Regret {shortfic} • h.s

Capítulo 02

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Meu tio nos levou até uma floresta distante da cidade. Ficamos acampados ali, enquanto a loira se encontrava amarrada e inconsciente em uma árvore. Olhei para ela e a via vestida com um short rosa de pijama e uma regata solta em seu corpo. Mal ela sabia que ao colocar a roupa de dormir teria de vivenciar pesadelos ao invés de sonhos.

Quando a menina estava em nosso lado amarrada, tio Brandy andava de um lado para o outro, repetindo para si mesmo que aquele era o melhor plano que ele já tinha realizado, depois do roubo em uma loja de penhores quando era mais jovem.

Eu já estava farto de ser o peão que Tio Brandy comandava para assistência-lo em seus crimes. Porém, era o certo a se fazer, quando aquele cara tinha me alimentado, cuidado, no momento em que meus pais me abandonaram no berço de casa. Brandy me salvou de morrer de fome em um berço quebrado. Sou extremamente grato por ele ter feito isso por mim. São em alguns relapsos de memória como esses, que me fazem acreditar que meu tio não é uma pessoa tão má assim.

- O que está acontecendo? - Ouvi uma voz feminina manhosa falar. Sobressaltei no tronco de árvore, aonde eu estava sentado, e fixei minha atenção para a figura feminina ali na minha frente.

A garota apertava os olhos com muita força, provavelmente sentindo o efeito colateral do clorofórmio. Uma mexa de seu cabelo loiro escuro estava sobre o rosto, o que dificultava um pouco as coisas para ela. Meu tio deu um passo em sua direção e ficou a encarando com um sorriso frio, enquanto ela não abria os olhos.

- Estamos lhe trazendo para um jogo de  troca. - Ele disse.

Lentamente a menina começou a reconhecer tudo. Abriu os olhos e levou um susto ao ver o ex-jardineiro de sua casa bem na sua frente.

- Brandy?! O-o q- mas o que está acontecendo?! - Ela gritou.

- Deixa de ser ingênua, garota. - Meu tio revirou os olhos, e eu só estava lá, como um desgovernado, alternando o olhar de um para o outro, e esperando ansiosamente para não ser notado.

Foi somente eu pensar que a garota me encarou. Desviei o olhar dela e coloquei o meu capuz sobre a cabeça.

- Chega com a palhaçada, Brandy. Me tira daqui. - A garota falou, um pouco mais paciente dessa fez. Acho que ela não percebia o quão grave era a situação.

Meu tio avançou nela, no mesmo instante, ficando a dez centímetros de sua face. Seus movimentos foram rápidos quando ele sacou uma faca de seu bolso e encostou na garganta da loira.

- Presta atenção, eu vou falar somente uma vez. - Os olhos da menina arregalaram-se pedindo por socorro. - Você cala essa boca, segue conforme o plano, e todos saem felizes. Você com vida e eu com dinheiro. - Meu tio por fim falou. - Entendeu? - A menina não respondeu. - Entendeu?! - Ele gritou dessa vez, pressionando ainda mais a faca contra sua garganta.

- Sim. - Ela respondeu com certa dificuldade.

Meu tio foi se afastando lentamente dela e guardou a faca em sua cintura. A menina estava com a respiração agitada e eu fiquei até com medo dela ter um infarto ali mesmo.

-x-

Havia se passado dois dias, e eu estava um caco. Não aguentava mais permanecer ali e observar toda aquela tortura com a menina. A garota encontrava-se mais uma vez inconsciente e amarrada na árvore, por que, dessa vez, ela tentou fugir.