Sobre labirintos

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— Você conhece a história do sonhador perdido?
— Hein?
— É aquele cara que falava que sempre amanhã tudo daria certo. Aí no dia seguinte ele encontrava uma parede e falava a mesma coisa. E o seguinte, e o seguinte, até que ele cansou e olhou para trás, e havia uma parede também para o outro lado, e ele não podia mais voltar. Ele desistiu e morou lá, no meio do labirinto, até morrer.
— Ah, que lição importante.
— Não é verdade? Não adianta seguir o caminho do jeito que você quer, que um dia você se perde sem volta.
— Não, não é isso.
— Não?
— Do que adianta seguir o caminho que te dão no começo? Você não vai bater em parede alguma, mas nem vai tentar achar uma saída diferente? E se o labirinto não tiver fim? E se você não gostar do fim, não vai ser pior saber que você nem mesmo o escolheu?
— Mas o cara ficou lá, para sempre. O cara da história morreu.
— Ele parou para pensar onde estava. Ele parou. Aposto que aprendeu uma lição muito mais importante.
— Aaaah! Não dá pra conversar com você!
— Ei, volta aqui... Eu falei alguma coisa de errado?



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