Capítulo 2
Após tomar um banho quentinho, eu desço para comer algo. Entro na cozinha observando a dona Marta ao lado de uma moça que está toda concentrada nas panelas. Ela escuta o barulho da cadeira ser arrastada e dá um pulo, virando e colocando uma das mãos no peito.
— Santíssimo! Quer me matar do coração, Srta. Collins?
— Sinto muito — digo, dando um sorriso sem graça.
Mas até que foi engraçado.
— Tudo bem, já passou o susto. Aproveito para te apresentar a nossa cozinheira. Esta é Izabel.
— Olá — cumprimento-a.
— Olá, Srta. Collins. Seja bem-vinda.
— Obrigada.
— Agora vou preciso colocar o jantar.
Marta retorna aos pratos que estava separando sobre a mesa de granito.
— Precisa de ajuda, dona Marta? —Eu me levanto receptiva.
— Não precisa, querida. Seu pai pediu para você comparecer no seu escritório. Fiquei de te avisar.
— Está bem, com licença!
Eu saio educada, a caminho da porta que ele puxou há pouco tempo. Ao entrar, analiso mais duas portas no espaço. E agora, qual abro? Decido entrar na primeira e acerto o escritório.
— Fernando, eu vou resolver isso para você, não se preocupe! — Parece que ele fala nervoso com alguém no telefone. Percebendo a minha presença no ambiente, resolve encerrar a ligação. — Agora eu vou precisar desligar... Sim... Amanhã venha na empresa e conversamos melhor... Boa Noite.
Ele desliga.
— Estava a muito tempo esperando, filha? — Papai indaga, direcionando-se a mim, após colocar o aparelho na mesa.
— Não, acabei de chegar. Marta informou que o senhor gostaria de falar comigo.
— Sim, sente-se — aponta para a cadeira azul.
Eu me sento.
— Vamos direto ao assunto. Eu só queria e precisava te avisar da minha pequena ajuda no início da sua confecção. E não diga que não precisa, pois eu sei que você é teimosa igual a sua mãe.
— Ei, eu não sou teimosa. Somente quero conquistar as coisas pelo meu próprio esforço. Sabe muito bem disso, pai.
— Eu sei. E me orgulho muito — sorri. — Se permitir, filha, amanhã cedo eu adoraria te mostrar um lugar importante. Talvez vá até concordar.
— Que lugar? — indago-o curiosa, com uma das sobrancelhas arqueadas.
— O da sua confecção, porém, sem muitas perguntas. Prefiro não entrar em detalhes, "no momento" — enfatiza, não me permitindo questioná-lo. — Mas agora vamos nos abrir, conte-me tudo o que aconteceu nesses últimos meses que estive viajando para a Itália.
Numa conversa divertida, eu, então, mato a maior curiosidade do Sr. Augusto especulador, em saber sobre o meu ex-namorado – também o meu primeiro relacionamento odioso.
Na manhã seguinte, no maior frenesi, ele me leva para conhecer o tal local que ele arrumou para montar a minha confecção. E está sendo muito difícil concordar com tudo isso. Nunca me aproveitei do seu dinheiro, pelo contrário, eu sempre conquistei as coisas por mérito próprio. A faculdade mesmo eu fiz sozinha. E com muito orgulho de dizer: sem um tostão sequer dos outros. Sou formada em design de moda há pouco tempo e meu grande sonho sempre foi montar uma confecção importante de roupas nacionais.
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Romance+18 | Clara Collins é uma mulher recém-formada em design de moda. Ela saiu da casa da mãe em Curitiba, para, com a ajuda do pai, um advogado renomado, realizar o seu grande sonho no Rio de Janeiro, de fundar a sua empresa de confecção de roupas. Por...