O Começo Da Noite - (Volume 1)

Capítulo 8

-Camyli.
Alguém me chama. Viro-me para ver o rosto de Michael. Ele sorri pra mim e eu faço um esforço para não desmaiar ante aquele sorriso maravilhoso capaz de fazer qualquer garota suspirar.
- Podemos ir juntos para sala de aula?- Sorrio.
-É claro. Delly disse que vai se atrasar um pouquinho.
-Ah, claro… E o que é dessa vez?
- Sei lá ela não me disse.
Na verdade ela me disse sim, mas combinamos de não falar nada sobre nossa
"Perseguição" a ninguém, nem mesmo para o irmão dela.
- E ai você vai jogar no campeonato?
-Eu não sei jogar, provavelmente não. - Respondo.
-Ainda tem tempo para aprender a jogar, futebol não é difícil de jogar.
- Eu joguei uma vez e posso lhe garantir o resultado não foi muito bom.- Falo me lembrando do dia que fui jogar futebol com minha amiga e acabei quebrando a perna.
-Eu te ensino a jogar.
Olho surpresa pra ele, não consegui decifrar pela expressão do rosto dele se ele estava sendo gentil ou outra coisa, mas tudo que eu consegui pensar era que o rosto dele era o mais lindo do mundo. Eu não ia recusar qualquer momento que pudéssemos passar juntos.
- Tudo bem.
-Ótimo eu posso te ensinar quando acabar a aula ainda hoje, pode ser?
-Pode. – Falo toda feliz com a ideia de passarmos um tempo juntos.
 Eu não sei o que estava acontecendo comigo, mas depois que Michael saiu a
única coisa que pude pensar foi:
Eu vou ficar sozinha com Michael.
 Acho que eu estava ficando apaixonada por ele. Na verdade tenho certeza.
Eu nem sei como é essa história dentro do Conselho dos FAE, não sei se podemos nos apaixonar por humanos. Mentira. Não podemos nos apaixonar por humanos de jeito nenhum, caso contrário somos punidos deve ser a pior punição do mundo. Nem quero imaginar.
Mas se eu namorasse Michael o que ia acontecer comigo?
Resolvo deixar esse pensamento para depois nesse momento estou tão feliz que não quero acabar com minha própria alegria. Quer dizer minha alegria está preste a acabar porque a primeira aula é do professor Christian. Quando ele entra na sala a primeira coisa que fala é:
- Todos para a quadra.
-Ótimo é esse professor chato que vai nos treinar e cuidar de nós durante o treino, perfeitamente ótimo. - Resmungo para Delly quando saímos da sala de aula, fomos as últimas a sair.
-Há, não deve ser tão chato assim ele não deve ser tão duro quanto ao treino, nenhum professor vai querer o mal para o time em que ele dá aula.
- Talvez, mas não estou totalmente convencida... Deixa pra lá como foi a busca? – Pergunto ansiosa por ela ter descoberto algo.
-Absolutamente nada, na verdade foi um fracasso porque quando eu estava a uns sem metros de distancia ele disse que se continuasse a seguir ele eu vou ser expulsa da escola.
Meu queixo cai.
-Acho bom pararmos de perseguir ele Delly. - Falo temendo de ela entrar em alguma enrascada desde o inicio falo pra ela deixar de mão e ela insiste.
- Deixa disso eu vou ser mais cuidadosa, aliás, eu quero pegar ele dando uns amassos na namorada dele no corredor da escola, vai ser o máximo. – Disse Delly toda entusiasmada.
 Resmungo. Eu já estava esperando por essa resposta mesmo, não ia adiantar eu protestar então não continuo com o assunto.
Atravessamos o gramado o estacionamento da escola em silencio só ouvindo barulho que os alunos faziam. Michael se aproxima e fica do meu lado sinto o cheiro da sua colônia e quase fecho os olhos de prazer.
- Você vai jogar não vai? – Questiona.- Para jogar no campeonato tem que participar dos treinamentos, eu vou te ajudar, mas você precisa treinar.
- Mas que coisa é essa, quer dizer que você vai treinar a myli e nem me contou.
Michael revira os olhos provavelmente irritado.
- Deixa disso, e nem vem ficar olhando nós treinar, myli não gosta de pessoas olhando.
-Ah vai eu não vou ficar olhando vocês treinar tenho coisas mais importantes pra fazer.- Rebate Delly irritada.
- E o que você fica aprontado que sai e deixa myli sozinha?- Delly encara Michael com um olhar fulminante.
-Não é da sua conta, e myli sabe o que estou fazendo.
-É mas...- Eu já estava ficando cheia dessa discussão.
-Ei vocês dois querem parar de discutir eu estou aqui- Aponto para meu corpo, Delly ia falar algo, mas foi interrompida pelo professor Gelo.
- Acho que já sabem que eu sou o responsável pela turma de vocês.- Todos ao redor concordam. – Muito bem eu não sou professor de educação física... porém estarei treinando e orientando cada um de vocês, também estarei acompanhado-os durante o campeonato...
Christian ficava andando de um lado para outro eu não estava prestando
stenção nas palavras dele, mas sim na sua expressão assustadoramente fria, acho que nunca vi alguém tão frio quanto ele, só papai, também percebi que Catrine ficava olhando para ele com carinho... quer dizer ela é muito sexy para isso. Ela estava olhando para ele com uma paixão voraz e ele é claro lançava olhadelas de vez em quando. Achei aquilo muito nojento uma aluna namorar um professor por mais que ele seja gato é muito feio.
-... o time das meninas irá jogar conta o das meninas do outro colégio, o mesmo é para os meninos. Entendido?- Ele olha para o rosto de cada um de nós demorando um pouquinho no de Catrine.
- Muito bem agora comecem.
Todos os alunos começaram a correr ao redor da quadra, Michael e Delly ficaram o tempo todo ao meu lado, corremos umas meia hora,a maioria dos alunos se mostravam cansados e suados em menos tempo, exeto eu a garota gótica que é Havenna e Catrine o que é estranho para uma humana como ela.
Os meninos começaram a jogar primeiro, de vez em quando o professor gritava
ou dava instruções, observei eles o máximo possível para que eu pudesse pelo menos aprender algumas manobras, com um tempo foi pegando a coisa. O que tava me concentrando mais era ver Michel jogar, ele é muito bom em jogar as manobras dele era ótimas até agora ele tinha feito uns três gols cada um deles os meninos do time dava um abraço nele, notei também que Celina e a turma delas davam gritinhos e mandavam beijo para ele, isso me encheu de raiva eu com certeza tenho uma queda por Michael e estou morrendo de ciúme, me aliviei quando percebi que ele não dava muito atenção para elas, mas sim para mim...
Quando os olhos dele pousam no meu eu sinto uma onda de borboletas dentro do meu estomago ele sorri para mim. Um rubor percorre o meu rosto quando ele faz isso. Minha alegria é quebrada logo.
-Myli você percebeu que o professor está te olhando. - Delly sussurra para mim, meu rosto vai à direção dele.
É verdade.
Minhas mãos tremem quando meus olhos se encontram com os dele, ele me olha com o olhar vazio, um calafrio percorre por todo meu corpo, o pior é que eu não consigo tirar meus olhos dele é como se eles me hipnotizassem.
O que há de errado com esse professor? A resposta é: muita coisa. Sei que ele
está escondendo algo por trás daquele corpo ,sinto que é algo ruim. Mas eu vou descobrir o que é.
- Agora é a vez das garotas. - Grita Christian.
Sinto meu estomago embrulhar, eu não sei jogar futebol e não quero ser motivo de chacota na frente de todos por causa disso, estou prestes a desistir, mas Delly não deixa.
-Você não vai me deixar só não é mesmo?- Pergunta.
-Eu não sei jogar vou fazer o time perder.
-Não interessa você está aqui para aprender.- Tento buscar um meio de fugir disso mas eles falham quando Michael se aproxima de mim sem camisa e todo suado.
Sem querer- Querendo, olho os músculos de seu abdômen o suor caindo do
rosto dele e caindo de mansinho no peito, saio dos meus devaneios quando Delly toca de leve no meu braço. Estraga prazeres.
- E ai?- Ela pergunta.
-Não é tão ruim quanto você pensa- Incentiva Michael.
-Tudo bem. - Respondo mas me arrependendo depois.
Eu sou uma péssima jogadora, no meu time fica eu Delly e a garota gótica e mas algumas outras garotas da nossa sala que eu não conheço.
Eu realmente sou a pior jogadora do mundo, caí umas duas vezes saudada por um brado de risos vindo da arquibancada, sem falar que quando a bola vinha na minha direção ela passava por baixo das minhas pernas, foi ai que o coro de vozes na arquibancada me irritou.
-VAI PERNA DE PAU.- Uma monte de risadas.
-É ISSO AI MÚMIA.- Uma explosão de gargalhadas.
Fico fula da vida quando olho para o professor e vejo que ele não faz nada, o sangue do meu corpo todo sobe para minha cabeça. É ai que faço uma coisa inesperada...Idiota e insensata.
- Você – Aponto para o professor do gelo- Mas que merda, fiquei sabendo que está aqui para me ensinar e você fica ai que nem uma estatua , ganha salário pra que?
Silêncio.
O arrependimento que vem em seguida quase me tira o folego.
Olho para todos os rostos, que estão com boca abertas com minha atitude idiota. É ai que percebo meu erro, o medo toma conta de mim não por medo do professor, mas porque vou ser expulsa da escola e terei que dar um jeito de tirar Michael também, sem falar que papai vai ficar decepcionado.
Christian fica parado olhando com a cara mais assustadora que eu já vi
que me faz querer morrer, mas não fala nada. Olho mais uma vez para todos até mesmo para Michael que está surpreso comigo e deixo a quadra não correndo, mas quase. Ouço gritos do professor me chamando, mas não tô nem ai eu já vou ser expulsa mesmo.
Entro no meu quarto aos tropeços e caio na cama não chorando, mas bufando de raiva por ter sido tão tola.
À tarde Delly e Michael batem na minha porta para ir para sala de aula. Não abro, não ligo. A única coisa que penso é que vou ser expulsa e traço planos de como tirar Michael também eu preciso proteger ele e tenho que estar vinte e quatro horas do seu lado.
Fico a maioria do tempo arrumando minhas poucas coisas dentro da minha mochila na certeza cruel de que vou embora, quando alguém bate a porta, sinto uma onda de vertigem quando ouço a voz de Christian.
-Acho bom sair do quarto garota, ou tá com medo de ver minha face outra vez?
Isso me deixa mais uma vez irritada. Come ele ousa... mas mordo minha língua para não responder.E acabar fazendo outra burrice.
Não faça merda, não faça merda... Apenas abra a porta.
Falo para mim mesma.Abro, pensando que ele vai gritar ou pior me expulsar, mas não, ele está com o rosto perfeitamente calmo o que não é um bom sinal considerando minha situação.
-Me acompanhe. - fala com voz profunda e se vira para começar a andar.
-Será que não pode nem esperar calçar minha sandália.- Falo a voz falhando, ele para, sinto que irritei ele.
- Me acompanhe. - Ele ruge e todos alunos olha para nós a essa altura todos já sabem o que aprontei hoje mais cedo. Até eu me encolho e sigo ele sabendo que é meu fim. Descalça.
Durante todo o percurso até o pátio principal imagino a cara da diretora
quando o professor contar toda história para ela antes de me expulsar, fico imaginando que ele vai me levar para direção quando ele toma o rumo oposto e ai que fico com medo.
-Posso saber para onde está me levando professor? – Indago. Minha voz sai  tremula.
O ódio que eu sinto por sentir medo é tão grande que chego a pensar em morrer. Como posso ser tão fraca?
-Não me pergunte mais nada garota você já me irritou bastante hoje. - Ele não se vira par mim nenhum momento.
Sinto uma onda de pânico quando ele me leva para os fundos da escola, do lado de fora, ainda dentro dos limites da escola, seguimos andando por um lugar sinistro cheio de capim com meus pés desprotegidos machucando-se com os cascalhos do chão, ignoro a dor cortante. Quando paramos que olho para minha frente meu coração para.
 Merda. O medo toma conta de mim, a visão na minha frente me faz arrepiar.
 Isso é mesmo o que estou vendo?
Isso é um cemitério.