20. Et tu, Brute?

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A sala mergulhou em silêncio, como se todos os presentes estivessem enredados em um momento de suspense. Os olhares permaneciam fixos no Korvettenkapitän Schmidt, como se aguardassem alguma revelação crucial. Hans, visivelmente preocupado, desviou seu olhar para um canto, soltando um gemido audível apenas para si.

Enquanto o silêncio pairava no ar, o som dos galhos secos do lado de fora da janela parecia compor uma sinfonia misteriosa, como se os ramos arranhassem as velhas vidraças coloridas de propósito, adicionando um toque de suspense ao ambiente.

— Acabei de receber uma notícia urgente da base de Hamburgo — anunciou Hanke.

O Korvettenkapitän ergueu seu olhar em direção aos demais, seus olhos transbordando preocupação. Os oficiais presentes eram Hans e Bastian Wendelstein, o segundo-tenente da base e sobrinho-neto do destemido sargento John Wilfried. A atmosfera estava impregnada de antecipação e mistério, despertando a curiosidade de todos ali presentes.

— É sobre as investigações realizadas pelos homens de Heydrich. Eles fizeram buscas nos suspeitos e encontraram alguns papéis e objetos pessoais que podem incriminar alguns oficiais de nossa base — ele fez uma pausa e limpou a garganta, evidenciando seu nervosismo.

Bastian interrompeu com um pigarro, mas antes que alguém pudesse dizer algo, então tomou a palavra.

— Vá direto ao ponto, Korvettenkapitän Schmidt — pediu Bastian, um pouco nervoso com toda aquela situação.

Hans lançou um olhar impaciente para o colega da base, ansioso por alguma ação.

— Seu nome foi citado, Bastian — Schmidt respondeu prontamente, com os olhos fixos no oficial à sua frente.

— Meu nome? Não pode ser. Dediquei toda a minha vida a esse Reich e estão querendo minha cabeça? Exijo saber quem está me acusando — bradou o oficial, totalmente desconcertado.

— Não posso revelar essa informação. São ordens restritas. Nem mesmo esta reunião deveria estar acontecendo. A ordem que recebi foi prender você imediatamente e enviá-lo para Berlim o mais rápido possível — respondeu Schmidt, mantendo seus olhos fixos em Bastian.

— Isso é absurdo. É óbvio que você pode me dizer quem está me acusando. Mas que bobagem é essa agora? Sou sobrinho do sargento Wilfried, e você sabe que vou descobrir, mais cedo ou mais tarde, quem é o responsável por isso — retrucou Bastian, inclinando-se sobre a mesa, com os punhos cerrados e olhar penetrante direcionado ao superior.

Schmidt balançou a cabeça com serenidade, consciente de que a responsabilidade pela base de Horb pesava sobre seus ombros. Ele tinha plena consciência de que um único erro poderia colocar sua própria vida em risco.

Enquanto isso, Hans se afastou da parede e caminhou lentamente em direção a Bastian, colocando a mão firmemente sobre o ombro de seu colega. Bastian, embora relutante, não conseguia resistir ao desafio implícito em seu superior. Sua postura tensa e os olhos faiscando de determinação demonstravam que ele não estava disposto a recuar facilmente.

— Não me diga que agora está contra mim, Hanke? — Bastian disse, cerrando os dentes como um animal ferido. — Eu te conheço o suficiente para saber que você é uma víbora prestes a atacar qualquer um que cruze seu caminho. E eu sei coisas sobre você que ninguém mais nessa maldita base sabe.

— Pare, Bastian — repreendeu Hans, apertando o ombro do colega, que decidiu desvencilhar-se da mão firme de Hans. — Se eu cair, o levarei comigo. Não me force a abrir a boca ou levarei pelo menos meia dúzia comigo, meu caro.

Pássaros no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora