capítulo 3

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6. Nas almas dos pecadores reinam aqueles princípios diabólicos que os faria arder agora


mesmo no inferno, se não fosse a restrição imposta pôr Deus. Existe na própria natureza


carnal do homem uma potencialidade alicerçando os tormentos do inferno. Há aqueles


princípios corruptos que agem de maneira poderosa sobre eles, que os dominam


completamente, e que são sementes do fogo do inferno. Esses princípios são ativos e


poderosos, de natureza extremamente violenta, e se não fosse a mão restringidora do


Senhor sobre eles, seriam logo destruídos. Iriam arder em chamas da mesma forma que a


corrupção e a rebeldia fazem arder os corações das pessoas condenadas, gerando nelas os


mesmos tormentos. As almas dos ímpios são comparadas nas Escrituras com o mar agitado


Is. 57:20. Pôr enquanto Deus controla as iniquidade deles pelo Seu imenso poder, como faz


com as ondas enfurecidas do mar, dizendo: "Virão até aqui, mas não prosseguirão." Mas se


Deus retirasse deles Seu poder refreador, seriam todos tragados pôr elas. O pecado é a ruína


e a miséria da alma. Ele é destrutivo pela própria natureza. E se Deus o deixasse sem


controle, não seria preciso mais nada para tornar as almas humanas absolutamente


miseráveis. A corrupção no coração do homem é algo cheio de fúria incontrolável e sem


freio. Enquanto os pecadores viverem aqui, essa fúria será como fogo reprimido pelas


restrições divinas. Ao passo que, se fosse liberada, incendiaria o curso natural da vida. E


como o coração é um poço de pecado, este mesmo pecado iria imediatamente transformar a


alma num forno incandescente ou numa fornalha de fogo e enxofre, caso não fosse


restringido.


7. O fato de não haver sinais visíveis da morte pôr perto, não quer dizer que haja, pôr


um momento, sequer segurança para os ímpios. O fato do homem natural ter boa saúde,


de não prever que poderia deixar este mundo num minuto pôr um acidente, de não haver


perigo visível à sua volta, nada disso lhe serve de segurança. Contínuas e inúmeras


experiências humanas, em todas as épocas, nos mostram que não existem provas de que o


homem não esteja à beira da eternidade, ou de que seu próximo passo não venha a ser no


outro mundo. Os caminhos e meios, invisíveis e imprevistos, de chegar lá são incontáveis e


inconcebíveis. Os homens não convertidos caminham pôr cima das profundezas do


inferno, sobre uma superfície frágil onde existem várias áreas quebradiças, também


invisíveis, as quais não conseguirão agüentar o seu peso. As flechas da morte voam ao


meio-dia sem serem vistas. O olhar mais atento não pode distingui-las. Deus tem muitas


maneiras diferentes e misteriosas de tirar os homens pecadores do mundo e despachá-los


para o inferno. Não há nada que faça crer que o Senhor precise de ajuda de um milagre, ou


que necessite Se desviar do curso natural de Sua providência para destruir qualquer


pecador, a qualquer momento. Desde que todos os meios para fazer os ímpios deixarem


este mundo estão de tal forma nas mãos de Deus, tão absoluta e universalmente sujeitos ao


Seu poder e determinação, segue-se que a ida dos pecadores para o inferno a qualquer


momento, depende simplesmente da vontade de Deus -quer usando meios ou não.


8. O cuidado e a prudência dos homens naturais em preservar suas vidas, ou o cuidado de


terceiros em preservá-las, não lhes dá segurança pôr um momento sequer. A providência


divina e a experiência humana testificam isso. Existem evidências claras de que a sabedoria


dos homens não lhes é segurança contra a morte. Se não fosse assim, haveria uma diferença


entre a morte prematura e inesperada de homens sábios e prudentes, e dos demais. Mas o


que acontece realmente? "Como morre o homem sábio? Assim como um tolo." Ecles.2:16.


9. Todo o esforço e artimanha dos ímpios para escaparem do inferno não os livram do


mesmo, nem pôr um momento, pois continuam a rejeitar a Cristo, e portanto permanecem


ímpios. Quase todos os homens naturais que ouvem falar do inferno alimentam a ilusão de


que vão escapar dele. Quanto a sua própria segurança, confiam em si mesmos. Vangloriam-


se do que fizeram, do que estão fazendo e do que pretendem fazer. Cada um traça seu


próprio plano, pensa em como evitar a condenação, e se vangloria e que irá tramar tão bem


todas as coisas que seu esquema, com certeza, não falhará. Na verdade, eles ouvem dizer


que poucos se salvam, e que a maior parte dos homens que já morreram foram para o


inferno; mas cada um deles se imagina capaz de planejar melhor a própria fuga, do que os


outros puderam fazer. Dentro de si mesmos dizem que não pretendem ir para esse lugar de

Pecadores Nas Maos De Um Deus IradoOnde histórias criam vida. Descubra agora