Capítulo XXIII

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Lucca

   Maria dormia serenamente ao meu lado, nossa noite havia sido agitada, mas eu precisava me levantar, um novo cliente havia marcado uma reunião logo cedo. Tomei um rápido banho e antes de sair do quarto deixei um beijo em seus lábios, tomei um rápido café e parti logo para empresa.

   Alguns funcionários me cumprimentavam enquanto passava, Roberta havia mudado muito nesses três anos, ela havia finalmente se cansado de me perseguir e tinha embarcado em um novo relacionamento, e o que tudo indica ela irá se casar daqui dois meses, com uma modelo americana de lingeries, sim Roberta decidiu abrir seus horizontes, eu não tenho nada contra, contanto que ela esteja feliz.

   Me sentei em minha cadeira e liguei o computador, não demorou muito para os e-mails surgirem na tela, suspirei e comecei a responder todos. Eu era formado em direito, mas meu pai decidiu me colocar como vice-diretor, eu gostaria de montar a minha própria empresa, mas levaria muito tempo e muito dinheiro seria gasto, dinheiro não é problema mas serias muitos problemas para resolver e no momento a minha vida está uma bagunça.

   Meu telefone tocou e eu atendi, era a minha secretária avisando que a cliente havia chegado. Me levantei para cumprimenta-lá, mas quando a porta abriu tive uma surpresa.

—•—
Maria

Senti a cama vazia e suspirei, olhei para o lado e o relógio digital ja marcava 9h, me levantei e fui tomar um banho, tomei meu remédio e entrei em baixo do chuveiro.

Acabei depois de alguns minutos, deixei meu cabelo molhado mesmo e vesti uma roupa quente, Lilli estava sozinha na sala brincando de boneca, Matt havia ido para escola. Então ela ficou sozinha. Comi qualquer coisa me sentei ao seu lado.

-Toma mama.-Ela disse me entregando uma boneca de vestido verde.-Ela é a Tifanny, e essa é a Carly.-Ela disse apontando para a própria boneca.

-Ela é muito bonita, e o que ela vai ser?

-Ela vai dar aula, eu sou a professora e você a aluna.

-Ok, ela tem namorado?

-Ela não precisa de um namorado, ela tem um cachorro chamado Cachorro e ela prefere morar sozinha.

-Então tudo bem.

  Ficamos brincando por bastante tempo, até Lilli ficar com fome e acabamos indo almoçar. Matteo chegou logo depois e nós três comemos juntos, Lucca havia mandado uma mensagem, dizendo que estava muito ocupado.

  Eu e as crianças ficamos assisti filmes a tarde inteira, de noite eu ajudei Matt na lição de casa e coloquei os dois para dormir. Lucca também não havia jantado conosco, eu estava preocupada com ele.

  Decidi ficar na sala o esperando, porém o documentário que passava na tv era tão chato que acabei adormecendo.

—•—

    Senti meu corpo sendo erguido, e um perfume que eu conhecia tão bem chegou até mim, seu cheiro era tão bom. Me aconcheguei em seu colo e logo depois senti o colchão confortável da cama de Lucca. Após alguns segundos a cama afundou ao meu lado e Lucca me abraçou, bom, na verdade ele me agarrou, como se eu fosse sua tábua de salvação.

-Eu amo você, vou resolver tudo, eu juro.-Consegui ouvir, mesmo que tão baixo, e adormeci novamente em seus braços.

—•—

  Senti um impacto na minha barriga e acordei imediatamente, Lilli e Matteo pulavam em cima de nós.

-O que houve?

-Neve, mama! Neve! -Lilli gritou descendo da cama e olhando para a janela.

   Lucca abriu os olhos e riu, me levantei e olhei para a grande janela que havia em seu quarto, sim, nevava. O gramado que antes estava verde agora parecia um grande tapete branco.

-Os dois vão se trocar, vamos brincar no jardim. -Eu disse rindo da felicidade deles.

   Os dois saíram igual a dois foguetes do quarto, Lucca me abraçou por trás e beijou o meu ombro.

-Temos que levantar?-Ri e me virei.

-Por que demorou para chegar ontem?-O sorriso desapareceu de seu rosto.

-Problemas demais.

-Quer conversar sobre isso?

-Eu não gosto de trazer trabalho para casa.

-Tudo bem, vamos nos levantar.

  Tirei minha roupa e entrei em baixo do chuveiro, a água quente escorria pelo meu corpo, ouvi o som do box sendo aberto e Lucca me abraçou por trás, me virei e o encarei, seus olhos estavam escuros, ele pousou as mãos em minha cintura, nós tomamos banho tranquilamente, não havia aquela tensão sexual que sempre acabava com os dois suados, em cima do outro, era mais como...um carinho. Terminamos e eu sai do box e comecei a me enxugar.

-Ja disse que você é linda? -Me assustei com a sua pergunta repentina.

-Não. -Ele sorriu e saiu do box enrolando a sua toalha escura na cintura.

-Você é a mulher mais linda do mundo.-Ele disse sorrindo e me beijou, acariciei seu rosto e me afastei.

-Obrigada, agora vamos logo, as crianças estão esperando por nós.

Coloquei um roupão e fui para o meu quarto, vesti as minhas roupas "geladas", ri com a recordação, minha mãe chamava as roupas que eu usava para sair na neve de geladas, pois sempre que eu chegava em casa o tecido estava frio. Por alguns momentos me permiti lembrar da minha mãe, do seu sorriso doce, das suas broncas, do jeito que ela apertava a boca quando estava muito brava, minha mãe sempre foi o meu porto seguro, e quando ela se foi uma parte de mim se foi com ela também, mas quando Lilli chegou eu senti que tudo voltaria ao normal, e realmente voltou, por pouco tempo.

  Sai do meu quarto e desci as escadas, as crianças ja estavam desesperadas para ir lá fora, senti uma mão em minha cintura e logo Lucca apareceu todo agasalhado.

-Vamos?

-Sim!-Eles gritaram juntos.

   Abri a porta e o vento gelado nos saudou, os dois pequenos saíram correndo e se jogaram na neve, eu ri e me juntei a eles.

-Faz anjo de neve, mama!-Comecei a balançar meus braços e minhas pernas no chão, espalhando a neve.

Me levantei e observei o meu formato no chão. Senti um impacto gelado na cabeça e me virei, Matteo e Lucca riam da minha cara.

-Ah, não!

  Juntei um pouco de neve na mão e fiz uma bolinha, joguei em Lucca e sai correndo, começamos uma guerra de bolas de neve, quando percebi estavam todos deitados no chão gelado.

-Eu ganhei! -Matteo disse se levantando.

-Não! Fui eu!

-Parem vocês dois! -Eu disse.-Eu que ganhei!

  Me levantei e sai correndo, logo senti outras bolas de neve chegando.

-Ei! Eu fiz chocolate quente, alguém quer?-Ouvimos Patrícia e fomos para dentro de casa.

   Apesar do agasalho meu corpo estava gelado, o chocolate quente estava muito gostoso, me sentei no sofá e Lilli se sentou em meu colo. Lucca estava sentado no chão e parecia relaxado, mas quando seu telefone tocou sua expressão mudou completamente.

-Eu tenho que ir para empresa, talvez demore.

-Você vai vir para almoçar?

-Não.

-Tudo bem.

  Ele subiu para se vestir e depois foi embora, abracei Lilli em meu colo e chamei Matteo para mais perto de mim. Eu estava sentindo que havia algo errado.

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