Casamento Forçado

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SOFIA MILLES

Já faz vinte minutos que estou nesse carro sem saber pra onde estão me levando, minha mãe dirige o carro mais séria que o normal sem ao menos me direcionar o olhar. O mais estranho disso tudo é o fato de que ela com todo aquele jeito rígido e mandão me obrigou a colocar esse vestido de cor creme, quase banco, muito bonito e delicado, delicado de mais até pra mim.

-Mãe? -ela continua com o olhar fixo na estrada, ela parece meio abatida sei lá - pra onde estamos indo? - sem resposta, não poderia se esperar outra coisa de uma pessoa tão séria como minha mãe, ela estava sempre muito calada.

Éramos só nós duas, meu pai morreu em um acidente de barco quando eu era apenas uma criança de três anos, minhas lembranças dele são bem vagas e são poucas as fotos que vi dele. Mal sei como é seu rosto. Minha mãe teve que se virar para me criar sozinha nessa cidade onde não temos parentes. O motivo dela ser tão séria deve ser por ser frustante ter que se virar com uma criança e arcar com todas as dispensas que uma criança dá.  Acho que nesse quesito ela se saiu muito bem, nunca me faltou nada, sempre tive o que quisesse.  Ela poderia não demonstrar o quanto se importa comigo mas eu tenho certeza que se importa sim, se não ela teria me jogado no lixo quando eu ainda era apenas uma máquina de coco ambulante, mesmo ela sendo essa mulher rude eu a amo, muito.

    
     O carro foi estacionado e quando olhei pela janela estávamos de frente pra uma linda igreja, sem que eu precisasse abrir a porta, ela foi aberta por um homem vestido em um terno preto impecavelmente  engomado. Quando sai do carro mais um homem surgiu do meu lado e cada um segurou em um de meus braços

- Mãe. - eu disse assustada e ela ainda estava no carro sem nem olhar para o lado onde eu estava sendo arrastada - MÃE!! - gritei e dessa vez ela me olhava e seus lábios se curvaram murmurando um "desculpa". Desculpa porque? Oque está acontecendo? Os homen param em frente à porta e ela se abre revelando um longo e lindo tapete vermelho e lá longe no altar um padre e um homem em pé

      -o que estou fazendo aqui? - pergunto para os homens esmagando meu braço já com as vista embaçada por conta das lágrimas que se formam em meus olhos. Eu estou assustada, talvez apavorada. Naquela igreja só haviam eu, os dois ogros agarrados ao meu braço, o padre e um homem.
- você está a segundos de se casar mocinha - um dos homens me falam, e é nesse momento que me desmancho em lágrimas e uso toda minha força pra tentar me soltar daqueles homem e sair correndo  daqui, tento me jogar no chão, me bato, tento bater neles, meu pé já havia enrolado todo o lindo tapete vermelho que antes estava perfeitamente esticado no cão. Quando chegamos ao altar sou posta ao lado do homem alto de cabelos escuros e de olhos tão azuis quando o céu em uma linda tarde de sol. Ele tem um sorriso no rosto em quanto me olha. Meus cabelos estavam no meu rosto e estava suada por tentar me soltar desse bruta montes que ainda me seguram pra que não tenha escapatória.

- O que estou fazendo aqui? - já sinto vontade de chorar outra vez e de gritar
- você está prestes a se casar... - ele mantém um sorriso cafageste nos lábios - comigo.
Nesse comento meu desespero só aumenta, eu estava mesmo prestes a me casar? E ainda com uma pessoa que nunca vi na vida. As lágrimas se fazem presente e descem peles minhas bochechas vermelhas. Meu estômago da voltas e minha vontade é de vomitar.

- Srt. Sofia Milles, aceita Nash Grier como seu legítimo esposo? - como assim esse padre já está nessa perte? Será que esse padre nao percebe que eu não quero estar aqui, e fazer um casamento forçado não vem contra os princípios de um padre ?

