III. Feel it burning.

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"You caught me in the tide
And I caught you
Sheltered by the night
You saw me in new light
And I saw you
Sheltered by the night"

"Você me pegou na maré
E eu peguei você
Protegido pela noite
Você me viu em uma nova luz
E eu vi você
Protegido pela noite"

♦️

Na segunda vez que Harry pisou seus pés no bar do Lass, Louis não estava muito melhor que da primeira. Talvez um pouco menos insensível, visto que naquela noite ele pelo menos conseguia se manter em pé, mas isso não significava muita coisa, no fim das contas.

Ele estava ao lado do balcão, segurando rente aos lábios um copo da bebida mais forte do bar – cortesia da casa – e claro que ao longo da noite ele havia escorregado para o banheiro diversas vezes pra cheirar e fumar uma boa quantidade de coisas, mas não havia aplicado nada em suas veias. Porque as injetáveis eram mais caras, e porque em algum lugar da sua mente ele tentava não fazer isso todos os dias, ainda que para isso fosse necessária uma dose grande de autocontrole. E ele sabia que estava cedendo, o copo que segurava servindo quase como uma âncora que o impedia de sair daquele local para o beco algumas quadras pra baixo na mesma rua, a fim de conseguir um alívio verdadeiro.

E foi quando ele trocava de apoio entre um pé e outro, pronto para colocar o copo sobre o balcão e seguir seu rumo rua abaixo – porque o bar estava basicamente vazio e Lass não se importaria que ele não estivesse ali naquela espécie de vitrine invisível, como um produto em exposição – que Harry entrou pela porta com suas roupas sociais e cabelo jogado sobre os ombros, exalando sobriedade, cansaço e mais alguma coisa o fazia parecer tão inalcançável quanto era realmente. E claro que a mente de Louis ainda estava uma bagunça, então foram necessários cerca de 30 segundos encarando os movimentos do homem que agora tirava o terno e dobrava as mangas da camisa até os cotovelos para finalmente reconhece-lo.

Haviam se passado alguns dias desde o encontro dos dois no parque, e Louis estaria mentindo se dissesse que pensou nele novamente depois daquilo. A diferença é que agora ele sabia que aqueles olhos eram verdes, e também se lembrava que aqueles cachos cor de chocolate balançavam ao vento, e que os dedos de Harry eram frios e macios, então, se ele se esforçasse, ele poderia até imaginar como seria seu toque naquele momento.

Harry havia lançado um olhar rápido em sua direção, mas Louis não tinha certeza se ele havia de fato sido visto, porque não houve um cumprimento, ou aceno, nem nada do tipo. Ele apenas se sentou lá, bebendo doses generosas de uísque, e eventualmente olhando em sua direção e por algum motivo, Louis se sentiu ainda mais exposto que o normal, ainda mais ansioso.

A sensação era de que estava sendo engolido pelo cimento do piso sob seus pés, a fumaça de cigarro que pairava densa no ar, e pelas imagens que estavam sendo formadas em sua mente querendo que ele fizesse coisas como ir até lá e dizer um oi, ou ter alguma conversa estranha como a que eles tiveram no outro dia, mas seja o que for que estivesse acontecendo era angustiante pra caralho, então ele deslizou para o banheiro novamente, querendo sair de lá apenas quando já não tivesse certeza nem de seu próprio nome.

O banheiro era imundo, fedia a mijo, vômito e alguma outra coisa parecida com esgoto, e ele se sentia bem grato pela superfície do balcão da pia ser de pedra e lisa o suficiente para que as carreiras que ele alinhasse não deixassem sobras de pó presas em suas ranhuras. Porque ele já não era mais um cara com dinheiro sobrando, e ele meio que não queria desperdiçar, e também porque depois de algum tempo lá dentro suas mãos já tremiam um pouco, seu coração parecia querer sair pela boca, e ele deu alguma risada que ele não sabia para o que era, porque ele havia perdido a linha de raciocínio.

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⏰ Última atualização: Apr 05, 2016 ⏰

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