Capitulo 70

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Perdi a fome depois do que tia Flávia me disse, mas comi um pouco de macarronada pra não ficar de estômago vazio.
Voltamos ao hospital e eu permaneci lá, sentado ao lado da Catarina, até o horário de visitas acabar.
Eu não podia acreditar que a Flávia a levaria pra São Paulo, já era horrível o bastante vê-la daquele jeito, eu simplesmente enlouqueceria longe dela. Meu peito doía só de imaginar e minha cabeça, parecia que explodiria.
Ao sair do hospital, passei em uma conveniência e comprei um litro de whisky. Dirigi até meu apê e fui rumo ao banheiro, levando comigo o litro.
Tirei minhas roupas e entrei embaixo da ducha enquanto virava o mesmo de um só vez.
Aquilo descia por minha garganta, queimando meu peito e me causando um alívio momentâneo.
No final do banho eu já estava levemente bêbado.
Me enxuguei, coloquei a primeira cueca que achei na gaveta e me joguei na cama, pegando no sono no mesmo instante.
No dia seguinte, acordei um pouco tarde. Tomei um banho, escovei meus dentes e me vesti.
Na sala encontrei tia Flávia, assistindo documentários.

— Bom dia, tia. - falei indo á cozinha.

— Bom dia, filho. - respondeu em tom de preocupação.

— Ta tudo bem? - perguntei parando e me apoiando no batente da porta da cozinha.

— Eu pensei no que te disse ontem... e ví sua reação, ví o litro de whisky no banheiro, e logo imaginei o que você estaria sentindo.

— Não se preocupa comigo, eu vou ficar bem. - respondi e forcei um sorriso.

— Eu só não aguentaria te ver mal por minha causa.

— Tia. - falei me aproximando e a abraçando. — Eu tô legal, e a Cat vai ficar bem.

— Ta. - respondeu e limpou as lágrimas que até então eu não havia notado.

— A senhora já foi no hospital? - perguntei novamente indo a cozinha.

— Fui, e tava pensando da gente ir depois do almoço, eu ainda vou dar uma limpada na casa.

— Pode deixar, eu limpo.

— Não se preocupe com isso querido, eu preciso me ocupar. Vá se distrair com seus amigos, eu me viro aqui.

— Tudo bem.

Tomei café e fui a casa do Diego, como Flávia havia me sugerido. Chegando lá os país dele me encheram de perguntas sobre o estado da Cat, o que foi uma tortura. Depois ficamos conversando e eu acabei desabafando com ele. Contei tudo o que eu estava sentindo, até a respeito da Cat ir pra São Paulo, e Diego me aconselhou.

— Pô cara, não fica assim, você sabe que vai ser melhor pra Cat, tem que pensar na saúde dela, mesmo que ela for, não vai mudar o que vocês sentem um pelo outro. E se a distancia for o problema, vai atras dela.

— Você acha que eu devo?

— Acho que você deve fazer o que seu coração mandar.

— Verdade, brother. Valeu.
Almoçamos e então a Sisi apareceu por lá, pra irmos ao hospital.
Mas ela ficou um tempão conversando com a mãe do Diego. E nesse meio tempo Flávia me ligou.

— Oi, eu já estou indo.

— Não se preocupe Nico, eu vou na frente e a gente se encontra lá, tudo bem?

— Ta. - respondi e ela desligou.
Ficamos um tempinho esperando a Sisi e então finalmente ela se despediu da Marisa (mãe do Diego) e se juntou a nós.

— Mas é enrolona ein. - falei e ela me empurrou de leve.
Eles foram no carro da Sisi e eu fui no meu, assim nos encontramos no hospital.
Chegando lá o guarda deixou apenas um de nós subir, por que fora a acompanhante, já havia um rapaz lá.

— Quem? - perguntei ao guarda, que me olhou desconfiado, depois olhou em sua prancheta e endagou.

— Caio Alencar.
Na hora senti todo o sangue do meu corpo subir pra cabeça e fui tomado por ódio.

— Eu subo. - falei mas Sisi me segurou pelo braço.

— É melhor eu subir, você não quer ser expulso do hospital, não é? - perguntou e eu assenti.

— É melhor mesmo você ficar, se for pra brigar com ele, briga aqui fora. - concordou Diego.

— Ta, ta. - falei tentando me controlar.
Sisi subiu e eu e o Diego ficamos aguardando na sala de espera.
E alguns minutos depois ví aquele desgraçado.

— O que você pensa que veio fazer aqui? - levantei e fiquei frente a frente com ele.

— O que mais eu faria aqui? Vim ver a Cat. - respondeu em tom de deboche.

— Você não tem esse direito, não tem nem que pensar mais nela.

— Aceite, Nicolas, somos amigos.

— Não, não são, eu sei que não. E te proibo de voltar aqui.

— Você não tem poder sobre mim, e muito menos sobre esse hospital.

— Acredite, se você voltar aqui, não vai sair tão cedo. - respondi cerrando os punhos e ví brotar em seu rosto um sorriso desafiador.

— Veremos. - respondeu e saiu.
Respirei fundo e então Flávia apareceu na nossa frente.

— Por que deixou aquele cuzão entrar pra ver a Cat?

— Ele disse que era amigo dela. E que precisava saber como ela está.

— Ele não precisar saber mais nada sobre ela, ele a enganou e fez mal pra ela.

— Eu não... - começou mas eu a interrompi.

— Me desculpa, eu sinto muito. Aquele cara irrita.

— Tudo bem. Eu desci pra vocês subirem.
Assenti e Diego e eu subimos, abrimos a porta e encontramos a Sisi ao lado da Cat, a observando.

— Como foi lá embaixo? - perguntou Sisi.

— Tenso. - Diego respondeu e eu assenti.
Avancei em direção da Catarina e depositei um beijo em sua testa, ao lado do corte que já começava a cicatrizar.

— Será que ela nos ouve? - perguntou Diego se aproximando da cama.

— Eu não sei. Talvez. - respondeu Sisi.

— Se ouve, ela deve esta em guerra consigo mesma, tentando acordar. - falei quase como num sussurro.

— Ela vai vencer essa. - falou Sisi otimista, e sentou-se na beirada da cama.
Sentei ao seu lado e Diego sentou na outra ponta, ficando assim nós três a olhando de perto.

— Sabe por que eu sei que ela vai acordar? - perguntou Sisi dirigindo a palavra a mim, me fazendo a olhar.

— Por que vocês ainda tem muito que viver juntos. - completou e eu sorri em resposta.

Mais que amigos (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora