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-Não... - Gemeu frustrada.  - Não quero não mãe.  - Balançou a cabeça negativamente enquanto a mãe revirava os olhos dentro do carro. - Não quero ir pra faculdade, não quero sair de Santee, mãe por favor... - Uniu as mãos para enfatizar a súplica - Nem sei o que pensei quando me inscrevi na faculdade e...

- Entra no carro ou eu passo por cima de você.  - O tom da mãe não saiu brincalhão mas ela sabia que não estava falando sério - E ao contrário do que pensa eu estou falando bem sério mocinha. 

Revirou os olhos e abriu a porta do carro.

-Não chore quando me encontrar morta no fim de semana que vem. - Resmungou batendo a porta com força.

- Não sabia que trabalhava com carros garota.  - A mãe disse ironicamente - Quebre a porta e vendo seu rin pra pagar outra.

-Ha-ha mãe, estou morrendo de rir. - Bufou mais alto feito uma criancinha - Eu vou me matar!

- Não me diga. - A mãe aumentou a velocidade - Você se mata mas antes me manda um aviso pra organizar as coisas do enterro bem direitinho ok?

- Mãe.  - Agora falou como uma garota de 19 anos - Não pode me obrigar a ir pra faculdade.

- Você quer ir Isabella , só está tendo seus ataques de pânico habituais.  - Deu de ombros - Quando se adaptar vai me agradeçer.

- Eu te odeio.

- Eu também te amo.

      
              ***

A mãe parou diante da porta.

- É aqui. - Olhou pra ela e notou a carranca de Isabella - Para com isso.

- A faculdade combina mais com você.  - Comentou revirando os olhos. Dizia a verdade,  a mãe tinha uma aparência jovem e facilmente se camuflaria entre aquele mar de adolescentes cheias de hormônios e maquiagem . - Não quero ficar aqui mãe. 

A mãe mordeu o lábio.
Pareçia exausta.
As duas saíram de Santee por volta das seis da manhã e chegaram a San Diego em pouco tempo.

- Você vai ficar.  - Sorriu fazendo-a sorrir também - Conseguiu a bolsa completa nessa faculdade, você tem que ficar.

Foi a vez de Isabella morder o lábio.

A mãe estava certa.
Ela devia ficar mas ainda não queria.  Pelo menos não tinha certeza.

- Pode ficar até o fim do dia mãe? - Pediu o mais angelical possível.

-Claro que não.  - Disse abrindo a porta e largou as malas de Isabella lá dentro - Tchau filha.

O queixo dela caiu.

- Não está falando sério está?!

- Estou.  - Ela a abraçou forte - Venho te ver na quarta feira.  Amo você.  Boa sorte. Não fique bêbada . Não engravide.  Use camisinha . Não se case em Las Vegas.

- Mas mãe...

- Adios - Ela já ia no meio do corredor - Você combina com a faculdade minha Bella - Soltou um patético beijinho pra ela no ar.

Bella entrou no quarto nada feliz e então relaxou de imediato.
A colega de quarto ainda não chegara.
Tudo no seu devido lugar.
Duas camas de solteiro dívidas por uma escrivaninha o suficiente para duas pessoas.

Um closet.  Um banheiro.  Ela quase entrou em combustão ao ver que não precisaria usar o banheiro compartilhado.

Fechou a porta e sentou sobre a mala.

Faculdade.
A gente sempre espera caras sem camisa ou garotas de biquíni, ou os dois mais sexo e drogas logo no primeiro dia.
O negócio é que quase ninguém havia chegado.
A zorra ainda iria começar e o pânico dela só aumentava mais.

Começou a arrumar suas roupas.
Todos os suéters , shorts jeans rasgados, saias , vestidos e sapatos.  Organizou tudo do lado direito do closet.
A colega não teria como reclamar, sobro um baita espaço.
Ela nunca foi do tipo garota acumuladora.
Se estivesse na rua e um estranho dissesse "Blusa legal " , ela poderia tira-la e dar para ele, só pra ser gentil. 

