Adolescente Em Crise

A Tarde

Estudar já foi mais fácil. Tipo na segunda série, eu só fazia pintar, comer, e correr pelo colégio. Hoje em dia ta foda. Me sinto à Escrava Isaura. E olha que eu não sou a melhor aluna, copio dever dos outros, mas mesmo assim eu canso de estar lá.

As vezes, os professores inventam de dar aula extra. Me diz, PRA QUÊ?! nós já não queremos as obrigatórias, por que iríamos querer uma extra???

E hoje foi esse dia, dia de ficar na escola até mais tarde.

Um calor de 40 graus insuportável. As meninas que vão cheia de maquiagem agora estavam estilo The Walking Dead.

Eu estava a muito tempo, tentando prestar atenção na aula, de verdade.
Mas só que aí apareceu uma formiguinha na parede, e ficou mais interessante que o assunto.

Fora que eu estava com uma fome de dois mendigos. Meu estômago parecia estar ouvindo Heavy Metal.

Ouvir a sirene da escola avisando que as aulas acabaram não tem preço. Aquele barulho irritante por uns instantes parecia música para os meus ouvidos. Naquele momento aquele som para mim significava: LIBERDADE.

Maju: Ufa! Até quem enfim.
Isy: Nem me fala! Mas e aquela foto? Menina vocês fazem um casal muito foda! Larga esse orgulho.
Maju: Eu tô tentando... Mas não é fácil. Você sabe que eu ainda tenho um pouco de receio...
Isy: Mas se você não tentar, nunca vai saber se vale a pena. Eu nunca ví o Pedro tão legal em toda a minha vida, faz isso por você, eu sei que tu gosta dele. E tu já ta cansada de saber que ele também gosta de ti.
Maju: É... Vou tentar mais uma vez. Espero não me decepcionar.
Isy: Ninguém morre de paixão amiga, e você não vai ser a primeira. Relaxa...
Maju: Aai ai... Ta bom. Beijo, até amanhã.
Isy: Até, amiga! - nos despedimos e eu fui saindo do colégio.

Quando já estou no portão, a um passo de sair daquele cárcere privado, mais conhecido como colégio, eu ouço o Pedro me gritar.

Pedro: Maju! - eu olho para trás.
Maju : Eu! - ele vem se aproximando.
Pedro: Você vai sair para algum lugar hoje?
Maju: Sim, inclusive neste momento, tô saindo do colégio para casa.
Pedro: Nossa, que engraçada. Já pensou em enviar um currículo para A Praça É Nossa? Tem talento.
Maju: Hahaha. Enfim, não vou sair hoje... Porquê?!
Pedro: Você pode ir passar a tarde lá em casa?!
Maju: Sua mãe ta lá?!
Pedro: Está sim. Porque?!
Maju: Se ela não estivesse eu não iria. O povo já fala quando os pais estão em casa, imagina dois adolescentes sozinhos?!
Pedro: Mas você vai mesmo?!
Maju: Ta... Eu vou.
Pedro: Valeu! Passo pra te buscar que horas?! Pode ser as 14h?
Maju: Pode sim. Até!
Pedro: Maju... - ele chega mais perto.
Maju: Aqui não... Aqui tem muita gente conhecida.
Pedro: Mas ninguém tá olhando.
Maju: Mas o universo não conspira a meu favor, sempre que eu... - ele me rouba um selinho.
Pedro: Melhor tática pra fazer você calar a boca, tagarelinha. - ele ri.
Maju: Idiota! Tchau.
Pedro: Até.

O motivo de eu não querer que ninguém veja eu e o Pedro juntos, antes de nós termos, sei lá, algo sério, é que quando você faz algo quieto geralmente da mais certo. Ninguém explana, ninguém coloca pilha errada. E geral sabe que eu não sou a pessoa mais sortuda do mundo, então, é melhor ficarmos quietos, que se for pra ser, vai ser.

Eu chego em casa, tiro a blusa e já me sinto livre!
Subo para tomar um banho, e dormir. Tenho uma hora até o Pedro chegar, vou colocar o despertador do celular, caso eu passe dos limites do sono, ele vai me acordar.

SÓ QUE NÃO!

Já percebeu que quando você precisa que o despertador toque, ele faz o contrário??? Ele não despertou! E agora faltam 10 minutos até o Pedro chegar e eu tô com a cara amassada, e com os cabelos para cima.