⚜ Capítulo 15 ⚜

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"A bondade pode estar onde você menos imagina".

Príncipe Lucas Williams,
A plebeia coroada.

Procuro por Dimitri no meio da guerra da rebelião de plebeus contra o rei Ferdinand Williams. Isto é um fato de Coralia. Desde o ano anterior há milhares de homens morrendo e mulheres com crianças perdendo seus esposos por causa de um rei que nunca deveria ter merecido as suas devoções ou afeto.

Olho para o lado e percebo um homem vindo em minha direção, meu coração acelera, eu levanto a minha espada e me preparo para lutar com ele. Lutar com alguém pela primeira vez sem ser em meus treinamentos. Mas ao invés de me atacar, ele passa por mim em direção a outro homem.

Fico surpreso com o que vejo. Ele acerta o homem atrás de mim que cai desmaiado no chão, morto. Ele era um homem da rebelião. Mas porque um homem da rebelião mataria seu companheiro de batalha para me proteger? Proteger seu inimigo?

- Você! - Grito, correndo atrás dele. - Por que impediu que seu companheiro me matasse pelas minhas costas, se eu sou o seu inimigo assim como o dele? - Quando alcanço ele seguro o seu braço, pressionando-o a dizer.

- Eu estou lutando para sobreviver. Todos sabemos que seu pai quer ver os plebeus mortos. Mas não só os plebeus de Coralia, não é verdade príncipe? Seu pai deseja muito mais que acabar com os seus súditos. - Ele sorri. Mas como ele sabia? Não havia mais ninguém na sala do trono real a não ser eu e meu pai. - A rebelião é só o começo da vingança armada contra o rei Ferdinand, o seu pai. As rebeliões só iram acabar quando seu pai estiver debaixo do chão. - Ele parecia ser de Morali, pela suas expressões e linguagem. Será que estaria ali homens de outro reino? Mas eu sempre pensei que os rebeldes fossem composto apenas por plebeus coralianos. Nunca poderia imaginar que os outros reinos estariam envolvidos na destruição do meu pai.

- O que você está querendo dizer com isso? Meu pai não quer ver ninguém morto. - Perguntei.

- Não seja mentiroso! Não minta para si mesmo. Você, mais que todos nós conhece o seu pai. Sabe o quanto ruim ele pode ser e quais são os seus planos. Que ele quer ser o único rei dos oitos reinos. - Fico surpreso. - Talvez só não saiba ainda que ele quer destruir você também. Além dos seus súditos e dos outros reinos. - Ele gargalha.

- Isso não pode ser verdade. Como você sabe de tudo isso? Vocês querem destruir apenas o meu pai ou também o meu reino? Querem me matar? Por que a rebelião começou? Me responda! - Vociferei.

- Você sempre foi o alvo para a morte certa. Mas nunca foi o nosso alvo, príncipe Lucas. Precisa tomar muito cuidado. Não confie em ninguém. Por que você acha que seu pai te mandou para guerra? - Perguntou.

- Para eu aprender a lutar de verdade. - Respondo.

- Não, príncipe! Ele queria te matar aqui! Seria uma forma de causar mais guerras. Agora, por sua morte. Foi por isso que aquele homem te atacou. Ele não era um dos nossos homens. Eu conheço todos da rebelião. - Dizia.

- Quem é você? Por que está me dizendo tudo isso? Isso não pode ser verdade. - Abaixo minha cabeça e fecho os olhos, querendo parar de ouvir tudo aquilo.

- Nós da rebelião não iremos machucar você. Nem o seu reino. Queremos destruir apenas o seu pai. Tem a minha palavra. - Eu vejo uma flecha sendo arremessada em nossa direção. Mas antes que eu pudesse gritar, a flecha atravessa o seu coração. - Você sempre foi o alvo de seu pai. Fique longe dele e encontre o seu... - Murmura, agonizando antes de fechar os olhos e morrer.

Eu me levanto do chão e o deixo ali, no meio de toda aquela matança. Caminho para frente sem direção, preso as palavras dele. "Você sempre foi o alvo. Você sempre foi o alvo de seu pai. De seu pai. Pai."

Revogo meus devaneios ao que realmente importava agora. Na guerra ao meu redor. Havia homens de coração bom ali e um deles deu a vida por mim. Um homem que eu nunca vi antes e que fazia parte do nosso alvo.

Era tanto ódio. Espadas e flechas ensanguentadas, homens sendo arremessados para longe, outros fugindo, fogo para todos os lados, catapultas gigantes, homens arremessando pedras e árvores grandes uns contra os outros e cavalos galopando descontroladamente. Era o fim da era de Coralia. Segui em frente tentando encontrar meu amigo. Dimitri era a pessoa que mais me importava agora naquele lugar.

Percebo outro homem vindo em minha direção gritando. Mas era o comandante Petrônio, o melhor guarda do meu pai.

- A vossa alteza deve sair daqui. Isso vai piorar ainda mais. - Gritava para mim no meio daquele barulho.

- Eu não vou a lugar nenhum! Meu pai me trouxe para cá e é aqui que eu ficarei! - Exclamei.

- Mas minha alteza. Isto está fora de cogitação. Não vou arriscar a sua vida por nada. - Ele coloca sua mão em meu ombro direito, sinto sua aflição.

- Dimitri. Onde ele está? Eu irei com ele. Irei com meu amigo de volta ao palácio. - Digo, procurando ele ao meu redor.

- Agora o que eu preciso é que o senhor saí daqui. Eu levarei o Dimitri ao seu encontro. - Disse.

- Tenho a sua palavra, comandante Petrônio? - Perguntei.

- Sim. Agora preciso que vá imediatamente. - Mal pude me pronunciar mais uma vez e já me vi rodeado por dúzias de guardas em questão de segundos.

Rapidamente estava sendo carregado até uma carruagem real. Os guardas me arremessaram para dentro e a carruagem começou a andar em alta velocidade. Um guarda ficou dentro da carruagem comigo. Atento a qualquer movimento meu. Fora da carruagem eu ouvia dezenas de cavalos galopando ao meu redor.

Se quer eu podia me mover, sem que o guarda não notasse. Aos poucos o barulho foi se transformando em silêncio, a correria em passos cansados, a raiva em dor e a alegria em sofrimento.

Em nenhum momento eu quis que isso começasse. Nunca quis uma guerra. Nunca quis presenciar todos aqueles mortos.
Como acabarei com a matança em Coralia? Como serei um rei para este reino?

O cansaço me toma rapidamente, os olhos vão se fechando, tornam-se pesados e eu apago.



Coroada a RainhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora