(18) Décimo segundo dia de coma - Eu consegui!

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Senti meu corpo quente. Continuei deitado mas dessa vez estava consciente. Não conseguia mexer meu corpo. Ainda estava na floresta, no mesmo local. Acho que desmaiei não pela pancada que dei com o impulso das minhas pernas, mas pelo uso excessivo das aptidões. Passei quase uma noite completa usando sem parar. Olhei para frente e vi um (creio eu) cachorro enorme deitado do meu lado me envolvendo em seu corpo para me aquecer. Era como se fosse o seu filhote. No começo fiquei assustado e tentei sair daquela situação, mas ainda pelos efeitos colaterais não conseguia mexer um músculo.
Fiquei por uns 10 minutos daquela forma, totalmente imóvel até o cachorro, ou lobo ou sei lá oque era aquilo acorda.
Ele abriu o olho, se levantou e ficou parado me encarando sem expressar qualquer coisa. Os olhos eram negros e com uma frieza enorme. Em pé era maior do que pensei, acho que tinha uns 2,5 de largura e 1,65 de altura, maior que um cavalo. O pêlo era branco mesclado com um azul claro e a calda era quase maior que o próprio corpo.
- Não me coma! Faz uma semana que não como é não tomo banho, você vai ficar com diarréia. - Pensando agora, fazia realmente uma semana que não comia direito e não tomava banho, mas nem por isso eu fedia ou sentia fome.
- Puff... - Disse o super cachorro.
- Oque? Então que dizer que... Você comeu o Puff? CALMA AE PUFF, VOU TIRAR VOCÊ DA BARRIGA DELE. - Gritei enquanto tentava me mexer em vão.
- Puff Puff.
- Ou você é o Puff Puff?! - essa opção seria mais provável.
Ele se aproximou e lambeu o meu rosto e com aquilo foi como se eu tivesse sido tirado daquele "feitiço" que me deixava imóvel. Agora conseguia me mover.
- Você estar bem - disse sorrindo, mas não entendi oque estava acontecendo.
- Puff vai explicar para você. puff puff - ele se aproximou do meu rosto e colocou a (agora enorme) pata sobre meu ombro.
Minha visão começou a escurecer e no começo pensei que ele queria me machucar ou algo do tipo mas com o passar dos segundos meu corpo foi relaxando até ficar tudo totalmente escuro.
Quase que no mesmo instante que o breu apareceu, ele sumiu e com isso "acordei" em um lugar totalmente branco. Não sabia onde estava ou que tamanha tinha esse lugar. Poderia ter do tamanho de uma sala comum, ou até mesmo de um campo de futebol. Não arrisquei da um passo a frente, Si fiquei ali parado. Olhei para os lados, para frente, para trás, tudo parecia igual, era como se não houvesse nada, até o "solo" que eu estava parecia não estar lá (coisa louca).
- Hey James... Por aqui. - disse uma voz suave e doce(Mas masculina) vindo das minhas costas. Olhei rapidamente em encontro a voz e vi um banco, tipo aqueles bancos de praças, e no banco tinha uma garotinha que devia ter no máximo uns oito anos. Ela vestia um vestido muito simples marrom, sem estampa nem detalhes, tinha a pele clara, e o cabelo semelhante ao da Whit( escuro, liso e longo), estava descalça.
- Quem é você? - Perguntei mas sem me mover em direção a ela.
- Venha, sente aqui! - Disse ela apontando para o lado dela no Banco. - Lhe explicarei tudo. - Aquela voz era tão suspeita é ao mesmo tempo tão convincente. Não resisti a tentação e caminhei em direção ao banco, mas sempre calculando onde pisava. Na minha cabeça eu estava andando na beira de um precipício.
- Certo, agora me diga quem é você é onde estou! - Fiquei a uma distância que eu considerava segura de qualquer coisa que poderia vim daquela garota pequena, meiga, fofa e doce ( vai saber, eu estou em um lugar louco).
- Primeiro sente-se do meu lado, quero cantar para você.
- Que...? - Não resisti novamente e fiz oque ela pediu. Sentei ao seu lado e fiquei imóvel, admito que tava com medo. Engraçado, nunca fiquei com medo daquelas criaturas, mas essa garotinha...
Ela encostou a cabeça no meu ombro, abraçou meu braço e sem mais nem menos começou a cantar
- "Na ladeira velha eu vi minha casa. Era tudo tão bonito, era tudo brilhante, mas veio o caos e..." - Ela parou de cantar, oque me assustou, olhou para mim e disse - você sabe oque deve ser feito aqui, correto? - Largou meu braço, se afastou a uma distância que eu pode-se ver todo seu corpo, ficou em pé no banco - eu sou a Puff! E te salvei de um Tramanda que estava perdido do seu bando - Que? Hãn? Como? - Você deve estar meio que "oque? Como? Hãn?", mas vou lhe explicar. Nos estamos no meu subconsciente, na minha forma original eu não consigo me expressar corretamente, e na minha forma de batalha eu não consigo falar, a única forma de conversar de forma devida com alguém e assim. Eu sou a Puff, guardiã dos portões do Céu e agora sua namorada. - Fiquei extasiado não pelo oque ela acabará de falar, mas sim pela canção, tinha a impressão de já ter ouvido ela antes, ignorei esse fato por um momento.
- Você é a Puff e estamos no seu subcons... HEY PERA... Minha namorada? - Demorei um pouco pra raciocinar. - você é um cachorro gigante ou uma bola de pelos, não tem como ser minha namorada.
- Bem... Assim como no inferno tem seus guardiões para não deixar ninguém "sair", no céu tem os seus para não deixar ninguém "entrar". Eu fugi.
- Ta... Ok... Ok... Vamos conversa sobre isso de namorada depois - estranho, não sentia meu corpo, conseguia mover ele naturalmente, mas era como se não estivesse ali - qual foi a pergunta que você me fez mesmo?
- Você sabe porque está aqui? E oque deve ser feito?
- Hum... Acho que eu tenho que realizar minha profecia, acorda e futuramente ser um anjo?
- Quase isso, mas a coisa é bem mais detalhada. Seu tutor poderá lhe explicar, lhe dou essa permissão. Não consigo ficar muito tempo no meu subconsciente, vamos voltar para onde estávamos em alguns minutos, mas antes queria cantar para você... - Ela pulou no meu braço novamente abraçando ele é se aconchegando -
"Na ladeira velha eu vi minha casa. Era tudo tão bonito, era tudo brilhante, mas veio o caos e..." - e tudo foi ficando preto novamente, meus olhos ficando pelado e a visão embaçada. Finalmente fechei os olhos e quando abri estava na floresta de novo.
Aquele cachorro, que agora sabia, se tratava da Puff. La estava parado na minha frente. Ele( Ela ) se curvou diante a mim e fez um sinal com a cabeça.
- Oque? Não entendi
- Ela quer que o senhor suba em suas costas - disse o Tio como sempre me dando aquele susto básico.
- QUE DROGA TIO. Estamos aqui no escuro, floresta sinistra e você ainda vem com essas suas aparições repentinas. Onde estava?
- Resolvendo assuntos senhor. Enfim, se fosse você obedeceria ela é subiria em suas costas. Cães celestiais são uma das criaturas mais velozes de que existe, e você está atrasado para encontrar o grupo.
- Droga - odeio quando ele tem razão.
Andei até a Puff estendendo a mão vagarosamente em sua direção. Sabia que ela não faria nada de mal comigo, mas não tem problema se prevenir.
Encostei em sua testa, o pelo tão macio que até formigava minha mão. Fui passando a mão até chegar em seu pescoço e de um salto subi em suas costas. Ela olhou para mim e não precisou falar nada, aquele olhar significava "Se segura aí jovem".
- Melhor se segurar senhor - disse o Tio tomando uma xícara de café, encostado em uma árvore do nosso lado (não sei de onde ele tira essas xícaras).
Antes que eu respondesse precisamente o Tio senti um impulso tão forte para frente que saiu lágrimas do meu olho. O vento vindo ferozmente no meu rosto. Pensei que tinha caído um furação repentino em nossa frente, mas era a Puff correndo. A velocidade era tão impressionante que nem com aptidão dos Killers eu conseguiria ver alguma coisa detalhada. Tudo parecia borrado. Ela conseguia desviar de todos obstáculos como se a trilha já tivesse sido demarcada.
