Um cheiro atrativo

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Após anos longe da sua cidade Natal, Derek finalmente havia retornado para Beacon Hills. Para nada mais nada menos que celebrar a união de sua irmã mais velha, com o seu amado.

Laura finalmente havia encontrado o amor de sua vida. E iria se casar com Jordan Parrish, o seu elo.

O que deixava uma pontinha de ciúmes e inveja em seu irmão mais novo... Ele sempre quis encontrar sua outra metade. A tão falada alma gêmea.  

Para um lobo aquilo significava muito. Encontrar seu elo era uma espécie de desejo íntimo de qualquer um. Uma promessa sonhadora. Era um complemento necessário.

Seus pais diziam – e sua irmã agora reafirmava – que ele saberia quando acontecesse. Que tudo mudaria. 

Derek já havia se apaixonado outras vezes, é claro. Paige, Nikolas, Jennifer eram alguns poucos exemplos, dos que duraram bem mais que poucos meses. Marcaram sua vida, tal como Kate Argent. Essa sem dúvidas lhe causava arrependimentos até os dias atuais.

A loira psicótica que quase queimou toda a sua família viva. Quase destruiu tudo o que ele mais amava e prezava em sua vida. Por sorte eles conseguiram sair da casa em chamas sem ferimentos graves - tirando seu tio que ficou alguns meses em coma.

Eram lembranças dolorosas. Que vez ou outra ainda o atormentavam. Apesar de ninguém culpa-lo.

E lá estava ele, no casamento. Lindo – como muitos diriam e dirão – naquele terno negro risca-giz. Perfeitamente alinhado em seu corpo, realçando seus músculos. Estava ao lado dos seus pais, que não sabiam em si de tanto felicidade. O sorriso dos Hales era uma marca registrado naquele evento, todos felizes por Laura.

Com certa emoção, Derek observava sua irmã mais velha entrar na bendita igreja. A mulher caminhava em direção ao altar lentamente. Esbanjando beleza e leveza. A usava uma típica roupa de noiva com direito a véu e tudo... Estava tão linda!

Para os lobisomens presentes, o nervosismo da mulher era quase palpável, tanto quanto o do seu noivo. Parrish esfregava suas mãos uma na outra a todo momento, em sinal claro de nervosismo. Mas o sorriso não abandonava seu rosto. Ele estava feliz, Laura estava feliz. E isso deixa Derek Hale feliz.

Derek suspirou com controlando sua emoção e puxou o ar, aspirando com força. Foi naquele momento que ele sentiu. Um cheiro estranho, diferente e incomum, unicamente único.

Era indiscutivelmente bom e apreciável ao seu olfato apurado. Quase que de uma forma desesperada – como se sua vida dependesse disso – Derek procurou a dona, ou o dono, por todo o salão. Varrendo a propriedade com seus olhos, até onde conseguia enxergar. Ainda assim não encontrou a origem. O que lhe deixou muito curioso e eufórico.

Como se o seu lobo ronronasse em seu peito, o criticando por falhar na busca e não se esforçar. Isso contribuiu para que o deixasse inquieto e mal prestasse atenção cerimônia.


•×•


Votos trocados. O beijo foi dado. Enfim Laura Hale estava casada... Derek poderia sentir a felicidade da mulher a quilômetros de distância dali. todas as pessoas foram convidadas a irem para o salão de festas – que estava bem cheio por sinal – o que deixava Derek desconfortável...

O moreno não gostava de ambientes fechados e principalmente muito cheio. Cheio de pessoas e a maioria desconhecidas para si. Outras ele apenas não se lembrava de quem eram, ou foram.

Ele estava entediado sentado em sua cadeira. Uma garota de belos cabelos loiros apareceu e sentou-se na sua frente. E tentou puxar assunto mas o moreno a ignorou completamente, pois não estava no clima, perdido em devaneios.

A loira – percebendo o desinteresse do moreno – retirou-se o mais rápido que pôde dali. Mas uma coisa chamou sua atenção. Era aquele cheiro de novo. Um misto de ervas silvestres. Maresia e... Algodão doce? Uma mistura estranha mas que parecia tão certa. E boa.

O fazia lembrar-se de sua infância... Quando sua família ia ao parque de diversão... E isso era bom... Muito bom. O lobo aspirou o ar mais uma vez tentando achar de onde vinha aquele cheiro tão apreciativo.

