Capitulo 2

160 37 36
                                    

    Departamento de Criminalística da Policia Civil (DCPC), Canadá.


Dois dias depois.

Roger analisou novamente a fotografia. Estava a tornar-se uma rotina. Tinha praticamente aquela imagem na mente, cada pormenor analisado lentamente.

Deu um gole no capuzzino. Estava sentado na cadeira vermelha e giratória do seu pequeno escritório. Quase não dormira nada nos últimos dias, e estava a consumir cada vez mais nicotina. Tinha olheiras muito pronunciadas debaixo dos olhos castanhos. O homicídio de Dianne fora tecnicamente arquivado, tal como Destinie, a irmã da falecida supusera. Aquele homicídio rondava-lhe na cabeça dia e noite. Agora já não era apenas uma questão de honor, ele fizera daquilo algo pessoal. Sentia aquele formigueiro por todo o corpo ao imaginar apanhar o assassino. Imagina-se na floresta a descobrir o caso e de repente o homem aparecia, era então o momento mais ansiado por ele. Ia prende-lo na neve e fazer-lhe o mesmo que ele fizera outrora às suas pobres vitimas.

Roger lembrava-se dos tempos antigos, onde a vida era dura e cruel, onde o frio entrava pelas casas e causava pneumonias, matando novos e velhos. A maior parte das pessoas não conseguiram recuperar da guerra, fosse pela morte de pais, filhos, irmãos, pela destruição das casas ou prados. Roger via naqueles tempos, mesmo ainda pequeno, que era daquilo que ele precisava. Proteger os mais fracos, os que menos têm e mais precisam.

Ouviu-se a porta abrir. Era o comandante. Roger ajeitou-se na cadeira, adquirindo um ar formal. Jordan trazia um copo de café na mão.

— Vai precisar. — Disse ele.

Roger agradeceu-lhe. Deu uma golada. Sabia-lhe amargo.

— Tenho uma viagem de negócios. Preciso de falar com o comandante da central da polícia civil do México, fui informado que o tráfico ilegal de droga para o nosso país está a aumentar.

— Quanto tempo ficará fora, senhor?

— Um par de dias, ainda sei. Depende do que a investigação durar. Já informei os outros da minha ausência.

Roger deu outra golada, desta vez mais habituado ao sabor amargo. Casey deu meia volta e saiu. Espero três minutos e levantou-se. Fechou a porta e tirou das calças uma chave, com a qual abriu a última gaveta do pequeno armário de madeira. Levantou o falso fundo e tirou de lá um dossiê. Sentou-se na cadeira e abriu a pasta acastanhada. Na primeira página estava uma fotografia quase idêntica à do seu telemóvel. A pálida face de Danne. Virou a página e começou a ler o documento roubado.

Declarado: Homicídio.

Nome: Danne Otha Brown.

Hora aproximada da morte: 2:00 a.m.

Local do homicídio: Floresta, Canadá.

Um pouco mais em baixo estava uma nota, numa caligrafia elegante e a tinta azul.

Observação: Ao analisar o corpo da falecida confirma-se que Danne Brown morreu devido à abundante perda de sangue, devido ao coração e dedos terem sido retirados.

Roger parou. Sentiu-se enjoado e prestes a vomitar. Mas visualizou o cadáver de Olivia, pálido e destroçado. Continuou a ler.

Não encontrei nenhum tipo de marcas de agressão ou violência no corpo da jovem. Porém havia algo curioso no local do crime. Havia três números desenhados na neve, a apenas um par de centímetros do corpo da vítima. 988.

E a nota acabava ali. Estava assinado por James Rovins.

Roger tinha as mãos a tremer, assim como todo o seu corpo. Aquilo só podia significar uma coisa: Danne Brown fora a vítima número 988.

988Onde histórias criam vida. Descubra agora