- NÃO!!! - digo o mais grossa possível, mas sou ignorada.
- Sr. Nash Grier aceita Sofia Milles como sua legítima esposa? - ele me olha e sorri. Como assim minha resposta não vale de nada nessa bosta? - Sim, eu aceito - ele disse e se vira para o padre ainda sorrindo.
- As alianças por favor - ele tira do bolso uma caixinha de veludo preta e lá tem duas alianças. Um dos bruta montes segura minha mão forçando colocar o anel no meu dedo, ele me estende o outro pra que eu possa pegar e colocá-lo em seu dedo anelar, mas eu o ignoro e ele mesmo faz o trabalho de colocá-lo.

- pode beijar a noiva - o maldito padre fala e ele se curva sobre mim eu tento me esquivar mas os ogros ainda estão me segurando, então apenas viro o rosto e ele me dá um beijo na bochecha.
Ele segura na minha mão com força e me arrasta até um carro preto estacionado fora da igreja.

             *    *    *
Minutos depois quando o carro para, estamos em frente a uma linda e grande casa. A porta é aberta de novo e eu sou arrancada de dentro daquele carro e arrastada até a porta principal

  - vocês estão dispensados, daqui em diante eu cuido na minha esposa - ele dispensa os ogros e me olha sorrindo, eu só sinto vontade de dar um belo soco na cara desse homem mas eu só consigo chorar.

Quem se casa com uma pessoa a força? Esse cara deve ser algum tipo de psicopata, eu só consigo sentir nojo dele, e do jeito que ele me olha.

-vamos Srt. Grier, vou te mostrar nosso quarto - ele diz pegando na minha mão.
- meu nome é Milles, e não Grier.
- Agora é Grier docinho - ele diz com um sorriso. E ainda vou ter que dormir no mesmo quarto que ele? Provavelmente na mesma cama.
Subimos uma escada e agora estamos andando num corredor cheio de portas, suponho que sejam quartos. Ele para em frente a uma porta, me olha e sorri, em seguida abre a porta. É um quarto muito bonito, tem uma cama de casal grande com lençóis brancos, e duas escrivaninhas, uma de cada lado da cama, com um abajur em cima. Tem duas portas do outro lado do quarto, suponho que sejam o banheiro e o closet.

- pode se livrar desse vestido e tomar um banho se quiser, suas coisas estão no closet - ele disse e eu o encarei.

  - o que eu estou fazendo aqui? Cadê minha mãe? Eu quero ir pra casa por favor - começo a falar e minha vista fica turva outra vês, eu pisco e as lágrimas escorrem descompassadas.
- você está aqui porque se casou comigo, sua casa é aqui agora, e sua mãe está otima, vou agora mesmo ligar pra ela e avisar que a filha dela está bem.
- Ela sebe que estou aqui? -ele assente com a cabeça - pede pra ela vir me buscar por favor - eu digo implorando. Minha cara a essa altura deve estar uma meleca, uma mistura de lágrimas, cabelo e maquiagem, eu devo estar um horror.

- não tem porque ela te buscar. Tome um banho e relaxe, você vai gostar daqui - ele diz e sorri - se estiver com fome desça pra comer algo. - ele me da as costas e some através daquela porta. Acho que eu prefiro assim. Ficar sozinha um pouco vai ser melhor.

No banheiro há uma banheira e eu logo a coloco pra encher. Tiro minhas roupas quando ela já estava cheia, me sento e deixo a água morna relaxar meu corpo.
   Me enrolo em uma toalha e vou até o closet ver se minhas roupas realmente estavam ali, e sim, não todas, mas a maioria estava. Como eu não sei, mas não me importava até porque eu também não sei porque estou aqui e supostamente casada aos 16 anos.
Vesti a primeira roupa que encontrei, uma calça de moletom cinza e uma blusa branca. Estou muito cansada, minha cabeça dói, meu corpo dói, eu preciso de respostas e de uma boa noite de sono. Deito na cama e meu corpo cede ao conforto no colchão, sinto meus olhos pesarem e agora em minha volta tudo se torna escuro.



Casamento Forçado.       ~NashOnde histórias criam vida. Descubra agora