Capítulo 01

15 4 6
                                    

Sinceramente, já não aguentava mais ter que ficar de pé, especialmente em cima daquela sapatilha. Todos os saltos, às piruetas e grand jetés já haviam acabado comigo.

Joseph também não estava tão confortável, mas ao menos não precisava usar uma sapatilha de ponta.

A sala branca e fechada estava carregada de som e olhares curiosos.

Os três jurados estavam lá, sentados em frente a nós dois, ansiosos por cada joelho mal esticado, cada por de brás no momento errado, cada pirueta mal sucedida r cada sinal de cansaço. Os outros olhares curiosos só estavam lá de platéia, sem nem mesmo saber o que estava acontecendo.

Em um último tom mais grave do violino, Joseph agarrou minha cintura e me elevou acima de sua cabeça, enquanto forçava minhas costas em um por de brás e minhas pernas a ficarem em um perfeito passé.

Após um silêncio mortal, uma mulher loira mais idosa levantou os olhos, tirando o óculos vermelho que usava.

-Podem nos dar um minuto?

Foi Natasha que assentiu, logo pedindo que saissemos da sala, enquanto os olhares curiosos da escada fugiam para não levarem um sermão da professora.

(...)

•••

-O que você acha?- Joseph perguntou, enquanto se sentava ao meu lado, no mesmo pufe rosa.

-Que nos damos mal e que Natasha vai nos comer vivos?- perguntei, enquanto tirava a sapatilha dos pés. Ah, liberdade!

-É, esperava isso mesmo...-ele disse, jogando a cabeça para trás.

O tempo passou como uma lesma, quando Natasha apareceu, aflita, nos chamando novamente para a sala.

Como se jogassem ácido em meu estômago, Joseph empurrava-me pelos ombros me forçando a andar.

(...)

Depois de meia hora ouvindo a mulher falar de que o concurso seria único, precisavam dos melhores, haviam muitos erros e bla bla bla, um homem robusto disse que havíamos entrado por pouco. Joseph quase caiu em lágrimas, assim como Natasha.

O concurso garantia duas bolsas integrais em uma das melhores escolas de balé francesa durante o período de dois anos, exclusivamente com tudo pago.

Era um sonho que qualquer bailarino(a) gostaria, inclusive eu.

•••

-Não quer mesmo uma carona amanhã?- Joseph perguntou pela quinta vez, enquanto descia de seu carro.

-Tenho, não precisa se preocupar. - respondi, enquanto fechava a porta, já do lado de fora, olhando-o pelo vidro aberto. Joseph tinha cabelos castanhos, cortados mais curto dos lados e com uma mecha mais clara de seu cabelo. Tinha o rosto firme e olhos verdes que o deixavam quase maravilhoso. Quase.

-Certeza?

-joseph, eu sei chegar na universidade!- disse, rindo.

Ele suspirou, vencido.

-Te vejo.amanhã, então?

-No horário do almoço.- disse, já me distanciando do carro. Ele assentiu e deu a partida, indo em direção ao breu, enquanto eu subia às escadas para o prédio.
(...)

Enquanto esperava o elevador parar, meu celular vibrava pelas milhares de mensagens de grupos que chegaram durante o dia todo.

Quando o elevador parou, não desviei o olhar do celular, já andando. Fora meus avós e meu irmão,.os únicos moradores daquele andar era um casal idoso, que sempre dormiam cedo.

-Por que tá chegando agora?- o rapaz perguntou a minha frente desviando minha atenção do celular. Ele era uma cabeça mais alto que eu, com os mesmos cabelos ruivos e olhos castanhos que eu.

-Tive seleção hoje...- respondi.

-Por que não respondeu minhas mensagens?

-Estao chegando só agora ..- respondi, enquanto saía do elevador.

-Se demorar assim de novo eu vou ir te buscar. - ele disse, saindo da frente do elevador, enquanto eu passava, enquanto já pegava de novo a chave de casa.

Depois de entrar, ainda conferindo as mensagens, ouvi o som abafado de tiros vindo da sala. Sentado no sofá, o rapaz  desviou o olhar do x-box para mim,mas logo voltou a encarar o jogo, entediado.

-Gabriel?Por que ele está aqui

-Que doçe você é Cam! - meu irmão disse, enquanto deixava o molho de chaves na mesa de vidro e passava por mim, indo em direção ao sofá. - Ele veio procurar algum apartamento pra morar, depois que ele formou...vai passar uns dias aqui.

Não pude deixar de revirar os olhos enquanto passava pela sala, em direção ao meu quarto. Gabriel tinha sido amigo de meu irmão na época do ensino médio, antes dele mudar de cidade pra fazer faculdade de não-sei-o-quê.
Nunca gostei dele, nem ele de mim, e pra piorar, meu irmão sabia de nossa rixa, mas mesmo assim achava graça, especialmente quando joguei meu copo de suco em sua blusa, fazendo uma grande mancha amarela.

Quando passei pela porta escancarada do quarto do meu irmão, às três grandes mochilas fizeram meu estômago revirar.

Ele estava apenas de mudança...não estava? Não iria passar muito tempo escorado em minha casa....A resposta veio no dia seguinte...

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Dec 12, 2015 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Dance Now!Where stories live. Discover now