Capítulo VII

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O cheiro maravilhoso de molho chegou ao meu olfato assim que abri a porta da minha casa, naquela quinta feira. Enquanto pendurava o casaco e a bolsa, notei o quanto estava cansada pelo andamento daquela semana.

Tirei os sapatos, deixando-os no foyer para que eu os tirasse dali quando me sentisse menos cansada do que naquele momento. O dia fora longo, cheio de apresentações de apartamentos e negociações exigentes que haviam sugado todo o meu tempo e disposição.

Eu dera o meu máximo para evitar que meus pensamentos se desviassem de qualquer coisa que não fosse meu trabalho. As pesquisas sobre amor verdadeiro haviam dado lugar a especulações de mercado e altas do euro. As chaves do carro ficavam escondidas na última gaveta da minha mesa, evitando que eu as agarrasse e pudesse dirigir sem rumo novamente até chegar à Igreja de São Germano.

Os emails de Candice eram respondidos da forma mais simpática que eu conseguia, numa tentativa de fazer aquilo realmente dar certo. E eu teria tentado mais com Jared se ele pelo menos estivesse em casa. Durante os últimos dias, eu me deitava sozinha, caindo no sono enquanto assistia a alguma reprise na TV e acordava tão sozinha quanto, com bilhetes em post it coloridos lembrando o quanto meu noivo me amava, apesar de não nos vermos tanto quanto o normal.

Além do cheiro de molho, meus sentidos foram envolvidos pelo som de Leonel Richie soando na cozinha, acompanhado por um cantor menos talentoso, afinal, Jared não tinha o menor senso de ritmo, o que era adorável.

Ao passar pela sala de jantar, notei nossa melhor toalha e peças do jogo de jantar dispostas ao lado de velas que ainda não tinham sido acesas, dando um clima romântico que era encantador.

- Ei, Grace, você chegou!

Fui tomada nos braços por Jared que não perdeu tempo em beijar minha boca com avidez, como se não o fizesse há anos. E só então me dei conta de que os últimos dias foram atribulados a ponto de realmente fazer semanas que não nos beijávamos de maneira apropriada para noivos prestes a casar.

- Eu organizei um jantar para nós. - explicou ele, apontando com timidez para a mesa arrumada. - Queria dizer que estou cozinhando, mas você sabe que eu não sou bom nisso, por mais que tente. Então pedi algumas coisas numa rotisserie e estou aquecendo conforme eles me ensinaram.

Acariciei seu rosto, apreciando a delicadeza do seu gesto, tirando algumas mechas de cabelo de sua testa. Ele nem precisava explicar o que o havia levado a preparar tudo aquilo. O motivo era o mesmo para o seu beijo tão avassalador. Ele se sentia em dívida comigo por não ter podido estar em casa num horário conveniente. Jared era assim, costumava se desculpar por coisas que não eram, em absoluto, sua culpa. Tinha a maravilhosa mania de se antecipar às necessidades dos outros, em impedir que qualquer um pudesse se magoar com ele.

E essa característica, por si só, já deveria ser o bastante para me fazer amá-lo.

O empenho que ele tivera para arrumar a mesa, o fato de que, mesmo sendo péssimo até mesmo preparando macarrão instantâneo, ele estava aquecendo nosso jantar. Além disso, havia a forma como ele me encarava, reconhecendo o meu cansaço e ansioso por me distrair e cuidar de mim.

Jared sempre cuidara de mim. Durante a faculdade, quando minhas aulas iam até mais tarde ou minhas pesquisas na biblioteca tomavam grande parte da noite, ao sair, ele sempre estava diante do prédio onde eu estava, esperando para me levar até meu dormitório, cuidando de minha segurança. Nos dias frios, ele se certificava de levar luvas e um casaco extra em seu carro, com medo de que eu sentisse mais frio do que minhas próprias roupas suportariam.

Forgive My SinsWhere stories live. Discover now