Capítulo 6

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A dor terrível no meu estômago ainda insiste em incomodar. Abro meus olhos e vejo minha mãe sentada, está dormindo na poltrona que fica do lado esquerdo da minha cama, deve ser muito tarde. Quando olho no relógio da parede, vejo que são exatamente 02:45 da manhã.

"Dormiu muito, Pablo!"

Tento ficar sentado na cama, não consigo me levantar direito. Sinto tudo girar e me deito novamente. Só me lembro da Sandra e do meu irmão puxando minha orelha "literalmente", os dois diziam que tenho que me cuidar e que irão ficar de olho no horário dos meus remédios. Isso é o que dá ter um irmão mais velho e uma melhor amiga super protetores. Eu os adoro de qualquer forma.

Lanço meu olhar para a cadeira que fica bem do meu lado, vejo um terno cinza pendurado. A imagem do Kevin me vem à mente. Ele estava lindo e ao mesmo preocupado com minha saúde, aflito por achar que não aceitaria o seu convite de trabalhar em Chicago. O cara deixou tudo pago nesse hospital e me deu férias.

"Que alma boa!"

Ele tem sido um amigo sempre, e isso me faz ficar encantado. Platonicamente encantado. Fito mais uma vez minha mãe. Ela continua a dormir ou pelo menos está cochilando. Por mais confortável que seja essa poltrona, não a nada melhor que nossa cama na segurança de nossa casa.

— Eu queria estar na minha cama nesse momento — digo em voz alta.

— Pablo você está acordado? — levanta-se da cadeira.

— Desculpa mãe eu não queria te acordar.

— Não se preocupe meu amor. Já passei muitas noites em claro com você e seu irmão — ela torce o nariz.

— Muito espirituosa como sempre, hein dona Rita! — forço um sorriso, mas me dói até os pelos do sovaco.

"Vou colocar na sua testa uma fita de: Cuidado. Frágil."

— Também te amo muito meu filho — aperta minha mão.

— Quanto tempo eu dormi mãe?

— Acho que umas quatro horas desde que a Sandra e seu irmão saíram daqui.

— Eu tenho uma úlcera? Eu ouvi o médico comentar algo sobre isso, é verdade? —pergunto sem rodeios.

— Então meu filho — faz uma pausa. — Você tem, mas o médico disse que não é nada de grave, então fica tranquilo. — Ela fica passando o polegar nas costas da minha mão, adoro receber esse carinho.

— Vou tentar mãe.

— O Kevin esqueceu essa peça do terno dele, aqui em cima da cadeira — pega a peça de roupa e coloca no colo. — Esse rapaz tem sido muito gentil com você meu filho.

Ela respira fundo encosta-se na cadeira.

— Ele pagou todas as despesas médicas que tivemos com você, e ainda disse que todo adicional, se houver, também vai ser pago por ele. — As palavras que a minha mãe pronunciava, saíam com um toque de emoção todo especial que só as mães têm com seus filhos.

— Ele realmente tem sido legal mesmo — respiro fundo. — Mãe. Tenho uma coisa para te contar.

— O que foi dessa vez Pablo? — Fechando os olhos, ela pergunta baixinho.

— Eu recebi uma proposta do senhor Whitmore, de ir trabalhar em Chicago durante um ano.

Ela olha para mim, totalmente passiva e pensativa, acho que estava calculando mentalmente alguma coisa. Pensando talvez em dizer que não quer que eu vá para longe dela, isso me deixa mais, muito mais, aflito.

Manhã de Domingo (DEGUSTAÇÃO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora