•Infected || Carl Grimes•

Dez - Too Far Gone

Minha mãe sempre disse que tudo tem seu lado bom. Tudo mesmo, até as piores coisas, aquelas em que nós não conseguimos nem imaginar como possa nos fazer bem. Como a morte.
Já tentei imaginar a morte inúmeras vezes como algo que me favoreça, mas não consigo. Por isso, prefiro ver ela de outra forma, não como a morte em si onde todo o seu sistema nervoso para de funcionar e você entra em um profundo sono e não acorda nunca mais. Prefiro vê-la como um despedida, onde você vai para um lugar desconhecido e gosta tanto de ficar lá, que acaba não voltando.
Algumas pessoas tem a sorte de se despedir de quem ama, outras nem tanto, apenas recebem a notícia e quando percebem, já é tarde de mais para se desculpar ou se declarar. Comigo, foi assim na maioria das vezes.

Maggie ficou um tempão me falando sobre a causa da morte morte de Dylan e dizendo o quanto ele foi importante para o nosso grupo, mas eu não estava prestando a atenção em nada. Só concordava com o que ela dizia e, na minha mente, repetia várias vezes para mim mesma "não chore, não chore, não chore...".
Por último, ela só me perguntou:

__Você está bem?

Não sabia ao exato o que responder. Se eu dissesse que não, provavelmente desabaria em lágrimas e não conseguiria parar.
Tinha que parecer forte, continuar forte. Eu já passara por aquela mesma situação inúmeras vezes, mas todas as vezes que se repetia, era como se meu peito se rasgasse por inteiro.

__Sim.-respondi em voz baixa e em seguida engoli o choro.

__Tem certeza? Se quiser posso ficar aqui com você...

__Sim, estou bem. Acho que Glenn está precisando mais de você do que eu.- dei um sorriso falso.-Vou avisar Carl, acho que eles eram amigos.

Maggie balançou a cabeça em sinal positivo e em seguida sumiu pelo corredor. Ela sabia que não adiantaria em nada ficar insistindo.
Com um pouco de dificuldade, abri a porta e dei de cara com Carl, ele tinha um olhar assustado e ao mesmo tempo triste. Não sei se suportaria vê-lo na mesma situação que eu.

__Eu ouvi a conversa...-ele disse baixando o tom de voz a cada palavra.

Nesse instante não consegui conter as lágrimas, que começaram a rolar pelo meu rosto. Estava bem claro que a partir daí, eu não conseguiria parar de chorar tão cedo.
Carl simplesmente me abraçou, sabendo que aquela era a melhor coisa a ser feita naquele momento.
Algo me dizia que ele também estava sentindo o mesmo, sentindo aquele aperto no coração.