1. Me arrumando

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"Por crescer com cães e gatos, eu me acostumei aos sons dos arranhões na minha porta enquanto eu dormia. Agora que eu vivo sozinho, é meio perturbador."

- JÁ VOU, TIA! - Berro do meu quarto. É meu primeiro dia de aula. Vamos lá. Nova escola, nova cidade, nova vida.

Coloco a mão no queixo, observando meu guarda-roupa. Preciso usar uma roupa que não me destaque muito, mas que também não me deixe passar despercebida. Primeira impressão sempre é muito importante. Ah, claro, também tem que combinar com uma peça do uniforme escolar.

Desvio o olhar do meu guarda-roupa para a minha cama. A camiseta branca com detalhes azuis, com o símbolo da minha nova escola (uma águia muito mal-feita) está esticada em cima da minha cama. Olho para meu guarda roupa de novo, e pego uma saia com camadas azul, meia calça preta, e um vans branco. Escolho uma pulseira azul, com símbolos de marinheiro, e estendo tudo sobre a cama, ao lado do uniforme.

Meu quarto todo está bem-iluminado por conta da janela acima da cama. Ao passar meus olhos por ela, tenho a impressão de ver uma figura branca encostada no tronco de uma árvore. Olho de novo, mas não vejo nada. Puf, devo estar ficando meio louca.

Pego minha toalha e vou para o banheiro do corredor. Tomo um banho rápido, lavando o cabelo e passando perfume, e então volto para o meu quarto. Jogo a toalha na cama e me visto.

O bom de morar a lado de uma floresta é que você não tem vizinhos enxeridos; portanto, posso me vestir sem me preocupar em fechar as cortinas. O dia está lindo, por que eu as fecharia? Ao acabar, empurro o vidro, abrindo-o, e me apoio no parapeito. Puxo bastante ar e solto. Estou pronta para as mudanças.

Estendo minha toalha e desço para a cozinha. A escada range em um certo degrau, e o corrimão está meio empoeirado.

- Tia, a gente deveria fazer uma limpeza nessa casa, não? - Digo ao pular para o chão. - Eu sei que a gente fez uma quando se mudou, mas a casa já está ficando suja de novo.

Caminho pelo corredor e viro na cozinha. Minha tia está sentada na mesa lendo jornal, como sempre. Ela não pode ficar desatualizada.

- Eu... Pode ser. Mas não hoje. - Ela diz apressada. - Aqui está dizendo que já teve dois mortos semana passada. - Ela olha para mim. Dois mortos em uma semana? Estremeço só de pensar. Mas eu vou conseguir lidar com isso.

- Eu não devia ter te trazido para cá... - Ela murmura para si mesma.

- A culpa não é sua. Afinal, eu precisava vir para cá. É a cidade onde meus pais nasceram, eu meio que... Meio que senti que precisava vir para cá. Faz algum sentido?

Depois que meus pais morreram, há quatro meses, eu fiquei com uma sensação de conhecer a cidade original deles. Era como se alguma força maior me puxasse para cá... Eu não consigo explicar direito.

- Claro que faz, Chloe. - Minha tia responde com sua voz doce. Ela deixa o jornal sobre a mesa e se levanta para me abraçar. Eu a abraço de volta e sussurro que estou com fome.

Ela tira os braços e se senta novamente, rindo e sacudindo a cabeça.

Huumm... O que eu quero comer? Torrada, torrada ou torrada? Hhhuuuummmmm... Torrada!

Pego duas fatias de pão e coloco na torradeira. Separo a manteiga e, enquanto as torradas são feitas, faço um café. Arrumo tudo sobre a mesa e como rapidamente. Vou para o banheiro do andar de baixo escovar os dentes e passar mais um pouquinho de perfume. Pego minha mochila, que está pendurada ao lado da porta, dou "tchau" para a minha tia e saio de casa.

Tiro o cadeado da minha bicicleta e a monto. Primeiro dia de aula, aí vou eu.

O amor é perigoso || Jeff the KillerWhere stories live. Discover now