26- Ponto de Origem

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- O muay thai é uma arte marcial conhecida como a luta das oito armas, pois usa os cotovelos, joelhos, punhos, pés e canelas. Uma de suas principais características é a rapidez, e você é rápido. Vamos treinar um pouco disso hoje, vou te mostrar a base do muay thai e se tudo correr como eu espero, também alguns chutes. - Isaac explicou, com sua voz grossa e seu semblante indecifrável.

Depois de duas aulas sem aparecer, eu e Gabriela viemos hoje para o treino, sabe, ela conseguiu fazer aquele voo. Ela foi do teto ao chão em três segundos e vinte. Assim que bateu seu record, Gabriela não parava de sorrir, como quem dizia "eu consegui", fiquei orgulhoso dela. Já pra mim, estava tudo normal, aprendendo técnicas de luta e formas variadas de usar a espada e coisas do gênero.

E pense só, se as coisas entre mim e Isaac nunca foram boas, agora então estavam piores. Não que pra mim fizesse diferença, mas ter que aturar todo dia uma pessoa com essa cara, não era agradável. Não mesmo.

***

Passados um mês, nós já sabíamos mais coisas, eu conseguía executar diversos chutes e golpes - particularmente sinistros. E Gabriela podia alçar qualquer voo com maestria, e até estava aprendendo sobre combate corpo a corpo. Eu estava mais rápido, mais forte, e mais leve do que era.

- Não tem nada nessa geladeira, nem ketchup. - disse abrindo a mesma.

- Morando esse tempo todo sozinhos, a gente descobre que a geladeira não se enche sozinha, ou por milagre. - Gabriela explicou.

- Eu estava evitando o inevitável, mas ele não pode ser evitável. Senhorita Gabriela, inevitavelmente teremos que ir ao inevitável mercado.

Chegamos ao supermercado, verde e branco eram as cores predominantes e o mar de gente também compunha o cenário. Gabriela obviamente correu para a seção de doces, e eu fui comprar o realmente necessário, arroz, feijão, e coisas que não aumentaram suas chances de ter cáries em 300%.
Passamos por quase todos os corredores e no fim nosso carrinho estava cheio, em sua maior parte, de doces, biscoitos e chocolates.

Estávamos no caixa, passando as compras, e eu senti uma sensação de que alguém estava atrás de mim, hoje por diversas vezes, vi um vulto preto, olhei de relance, como se alguém vestido com essa cor estivesse perto.

Ignorei.

Gabriela pagou as compras e nos fomos colocá-las no carro. O estacionamento escuro no subsolo diminuiu meu campo de visão, contudo, eu pude de novo ver um vulto preto.
Não podia ser coincidência.

- Gabriela, fala baixo, mas eu acho que tem alguém seguindo a gente. - disse e girei os olhos para os lados para poder orientá-la da direção dos vultos. - nós vamos agir normalmente, vamos sair com o carro e depistá-los, e depois segui-los. Tudo bem? - ela assentiu com um aceno de cabeça e depois pegou as chaves e abriu a mala para por as sacolas, e eu fiz o mesmo.

Entramos no carro e demos início a pequena saga que estava por vir. Pus o cinto de segurança e virei a chave, já tinha tudo pronto na minha cabeça, sai do estacionamento e olhei pelo retrovisor um automóvel preto a mais ou menos des metros de distância. Segui até uma rodovia, não muito longe dali. Haviam veículos por todos os lados, mas não a ponto de ocasionar um congestionamento no trânsito.

Mil e uma coisas passavam pelo meu cérebro, quem poderia estar nos seguindo? Eu tinha uma ideia, mas não tinha uma certeza.

Na primeira oportunidade mudei de faixa na pista e me misturei entre os demais carros, fiquei em constante movimento, o carro preto já não mais nos via, ele estava desnorteado, mudando de lado sem precedentes ou pistas.

Alcancei o ponto que queria, agora ele era a presa.

Diminui a velocidade devagar, e com cuidado e cautela agora o carro preto estava sendo seguido. Ele entrou em uma saída da rodovia, e eu fui junto, ele parecia ter desistido da caçada. Mas a minha estava apenas no início.

Seja lá quem for que estivesse na direção do veículo preto, parecia estar retornando ao seu ponto de origem, era isso que eu queria, queria ver a origem.

Depois de vinte minutos dirigindo, chegamos a um local vazio, sem casas ou comércios, de não fosse pelo asfalto no chão, acreditaria estar no meio de um filme de faroeste.

- Daqui seguimos a pé. - disse Gabriela.

- Daqui seguimos a pé, - reforcei - está pronta? - ela assentiu.

Paramos mais de vinte metros antes do carro preto estacionar no meio fio. Andamos nos cantos das ruas, nos muros acinzentados. O sol escaldante deixava aquela missão mais difícil, e o horizonte avermelhado debilitava a visão.

Nossos pés nos guiaram até um casa, cor de madeira, três andares. Nos dirigimos a janela que dava de frente para a sala. Haviam duas poltronas de costas, uma televisão, e dois homens sentados de ternos pretos. Gabriela e eu ficamos abaixados, de modo que só nossos olhos ficavam expostos.

- O chefe não vai gostar de saber que ainda não encontramos a casa dos "profeciados" - o homem da direita falou a seu parceiro. O que, raios, seria "profeciados"? E porque, raios, eu estou falando "raios" igual a Gabriela?

- Também, com os babacas da CAL metidos dentro do governo. Até no sistema de vistos americanos eles estão agora. Ainda espero o dia que vou apagar um deles.

Minhas dúvidas foram confirmadas, e com certeza, aqueles eram anjos caídos. E com certeza, eles trabalhavam para Klaus Miller. E eu, com certeza, não estava feliz com isso.

Eu estava com medo, é claro. Mas também estava absurdamente ansioso para saber onde isso iria dar..

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Hello!

Tudo bem? Como é que tá do lado daí?

Gostaram do capítulo?

E como é que será que vai acabar essa história em? Vish.. Eu acho que vai dar porradaria, e você, o que cê tá esperando dessa cena?

Deixa sua opinião aí nos comentários ;)

Esse é o penúltimo capítulo do primeiro livro! Então fiquem de olhos bem abertos para as emoções que estão por vir!

Beijos 😗💠

<Da Terra para Marte. Câmbio desliga>

Entre Anjos & GuardiõesTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon