alguns dias, ele estava todo exibido e soltava diversas piadinhas maldosas, mas em outros, era como se ele fosse outra pessoa e me ignorava completamente, nem sequer olhava para mim. Quando não estava comigo, eu o via pelos cantos, ainda anotando coisas em seu pequeno e velho livro de capa preta, outras vezes, pegava-o saindo da cozinha com alguma comida na boca.

Melisandra me obrigou a fazer aulas de etiqueta reforçada durante a semana inteira, como se eu já não soubesse tudo de cor e salteado. Fora isso, fui obrigada a fazer diversas entrevistas, principalmente para as revistas de fofoca.

Eu tentava demonstrar felicidade e entusiasmo, mas, por várias vezes, acredito que dava para notar que não estava tão feliz quando deveria. No fundo, eu desejava que isso pudesse dar certo e, quem sabe, apaixonar-me, mas, ao mesmo tempo, lembrava de que o casamento, para os nobres, não passava de negócios e afastava essas fantasias de minha mente.

Os convidados deveriam estar chegando, e eu já sentia meu estômago embrulhar. Fiquei pensando no que deveria dizer e como agir na frente deles. Naturalmente? E como seria isso, já que meu "naturalmente" era ignorá-los.

Estava quase dormindo no sofá quando minha mãe gritou no meu ouvindo:

— Madeline, pelo amor de Deus!!! Vocês querem me matar, só pode. — Ela andava de um lado para o outro se abanando. – Será que ninguém tem piedade dos meus nervos? Será que eu, por acaso, tenho de fazer tudo sozinha?

Eu, rapidamente, sentei-me e limpei a baba que tinha escorrido durante o meu cochilo. E ela continuava a falar, ou melhor, gritar. Realmente estava tendo um surto, acreditando que não estava nada perfeito para a chegada dos príncipes. Somente quando Eleanor apareceu com os restos das flores que faltavam, ela conseguiu se acalmar um pouco.

— Majestade, não se preocupe, já reuni todos os empregados, eles já estão apostos...

— E as roupas, estão impecáveis? Não quero um avental fora do lugar, nem sequer uma luva faltando — minha mãe a interrompeu.

— Eu mesma verifiquei todos, mandei até que colocassem crachá, eles sabem exatamente o que fazer, treinaram durante a semana inteira, não se preocupe, está tudo sob...

— E os pertences dos príncipes? Já estão todos nos seus devidos quartos? — Passava a mão na testa, parecendo não ouvir Eleanor falar.

— Eu mesma verifiquei todos os pertences em seus devidos aposentos Vossa Alteza, agora deve se acalmar e ir se arrumar, pode deixar, está tudo em perfeita ordem.

⚠️revisão⚠️ Sem Escolha- Todos tem um segredo profundoWhere stories live. Discover now