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Juliana estava impressionada.

- Nossa... você teve sorte comparado aos outros e azar, eu acho... - deu sua opinião. - Mas como aconteceu seu envolvimento com ela?

- Estava num clube, eu a encontrei e a levei para o carro.

- Ah, entendi... - Juliana já sabia o que deveria ter acontecido. - Mas porque não pediu o divórcio?

- Ele me mataria...

- Ou arrancaria seu pênis – lembrou-a.

- Se ao menos ela se cansasse de mim e pedisse o divórcio... - murmurou ele.

- Mas aí poderia dar no mesmo, não?

- Seria um risco que teria que correr – respondeu indeciso.

- E se ele morresse?

- De morte natural eu duvido que morra. Pelo menos não até eu completar 70 anos... - ironizou ele.

- E se matasse ele?

- Quem seria o louco? Eu não. Ele é um cara odiado por muitos, mas nem seus inimigos tem peito para isso... - ele parou e perguntou confuso. - Porque estou contando isso para você?

- Talvez porque sinta necessidade em desabafar seus medos... foi o que eu fiz contando para você sobre os meus.

- Vai continuar insistindo com essa história?

- Mas é a verdade, Rober, Marcelo está planejando te chantagear.

- Você disse que ele estava se tratando numa clínica... - lembrou ele.

- Eu menti. Ele não é paciente, é um psicólogo e usa dos medos e segredos de seus pacientes para chantageá-los. Eu fui uma paciente dele... ele me curou, sabe, mas disse que só ele tinha a minha cura... mas não fiquei com ele por chantagem. Eu me apaixonei por ele, o amei do fundo da minha alma, e só aceitei essa vida com ele porque ele dizia que teríamos muito dinheiro, assim compraríamos uma casa grande e largaria a profissão e ficaríamos juntos por todo o tempo... - contou ela seus segredos.

Roberto arriscou a perguntar.

- Você tinha que doença?

- Eu tenho a síndrome do pânico. Mas já estou curada, isso é, controlada. Marcelo me ajudou a superar meus medos mentais e vi nele a única pessoa do mundo que podia confiar... como estava enganada... - ela suspirou. - Tenho medo de que tudo volte como era antes... - ela enxugou as lágrimas antes mesmo dela rolar no rosto, branco e tenso.

- Se você está mesmo dizendo a verdade... Porque está me contando isso, se podia agora se vingar de mim?

Juliana riu um pouco e confirmou, dizendo.

- No início era esse o objetivo... saber coisas sobre você, de seus medos para depois te ameaçar e arrancar de você o máximo que conseguíssemos. Mas eu percebi o quanto era igual a mim.

- Eu igual a você? - o estranhou.

- Tá, eu não sou uma chantagista igual a você e a Marcelo... mas você praticamente foi a vítima. Você se casou obrigado e viveu esses sete anos sob pressão. Eu entendo porque você se comporta assim, tão cruel às vezes, com Daniela ou comigo. Você tenta se aliviar dos seus medos, de suas fraquezas no modo mais fácil, que é humilhando as pessoas a sua volta. Mas você sabe que essa válvula de escape é momentânea... - ela se levantou e o abraçou carinhosamente, mas Roberto cedeu e estava abraçada com ela como um verdadeiro garotinho amedrontado a procura de proteção nos braços de uma mãe.

- V-Você está certa, absolutamente certa. E-Eu fui um covarde por esse sete anos... e descontei minha raiva e vingança nas pessoas boas e mais corajosas do que eu...

Juliana percebera naquele momento o quanto Roberto era humano e sensível. Ele chorava nos braços dela como uma criança. Ele limpou as lágrimas, sorrindo de vergonha.

- Devo ser mesmo um idiota... chorar não resolve nada, q-que tipo de homem eu sou...

Juliana segurou firme em suas mãos.

- Você é o tipo de homem que não se vê, mas o que se pode sentir... Você mostra o que você é no seu mais profundo íntimo. É bom chorar por fora às vezes... Oh, Rober, eu realmente... eu... - mas não conseguiu completar.

- Diga. - pediu ele.

Ela respondeu da forma mais simples e verdadeira e o beijou profundamente.


A chantagem do vizinhoजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें