Capítulo 3

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Otávio narrando

Custava acreditar no que saia da boca de Analua. Não poderia estar acontecendo isso, é claro que eu sempre perguntava sobre o pai biológico do Benjamim e a mesma não me falava e evitava o máximo esse assunto, mas agora ouvir que o pai do Ben está aqui, em são Paulo, reivindicando seu direito de pai é um absurdo. Ninguém vai tirar o Ben de mim, o tenho como meu filho de sangue assim como a Maria.

Levanto-me da cama e viro de costas para Analua, estou com raiva dela. Uma raiva inexplicável, ela me escondeu isso há seis anos e agora me conta como se tudo estivesse normal. Olho para janela a minha frente e tenho a vontade de quebrar tudo.

-Otávio... Eu achei que ele não iria me ameaçar de novo, ele me deu dois dias para eu entrar em contato, mas não quis entrar em contato com ele... Achei que ele tinha esquecido e como ele poderia me achar em são Paulo, se mal conversamos naquele parque? –Ela diz com o rosto cheio de lágrimas.

-Você mentiu pra mim esses anos todos. Quando eu perguntava sobre o pai dele você não dizia NADA. VOCÊ NÃO DIZIA NADA, QUE PORRA ANALUA. –Grito com ela e a põe a mão na boca. –Oque ele te fez para você esconder essa gravidez dele? Diz logo ou vai continuar mentindo para mim? FALA PORRA. –Grito novamente e ela se assusta.

Grito sabendo que as crianças estão ao quarto ao lado, Analua e eu entramos em um acordo de não gritar e dizer palavrões aqui em casa, principalmente na presença dos três, mas é inevitável já que estou à beira de fazer uma loucura. A minha raiva maior também é por conta desse maldito homem que nunca esteve presente na vida do filho e agora quer bancar o pai do ano. Inacreditável isso.

-Eu menti para ele quando ele soube da gravidez, nós dois estávamos juntos, Otávio. A minha vida, por incrível que pareça, estava criando um rumo. Não queria que nada atrapalhasse e se eu dissesse a verdade, com certeza hoje não estaríamos juntos. –Ela diz limpando as lágrimas que caiam de seus olhos.

Passo as mãos nos cabelos e me aproximo dela, não sei se ela está dizendo a verdade ou a mentira para mim, já não consigo reconhecer a menina mal criada e nervosinha, e ao mesmo tempo doce e amorosa, que conheci há seis anos. Esta que está na minha frente é uma mulher egoísta, fria e calculista.

-Quem é você e oque fez com a minha mulher? –Perguntei. Ela tocou em meu peito e subiu com a sua mão para o meu rosto

-Continuo sendo a mesma, Otávio. –Ela diz passando sua mão na minha barba por fazer.

-Será que é? Porque eu não vejo mais a minha Analua e sim uma mulher egoísta, calculista... –Paro de falar e ela tira sua mão do meu rosto.

Analua se afasta abraçando os braços, seus olhos estava arregalados e a boca entre aberta, olho para o chão para evitar o contato visual.

-Então... é isso que você pensa de mim? –Indagou com a voz embargada.

-É oque você está mostrando a ser. –Digo e escuto a porta se abrindo.

Olho para a porta e vejo meu filho entrando, ele olha para mim e em seguida para Analua. Estava espantado, não seria diferente já que estava gritando e xingando. Ele se aproxima de Analua e a mesma limpa o rosto o mais rápido possível e abre um sorriso forçado.

-Você tá bem? –Ele perguntou para ela.

-Estou ótima meu querido. –Mentiu sentando na cama e chamando Tavinho para se sentar ao seu lado.

-Tá chorando por que eu disse aquelas coisas na hora do almoço? Vocês estão brigando por causa de mim? –Perguntou preocupado.

-Não querido, não é nada disso. É que... Caiu um cisco no meu olho por isso que meus olhos estão lagrimejando.

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