Capítulo 23

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O relógio marcava 16:30 hr. da tarde e eu sabia que a razão de não conseguir me concentrar no trabalho era a angústia que estava me remoendo por eu ter dito tudo aquilo ao Fernando. Nós íamos trabalhar a tarde toda juntos, porém ele mandou a Mary me pedir desculpas porque ele teve um problema na conta de um cliente e tinha que resolver com urgência, mas no fundo eu sabia que isso era só uma desculpa pra não me encontrar.

Saio da minha sala e paro diante da mesa da minha secretária:

- Mary, preciso falar com certa urgência com o Fernando e não gostaria que nos interrompessem, acredito que vá demorar um pouco. Pode segurar as ligações e interrupções do pessoal?

- Claro Loma, qualquer coisa se precisarem de alguma documentação você me liga que vou até lá. – Ela sorri pra mim. Já falei o quanto adoro essa disposição dela em me ajudar?

- Obrigado. – Digo isto e me viro em direção á sala do Fernando, a qual já vejo que está com os vidros escuros significa que ele não quer ver ninguém, já que mantém essa porta aberta o tempo inteiro.

- Ah Loma.. – Me viro de novo pra ver o que Mary quer me dizer e só ergo as sobrancelhas pra que ela continue. – te desejo sorte, ele está com humor péssimo.

- Cão que ladra não morde, pior que eu não deve ser. – Viro as costas e caminho até a sala dele. Entro sem bater e pressentindo minha chegada ele nem ergue o olhar dos papéis que está lendo.

- Tenho certeza que tia Eloíza te deu uma educação melhor que essa, na próxima vez bata na porta. – Ele diz frio. Droga, será pior do que imagino.

- Podemos conversar? – Digo ainda encostada a porta.

- Sem querer ser grosso contigo, pode ser outra hora? Tô com dor de cabeça e concentrado na campanha de um cliente, não gostaria de parar. – Ele diz tudo isso sem nem levantar o olhar pra mim e isso começa a me irritar.

- Dá pra ao menos olhar pra mim e deixar essa merda desses papéis por um minuto? – O tom que eu uso faz ele finalmente me encarar. Jesus como esse homem pode ser tão lindo assim? A camisa branca está dobrada até os cotovelos e o paletó está jogado no sofá, que fica em um canto da sala, o cabelo está bagunçado como se tivessem passado a mão várias vezes e pra completar ele usa uns óculos de leitura que o deixam mais sexy ainda.

- Ok, pode falar. – Ele larga os papéis na mesa e cruza os braços sobre o peito, deixando seus músculos em evidência.

- Vim pedir desculpas pelo meu comportamento de manhã. – Digo em um sussurro, ele parece não esperar essa atitude da minha parte. Eu olho em seus olhos esperando encontrar neles alguma esperança de que ele não tenha realmente desistido de nós. – Não quero abrir mão de nós, falei tudo aquilo remoendo meu medo de ser passada pra trás enquanto você estava tentando me ajudar com meu pai e sendo compreensivo comigo.

- Eu jamais passei por cima de ninguém pra chegar onde cheguei Paloma. Te respeito e admiro sua capacidade profissional e seu faro para os negócios, não nego isso. Eu ter um pouco mais de experiência não significa que vou "roubar" seu lugar – ele faz aspas com as mãos – Entrei aqui pra somar, afinal de contas tenho tanto interesse quanto você que a B&B prossiga, nossos pais trabalharam juntos porquê entre nós tem que ser diferente?

- Bandeira branca? – Estendo a mão pra ele.

- Claro. – Ele se levanta e vem até mim estendendo a mão.

Apertamos as mãos nos encarando olho no olho e aquilo bastou pra que uma corrente elétrica percorresse meu corpo. Eu não sabia que passo dar pra mostrar a ele que ainda o queria, o medo de ser rejeitada novamente me fazia não dar nenhum passo, mas eu sabia que o havia machucado com minhas palavras e precisava fazer algo a respeito.

Acasos do AmorWhere stories live. Discover now