A porta do quarto foi escancarada então ela pode ouvir as vozes do lado de fora.
Vozes femininas.
Vozes descontroladas.
Berros e choros animados.

- Ah...Minha colega de quarto está aqui mãe.  - Bella então olhou para a garota parada na porta. Botas cheias de taxinhas , saia em neon , camiseta masculina e uns lenços amarrados nos pulsos.  Oh, uma cigana.  Pensou.  - Olá.

- Olá.  - Sorriu imaginando como seria a vida de cigana pela Califórnia.  A menina tinha um bronzeado muito legal e os cabelos do estilo das surfistas, crespo, como se nunca saisse do mar. - Me chamo Isabella Reynolds.  - Estendeu a mão e a garota apenas sorriu.

- Sou Camille Clifton. - Ela fechou a mão de Bella e deu um soquinho no punho fechado da garota - É assim que fazemos por aqui babe.

- Ah... Me desculpe.  - Murmurou corando.

- Olha só que linda.  - A mãe de Camille, supôs Bella pela semelhança perturbadora entrou no quarto com um mochilão. - Como se chama meu bem?- A mulher loira e bronzeada tanto quanto a filha deixou o mochilão sobre a cama vázia.

- Isabella Reynolds.

- Sou a Marlee Clifton.  - Sorriu colocando os cabelos atrás da orelha - Você não é da cidade é?  Não tem bronzeado, é branca feito leite.

- Sou de Santee.

- Não tem sol por lá? - Toda vez era assim . As pessoas não entendiam a pele aleiteada de Bella, algumas perguntavam até se ela possuía alguma doença genética .

- Tem . - Deu de ombros - Mas eu não saio muito.

- Ué mais porque? É tão linda, olha só pra ela Cami, ela é linda, pareçe uma bonequinha de porcelana com esse rostinho lindo. - A Marlee já alisava o rosto de Bella.

- Eu não gosto do sol. - Explicou - Prefiro o ar condicionado do meu quarto.

- Flores precisam de sol . - Abriu mais um grande sorriso amistoso - E se reçeber um pouquinho de sol irá ficar ainda mais pareçida com a Olivia Wilde.

- Mas eu não pareço nada com ela. - Estava ruborizando de novo. - E vocês? - Mudou de assunto sentando em sua cama e vendo que Camille tirava alguns objetos de decoração da mala - De onde são? 

- Moramos em Downtown.  - Marlee disse já se dirigindo a porta - Olha Bella você me verá muito por aqui mas agora preciso ir . Até mais lindas!

- Tchau mãe.  - Camille se despediu distraída.

- Até mais!- Acenei de leve. 

A porta se fechou e a Camille se jogou na cama.

- Você fuma?

Bella piscou várias vezes antes de reponder.

- Ah...Não, não.

- Saco. - A garota tirou um maço de cigarros do bolso - Mas nunca quis experimenta ou ... Cheirar, sei lá,  você não usa nada? Nenhuma erva?

- Não eu não uso nada disso. - Se sentiu uma completa extra terrestre ali.

- Bebe?

- Só refrigerante.

- É virgem, tem um cachorro chamado totó, ama literatura, espera estuda literatura?

Bella riu se deitando com a cabeça apoiada nos braços.

- De tudo o que acaba de dizer só acertou uma coisa.

-Que é virgem.

- Como sabe? - Sentou para vê-la e Camille encolheu os ombros.

- Você tem a maior cara de virgem e de quem escuta Taylor Swift.

Bella revirou os olhos.
Mais que figura.
O pior é que a Camille estava certa.
Ela não tinha mais o totó porque a mãe o atropelou acidentalmente semanas antes, ela não chorou,  afinal o totó era só o hamster e foi atropelado pelo aspirador de pó. 

Bell@ - A Garota do BlogOnde histórias criam vida. Descubra agora