Capítulo 1

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As pessoas necessitam de uma razão para viver... quando não a acham, elas desistem.

Dia ruim como outro qualquer, eu diria que até pior do que sempre pois hoje completo 18 anos época de alegria para muitos jovens, mas de reflexões para mim, semana que vem terei que tomar uma decisão na qual só de pensar me dá uma angústia enorme. Eu sou órfão, vivi minha vida toda em abrigos sem amor e cuidados, somente pena e antipatia, com o passar do tempo isso foi mudando eu não suporto que tenham pena de mim, mesmo assim tenho que deixar meu orgulho de lado e suportar dona Bárbara a senhora dona do abrigo que moro.

O abrigo só aceita menores de idade, sendo assim terei que ir embora em uma semana pois eles dão exatamente 7 dias após a maior idade para os pobres infelizes se organizarem. Isso não vai adiantar muito para mim pois com a miséria que ganho ou terei algum lugar para morar ou terei comida. Nunca soube dos meus pais, pelo que as pessoas me relataram eu fui encontrada em meio as flores na praça da cidade com apenas 1 ano de idade, as vezes fico pensando que tipo de monstros abandonam um bebê na vida sem ao menos se importar se ele vai sobreviver?

Isso não importa mais, pois agora irei acabar com tudo, o relógio marca exatamente 00:00 noite, provavelmente a cidade inteira está dormindo. Eu havia pensado em como morrer várias vezes, porém nenhuma delas eu considerei realmente, agora eu considero, não vejo o que me aguarda no futuro, mas sei que não é bom e a morte é a única certeza que eu tenho na qual escolhi optar.

Fecho os olhos e respiro profundamente, essa será a ultima vez que sentirei o ar entrando em meus pulmões, olho para baixo e vejo a água do rio calma e serena, ele está prestes a receber um ser perturbado e infeliz... Estou em cima da ponte que liga a cidade em que moro a outro município já decidi o que fazer, quando uma pessoa me tira das minhas considerações finais.

_Mocinha? - O guarda disse.

_ Em? - Perguntei perdida.

_ Eu disse, o que você está fazendo aqui essa hora da noite, ainda por cima fora da barra de segurança da ponte? - Ele disse impaciente.

_ Eu estava olhando a paisagem. - Menti.

_Ah, não faça isso mais, saia daí agora vou te levar para casa.

_ Não precisa, conheço o caminho senhor. - Falei esperando que me deixasse em paz.

_ GAROTA, EU VOU TE LEVAR OU PREFERE PASSAR A NOITE NA DELEGACIA? - Ele estava a um passo de me fazer sair dali a força.

_ Tudo bem eu saio.

Droga esse homem tinha que estragar tudo! Me levantei e ia entrando para a área segura, quando que por um descuido eu cai, foram os 10 segundos mais demorados da minha vida até que o meu corpo se encontrou com a água e a sensação foi como se tivesse mergulhado em uma piscina de vidro que se quebrou no momento que eu me choquei e vários estilhaços penetraram em mim. Depois ficou pior afundei 1, 2, 3 metros, senti a água entrar em meus pulmões sem pedir permissão e ainda assim continuei afundando, era o fim... Então perdi a consciência e afundei mais um pouco.

***

Abri os olhos e logo me decepcionei eu não devia ter acordado esse era o motivo de me jogar da ponte, algo havia dado errado pois como eu sobrevivi a queda? pensei que já estava morta no momento em que cai, pelo visto até a morte me despreza.

Espera um momento esse hospital está confortável de mais para um hospital público, não é um hospital público com toda a certeza e põe certeza nisso, aquele policial não gastaria nem um centavo comigo pela antipatia adquirida de cara e não foi dona Bárbara pois ela não me deixa comer sem pagar imagina se iria me colocar em um hospital particular. Fico pensando aproximadamente 1 hora até que a uma enfermeira entra no quarto.

_ Hey - Chamei.

Ela me olhou e perguntou se eu precisava de algo, então eu perguntei como havia parado ali e ela me disse que um moço me trouxe para o hospital, pago tudo e saiu prometendo voltar assim que eu acordasse. Eu estranhei porém não estava em condições de reclamar, a enfermeira saiu do quarto e eu fiquei sozinha por horas, liguei a televisão e assisti várias coisas até que um homem desconhecido entrou no quarto.

_ Oi, quem é você? - Disse curiosa e sentando em cima da cama.

_ Me chamo Heitor, querida - Ele disse sentando no sofá do quarto.

_ Ah, foi você que pagou esse hospital? Geralmente as pessoas não são legais comigo.- Disse.

_Sim, fui eu. Dia difícil não? Você teve sorte qualquer um que caísse daquela altura deveria morrer na hora, agora só te restam 6 vidas. - Brincou.

Gostei dele, não o conhecia mas peguei simpatia no mesmo momento, ele é bonito, cabelos pretos bem cortados, corpo atraente e muito charmoso deve estar na casa dos 20 eu arriscaria dizer que ele tem uns 26 anos.

_ 23 anos na verdade.- Ele disse.

_ Que? - Perguntei espantada.

_Você perguntou a minha idade e eu respondi querida.- Disse ele com calma.

Concordei mesmo sabendo que não o tinha perguntado.

_ Como vim parar aqui?- Perguntei olhando para o teto.

_ Bem eu estava passando sobre a ponte no momento em que você caiu, o guarda tinha desistido de procurar você e mandaria reforços de manhã já que pela altura tinha certeza que você estava morta, porém eu me ofereci para te procurar e ele não negou saiu e me deixou sozinho lá. Eu te achei ainda com vida e te trouxe para o hospital, você não se machucou quanto deveria até os médicos alegaram que você devia estar morta.

_ Parece que até a morte me despreza.- Disse

_ Não fale assim, você é especial pois sobreviveu então não era a sua hora e agora você tem uma chance de recomeçar.- Ele disse consertando uma mecha de cabelo solta em meu rosto.

_Claro, vou recomeçar debaixo da ponte ou em um quitinete porém passando fome.- Revelei pensativa.

_Isso não vai acontecer querida, eu irei te ajudar, ok?

_Não confio em você, na verdade em ninguém se até meus pais me abandonaram imagina um estranho que acabei de conhecer. - Pensei alto, ele me olhou fundo nos olhos e então disse.

_Já volto, até mais tarde.- E saiu sem dizer mais nada.

E então eu fiquei lá cheia de dúvidas esperando um estranho que acabei de conhecer.

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Essa é Ísis

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Essa é Ísis

[PAUSA] Por Acaso Eu - Guerra de criaturasWhere stories live. Discover now