Não sabia que horas era naquele momento, o sol brotava levemente no horizonte dando uma pigmentação azul claro para o céu, e eu tinha que estar com meu grupo antes das seis (eu acho que era esse o horário que falou o Tio), e pela paisagem faltava pouco tempo.
- Co...mo voc...ê s...abe o camin...ho certo? - Não conseguia falar direito com todo aquele vento vindo como uma porrada em meu rosto. Ela olhou para mim por um segundo e continuou correndo na mesma direção com convicção. Não perguntei mais nada.
Já conseguia ver todo o Sol com aquela circunferência e força no canto do céu, foi aí que senti, iria falhar na primeira prova. Logo depois desse pensamento passar por minha cabeça a Puff "freio" bruscamente quase me jogando para frente. Não entendi oque se passava, ela me derrubou de suas costas com um pulinho e se transformou de uma forma engraçada naquela bolinha fofa da voz doce. Fiquei olhando ela se aproximar de mim enquanto ainda continuava caído no chão.
- Puff, passamos do seu gruoo. puff puff - disse ela voando e pousando da sua cabeça.
Olhei para trás e lá estava, Whit sentada em uma rocha comendo alguma fruta, Henry se coçando todo e o Taylor parado próximo a uma árvore braços cruzados e cabeça abaixada. Passamos tão rápidos por eles que acho que não me notaram, porque ainda não tinham lançado os olhares em minha direção. Me levantei vagarosamente todo dolorido e fui caminhando em direção ao grupo. Assim que cheguei a uma distância razoável Puff se assustou, encolheu( nem sabia que ela poderia fazer isso) e entrou na minha camisa. Levantei a mão e soltei um grito.
- HEY PESSOAL!!! - todos olharam simultaneamente para mim - VOLTEI...
- JAMES... - Gritou Whit correndo em minha direção. Não sei que sensação era aquela que senti ao ver Ela correndo com um sorriso em minha direção, só sei que meu coração acelerou e toda aquela dor foi ignorada.
Ela né abraçou e a dor voltou. Dor acumulada por fadiga, uso abusivo de aptidões e desgastado mental. Aquela abraço valia toda aquela dor. Olhei para frente e vi Henry correndo na minha direção tão, ele estava mancando mas não parecia mal. Whit me largou para que Henry também pode-se me dá um abraço.
- Cara que preocupação eu tive agora - disse ele logo depois de me solta dando um sorriso. - Pensei que você não ia conseguir. Você desapareceu repentinamente. - Na verdade eu não consegui acompanhar eles, mas não queria admitir isso.
- Foi um descuido meu - disse coçando a cabeça e dando uma risada para amenizar - aliás, que horas são agora?
- 05:55 horas James. - Disse Taylor se aproximando. Ele não disse nada além disso. Só mandou nos se reagrupar porque iria passar instruções.
- Calma, tenho que apresentar uma pessoa, cachorro, coisa ou Minha namorada para vocês! - Enfiei a mão por baixo da minha cabeça e peguei minha "Namorada" delicadamente na mão - essa é a Puff pessoal - e estendi a mão mostrando aquela bolinha de pelos minúscula.
- Oque você ta fazendo com um cão celestial??? - Disse Taylor saltando para trás - São criaturas místicas, não deveriam estar aqui!
- encontrei na floresta... Ela fugiu de sei lá onde, e não sei do meu lado.
- Ainda não acredito que estou vendo um cão celestial pela primeira vez... Temos que manda-lá de volta! - Assim que. Taylor terminou com essas as palavras, Puff voltou as pressas para minha camisa.
- Puff não vai pra lugar nenhum! puff puff , e se tentar me mandar Puff a força Puff ira te matar - Disse ela de dentro da minha roupa.
- Não precisamos fazer isso agora Taylor, primeira a missão, depois pensamos nisso. Uma criatura celestial deverá ajudá. - Complementou Whit, tive a impressão que ela só falou aquilo para me ajudar. Para ser sincero eu também não queria devolver Puff a sei lá quem.
- Pensando por esse lado a Senhorita tem razão. Pois bem... Voltando ao foto principalmente. Hoje voltaremos para terra. Não nessa terra, mas sim a terra que vocês conhecem.
Irei voltar para minha casa?!

Rua outro mundo - #Wattys2016Where stories live. Discover now