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O fim de semana passou voando. O meu domingo se resumiu a dormir e assistir série o que para mim foi maravilhoso. Mas infelizmente já era segunda-feira e eu tinha que ir trabalhar e provavelmente Nicolas iria estar bravo comigo por causa do jeito grosso que tratei ele.

Estava um trânsito enorme e eu acabei me atrasando. Quando cheguei em minha sala havia uma montanha de papel em minha mesa, o que significava que eu teria muito serviço o dia todo.

Fui até a sala de Sam para avisar que havia chegado como sempre fazia quando queria enrolar um pouco, mas a mesma não estava por lá, olhei em volta e sua bolsa não estava em nenhum canto. Isso significava que:

a) Sam estava atrasada.

Mas Sam nunca se atrasaria, em mais de 2 anos nunca vi ela se atrasar, pois sempre saía super adiantada para nunca correr o risco.

b) Sam faltou hoje.

Sam nunca faltaria sem me avisar, ela me ligaria, me mandaria uma mensagem, um fax, um carro de som, mas ela me avisaria.

c) Havia acontecido algo no caminho até a revista.

Eu preferia nem pensar que essa possibilidade existia.

Voltei para minha sala e peguei o primeiro papel da pilha quase chorando por saber que demoraria mais que o dia todo para acabar tudo.

Depois de algum tempo pego meu celular e vejo que são 15:00 horas eu dou um pulo. Trabalhei todas essas horas seguidas, perdi meu almoço e ainda não acabei. Penso em matar Sam, pois provavelmente todo esse trabalho teria sido dividido entre mim e ela.

Como já passou meu horário de almoço e eu o desperdicei trabalhando, saio de minha sala em busca de alguém que tenha pelo menos um biscoito porque se eu não comer nada vou acabar desmaiando aqui. Estou perambulando pelo corredor perdida em pensamentos e nos roncos de minha barriga quando esbarro em alguém e caio sentada no chão.

-Perdão senhorita. - Diz o homem estendendo a mão para me ajudar a sair do chão.

Ele é moreno. É alto, mas não de um modo exagerado. Tem olhos escuros como os meus e um sorriso de tirar o fôlego.

Aceito sua mão e me levanto do chão quase mortificada de vergonha.

-Foi culpa minha, desculpa. - Digo alisando minha saia.

-Desculpo a senhorita se a mesma ir tomar um café comigo. - Ele diz apontando para a jarra de café.

Finalmente alguém havia colocado uma jarra de café ali, agora eu não precisaria roubar café de outro andar quando o meu acabasse, a não ser que a jarra estivesse vazia.

Dou uma gargalhada de seu convite.

-Seu convite é um pouco descabido, mas vou ter que aceitar, pois estou morrendo de fome e até um café está valendo.

-Vamos então senhorita. - Ele enlaça seu braço no meu e me leva em direção a jarra de café.

Por mais que eu me sinta incomodada com o fato dele agir como se nos conhecêssemos a muito tempo, minha fome não me deixa dizer muita coisa.

-Alex! Para onde está indo com minha funcionária? - Ao escutar aquela voz nem preciso me virar para saber que se trata de Nicolas.

-Ela não é sua funcionária e sim da revista. E estamos indo ao outro lado do corredor tomar café, se é que isso lhe diz respeito. - Responde o homem que agora sei que se chama Alex.

-Como se a revista não fosse minha, mas tanto faz. Olivia, venha. - Ele diz sem me olhar, mas encara Alex.

Olho para Alex e ele só revira os olhos.

-Perdão senhor Houten, mas se o senhor não sabe eu não fiz meu horário de almoço hoje, inclusive por estar fazendo todo o trabalho que o senhor deixou em minha mesa, o qual ainda não terminei. Então acho que tenho direito de tomar um café e depois voltar e terminar o que me foi designado a fazer. Após eu acabar tudo o que o senhor deixou em minha mesa eu procuro o senhor. - Tento ser o mais formal que consigo para que não pareça um desaforo.

-Tome seu café e depois venha a minha sala. - Ele diz se virando e indo de volta para de onde veio.

Alex me olha e começa a rir, não um sorriso ou uma pequena risada, mas gargalhadas que são possíveis ouvir pelo prédio todo.

-Você sabe que ele é seu chefe né? - Ele diz por entre as risadas.

-Sim eu sei disso, vamos que eu quero meu café. - Digo indo em direção a jarra de café que está a uns dois passos.

Bebo o café, que não enche meu estômago, mas que pelo menos vai parar com os malditos roncos. Penso em não ir na sala de Nicolas, mas já estou por um fio de perder meu emprego então realmente sou obrigada.

Bato na aporta e espero ele dizer para mim entrar, mas não tenho resposta. Bato novamente e nada. Começo a bater freneticamente e de repente a porta se abre e lá está ele parado em minha frente.

-Desculpa, não havia ouvido. - Ele diz fazendo sinal para que eu entre.

-O que o senhor desejava falar comigo? - Vou direto ao assunto para não perder tempo.

-Samanta me pediu para avisar a senhorita de que ela estava passando mal hoje de manhã e foi para o hospital, mas que está bem e não é para a senhorita se preocupar.

-Mas o que houve? Ela está bem mesmo? Porque ela não me avisou?

Porque Sam havia avisado Nicolas? Porque ela não me mandou uma mensagem ou sei lá? E ela estava bem mesmo ou só disse isso para não me preocupar?

-Ela está bem sim, já está em casa. Ela disse que ligaria para a senhorita mais tarde.

-Tudo bem. - Digo tentando me acalmar e vou em direção a porta para voltar à minha sala.

-Olivia. - Nicolas diz e eu me viro.

-Sim? - Pergunto o encarando e ele olha no fundo dos meus olhos o que faz um arrepio percorrer minha coluna.

Os olhos de Nicolas estavam escuros que quase chegavam a um tom de verde que mais parecia na verdade preto. Ele olhava no fundo dos meus olhos como se procurasse algo por ali, e eu não me senti incomodada com isso, pelo contrário, eu me senti mais confortável em sua presença do que nunca. Eu não queria desviar o olhar e não queria que ele desviasse, queria que este momento não acabasse e não sabia o motivo disso. Neste momento não havia nada, só eu e Nicolas e eu não me importava com isso, pois era o que eu queria.

Depois do que se pareceram horas nos encarando sem dizer nada, apenas olhando um nos olhos do outro sem desviar, sem querer desfazer a bolha que nesse momento havia se criado em volta de nós, Nicolas resolve se manifestar.

-Nada, pode ir. - Diz com um sorriso amarelo.

E neste instante eu não quero ir, eu só quero ficar aqui na presença dele, mesmo que sem dizer nada, neste momento eu sinto como se aqui fosse o lugar em que eu preciso estar, sem mais nada, sem mais ninguém, apenas eu e Nicolas. Mas empurro esse sentimento o mais fundo possível e me retiro da sala de Nicolas.

Quando saio sinto falta, como se fosse saudade, como se quisesse ter ficado lá e nunca sair, como se a presença de Nicolas fosse algo que fazia total diferença. Então eu percebo, percebo que tudo o que Samanta disse era verdade, eu implicava com Nicolas, mas não tirava ele da cabeça, só sabia falar sobre ele a todo instante, ele era meu pensamento 24 horas por dia, mesmo que no subconsciente, meu coração acelerava quando o via, Samanta tinha razão, eu estava completamente apaixonada por Nicolas Houten.

E depois de tudo, ainda estou aqui.Where stories live. Discover now