Normalidades

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Nos dias seguintes as coisas foram...normais, quero dizer, ele agiu como um ser humano normal.

Klaus pode ser um assassino, um ser que vive em conflito com seus demônios, muito perigoso. Mas ele também é muito interessante.

A gente conversou sobre arte, livros, musica, sobre os lugares que ele já viveu. Tenho que admitir, é impossível ficar entediada com ele.

Nesse momento nós estávamos na varanda, ele parecia muito interessado em saber coisas sobre mim.

–Éramos eu, meus pais e minha irmã- falei sorrindo- se bem que meus primos viviam lá em casa, então sempre tinha alguém pra fazer bagunça.

Ele me observava, seu olhar sempre no meu rosto.

–Apesar de estar meio irritada com eles...-eu disse, ultimamente era fácil falar sobre tudo isso com ele.

–Você ainda os ama- ele disse, depois ele deu um sorriso irônico- família é assim, sempre e para sempre.

Do modo que ele falou, parecia que havia muito mais por trás das suas palavras.

–E a sua família?-disse, estava curiosa pra saber mais sobre ele- você tem irmãos?

Sua feição ficou séria, depois sarcástica.

–Olha, se você não quiser falar...-disse me arrependendo de ter perguntado.

–Éramos em sete no começo- ele disse olhando pra paisagem-dois morreram. Houve um tempo que eu me dava bem apenas com Rebeka e Elijah.

–E como eles são?-disse, observando algo diferente no seu olhar.

–Rebeka, buscava sua felicidade com ferocidade- ele disse sorrindo de lado- o nobre Elijah, sempre tentando consertar as pessoas, sua fé na minha salvação era...inabalável.

–E o que aconteceu?- disse tentando entender- por que você estar aqui agora?

–Minha filha, Hope, minha esperança- sua voz estava cheia de culpa- quando eu soube que ia ser pai, bem, surgiu uma possibilidade de salvar minha alma perdida, pelo menos foi no que Elijah acreditou. E eu acreditei nisso também.

Fiquei parada absorvendo suas palavras, nunca imaginei uma coisa dessas, Klaus sendo pai.

–Mas fui ambicioso, eu queria ser o rei, queria New Orleans e os vampiros sob o meu comando, e eu consegui. O problema é que eu tinha muitos inimigos.

Klaus parecia perdido em pensamentos dolorosos.

–As bruxas acreditavam que minha filha traria a morte de todas elas, então tentaram mata-la. Mas elas não eram fortes o suficiente contra mim, então Esther as ajudou.

–E o que aconteceu?-falei, torcendo para que não tenha acontecido o pior.

–Com a crença idiota que minha filha estava amaldiçoada, elas... eu não fui forte o suficiente, eu não consegui salva-la.

–Klaus isso é....- ele me interrompeu.

–Eu matei todos, tive minha vingança. Então minha esperança se perdeu, Elijah perdeu a fé em mim, e Rebeka foi atrás da sua felicidade.

Ele parecia bem perturbado, me aproximei dele e coloquei minha mão em seu ombro.

–Então você decidiu se afastar, se entregar aos seus demônios- disse, ele continuava parado- parece que você esta se punindo, dominado pela culpa.

–Eu dei motivos pra eles se afastarem - sua voz estava fria- e a culpa é merecida.

–Eu sei o quanto é doloroso perder alguém que você ama, decepcionar não só a todos mais a si mesmo - disse entrelaçando nossos dedos- mas em algum momento é preciso seguir em frente.

Ele deu um riso irônico, mantive meu olhar firme no seu.

–Você perdeu a fé em si mesmo-disse o encarando, ele ainda não tinha olhado pra mim- mas eu acredito que você é mais do que apenas um monstro temido por todos. Eu tenho esperança que sim.

Ele finalmente me olhou, senti sua mão apertar a minha.

–Você deve ser a única- ele disse, sua voz estava gentil.

Ficamos observando a floresta, e apesar de tudo, eu nunca tinha me sentido tão bem, tão...normal.

Coisas idiotas passaram pela minha cabeça.

–Se você vive eternamente- disse, pensando- você nunca pensou numa forma de...se matar?

Ele sorriu, me deixando aliviada. Eu não gostava de bancar a enxerida, mas minha curiosidade era demais.

–Existe apenas uma arma que pode me matar- ele disse meio indiferente- mas ela se perdeu há muito tempo.

Eu já tinha pensado em me matar. Na verdade, isso era um desejo obscuro meu, era o que eu esperava vindo aqui. Nunca imaginaria que eu acabaria atraída por ele.

–Então, o que você faz pra passar o tempo?- disse, depois que o clima ficou mais descontraído.

–Matar consume bastante parte do meu tempo- ele disse como se avaliasse as opções- eu gosto de pintar.

Tentei ignorar o sinal de alerta da minha consciência.

–Eu fico com a segunda opção-falei, puxando ele pro corredor- eu diria que eu sou praticamente uma Davinci.

–Estou ansioso pra ver isso- ele disse rindo.

Pintar não era muito o meu lance, deixei ele com os pinceis, e fiquei com um bloco de desenhos.

Nós estávamos em silêncio, mas era um silêncio agradável. Ficava mais fácil desenha-lo, quando ele estava na minha frente.

Talvez destino exista de verdade, afinal só destino me faria estar aqui, sorri com meus pensamentos.

Beauty and the MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora