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"Não percebo..."


Desci as escadas o mais depressa possível e deparei-me com a Clara à porta a chorar baba e ranho.

"Clara, o que se passa?"

"Ele acabou comigo."

"Acabou contigo? Mas vocês chegaram a namorar?"

"Sim, quer dizer... eu penso que sim."

"Ah! Tu pensas. Mas conta lá, o que se passou?"

"Eu estava a conversar com ele por S.M.S. e..."

Quando ela chama as mensagens por S.M.S. eu fico com vontade de rir e deixar de ser tão séria no momento.

"... e ele começou a dizer que não aguentava mais."

"Aguentar o quê?"

"Aguentar estar comigo e iludir-me."

"Ou seja... ele não gosta de ti, é isso?"

"Parece que sim."

"Diz-me... chegaram mesmo a namorar, ou andavam numa dessas curtes que os adolescentes inventaram em 2004?"

"Não sei... eu demonstrava sentir alguma coisa por ele e ele o mesmo, até que decidiu acabar com tudo que construímos até agora e seguir a sua vida com quem ele amava de verdade."

"E ele disse-te quem?"

"Ele disse-me a inicial do nome, mas não consigo chegar lá."

"Eu posso ajudar. Qual é?"

"É um M."

"Um M? Está difícil. Só temos que encontrar todas as pessoas da nossa escola que começam por M."

"Dá muito trabalho e acho que vou seguir em frente também."

"Eu disse-te que não estavas mesmo apaixonada por ele, era tudo uma ilusão. Acabas sempre nisto, Clara. Tens que começar a pensar melhor nas tuas decisões, senão qualquer dia magoas-te mesmo e não existe quaisquer cura que te possa ajudar logo na hora."

"Eu sei disso. Eu sei..."

"Ainda bem que sabes."

Ela é tão casmurra, sabem quem é que ela me faz lembrar? Tentem adivinhar, começa por J.

João

Aquele gajo e ela juntos ficavam lindamente perfeitos um para o outro, ambos tem a mesma mania de que amam as pessoas e depois deixam-se iludir pelas conversas dos mesmos. O que acontece se isto se suceder? Ficam magoados e eu é que tenho de os consolar, aconselhar e ajudar. É sempre a mesma coisa, qualquer dia começo a cobrar as ajudas amorosas; Eu que sou eu, nem namorado tenho e não me ando a iludir com qualquer um.

A  Clara voltou para casa e eu voltei para o meu quarto, para ver o meu riquíssimo filme de acção e comédia, juntos.

Oh, não! Lá vem ele outra vez.

"O que queria a beta?"

"Parecias um "dred" a falar."

"Era esse o objectivo. Mas o que queria?"

"Desabafar."

"Não tem mais amigos para isso?"

"João, sabes bem que ela só desabafa comigo."

"Hm! Certo. Mas mesmo assim, podia desabafar por mensagem em vez de vir cá constantemente."

"Queres falar sobre isso? É que eu posso dizer-te as vezes que os teus amigos, ou namoradas te vieram procurar cá a casa e eu nunca me queixei."

Um Natal de ComédiaWhere stories live. Discover now