Procurou por todo o salão, vagueando de canto em canto, até se deparar com um grupo de amigos.

Sua irmã mais Cora estava sentada com ele. A fonte do inebriante aroma estava lá também. Um rapaz de pele alva e salpicada de pintinhas, cabelos castanhos escuros, lábios finos e um belo par de olhos cor de âmbar. Ele conversava animadamente com seus amigos. Um deles contou algo engraçado. Fazendo com que o rapaz soltasse uma bela gargalhada, gostosa de se ouvir.

Algo fez o lobo de Derek ronronar outra vez. O que era muito estranho para o Hale. Derek levou a mão ao peito, assustado. Sentindo ali o rimbombar afoito do seu coração.

Quando os olhos do jovem rapaz caíram sobre si. E o âmbar se encontrou com o esverdeado. Derek sentiu-se estranho, um turbilhão de sensações acertou-o em cheio. Sentiu seus olhos acenderem de forma involuntário, mudando de verde para um azul gélido. Algo que só acontecia durante as suas primeiras noites de Lua cheia, a tanto tempo atrás.

Aquilo deixou o pobre rapaz um pouco desconfortável... E corado. Um ato muito imprudente... Deixar seu lobo se mostrar assim. Afinal nem todos ali da festa conheciam o lado sobrenatural de Beacon Hills.

Ele recuou e se afastou o mais rápido possível.


•×•


Derek estava deitado na sua antiga cama. Que a sua mãe fez questão de arrumar com suas velhas colchas de cama e lençóis. O que deixou com aspecto bem infantil. Mas ele não se importava.

Ele acabou saindo da festa o mais rápido que pôde assim que os olhares do grupo de adolescentes caíram sobre si. Ainda ficou por um tempo, para ser sincero, tempo esse que usou para observar o entrosamento do rapaz com os seus amigos. Usando de uma distância segura.

Derek se perguntava como alguém conseguia falar tantas palavras em tão poucos segundos e tão rápido, sem se enrolar todo.

Ele se virava de um lado para outro na cama. Simplesmente não conseguia pregar os olhos... O cheiro, a risada, o rosto, olhos, as pintinhas. Resumindo: o rapaz não saía de sua cabeça.

“a qual é Derek... Um carinha da sua cidade? Sério? Desde quando? Qual o seu nome?” essas eram algumas das perguntas que não saíam da cabeça do lobo. E assim – com muito custo – conseguiu fechar os olhos e ter o seu tão merecido descanso.

Na manhã seguinte Derek recebeu a notícia – de sua irmã mais nova – de que Laura tinha viajado em plena madrugada. Supôs que a irmã havia ido para sua tão merecida lua de mel. O destino? Bom ele não escutou, sua cabeça estava em outro lugar. Murmurou um “ok” e se sentou a mesa.

Seus diálogos eram quase sempre assim. Monossilábicos. Tomou seu café e resolveu dar uma volta pela cidade. O Hale caminhava pensativo. Refletindo sobre como sua vida amorosa era tão fodida.

Foi em meio aos seus devaneios, por obra do destino, que sentiu o vento – que até então estava parado – balançar seus cabelos e a copa das árvores, causando a queda prematura de algumas folhas. Carregando consigo um cheiro deliciosamente adocicado e único.

Que naquele momento percebeu que reconheceria em qualquer lugar.

Procurou pelo seu dono disfarçadamente, farejando o aroma a todo momento. Até encontra-lo do outro lado da rua.

Mas algo estava errado. O castanho não estava sozinho. Um rapaz de queixo torto – que aparentava ter a mesma idade – o acompanhava.

O queixo torto estava abraçando o jovem de pintinhas. O outro rapaz era um lobisomem e seu cheiro nojento estava impregnando o rapaz dos olhos de âmbar.

E isso deixava o seu lobo enraivecido. Sentia que a qualquer momento correria até a dupla e arrancaria a garganta do outro lobo com os dentes. Derek optou por se afastar da dupla antes que seus instintos o dominassem.

Mas antes de se afastar o suficiente escutou o lobo de queixo torto murmurar:

“O que houve, Stiles?”

 Stiles... O estranho rapaz agora possuía um nome.

O Doce Aroma Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora