Capítulo 31

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Zürich, Suíça - 22hrs


Anahí passou pela porta e Lara entrou em seguida. As duas se jogaram no sofá.

- Precisamos fazer isso mais vezes. - Lara suspirou.

- Sim precisamos. - Any respondeu fechando os olhos.

- Vem cá! - Lara puxou Anahí pelas mãos e a fez deitar em seu colo.

Anahí fechou os olhos e suspirou quando sua madrinha começou a acariciar seus cabelos.

- Você sabe que pode se abrir comigo né? - sussurrou. - Sabe que pra mim você não precisa fingir nada, não precisa sorrir se estiver com vontade de chorar.

Any mordeu o lábio inferior, enquanto as palavras de sua madrinha a atingiam em cheio.

- Eu estou preocupada com você, sinto que a qualquer momento você vai desabar.

Anahí respirou fundo quando sentiu sua garganta se apertar. Levantando, ela encarou a tia nos olhos.

- É o que eu mais tenho medo tia. Tirando meu medo de que a Manu nunca acorde. Às vezes eu acho que eu não vou aguentar, eu não entendo que propósito Deus tem ao nos fazer passar por isso. - enxugou o rosto. - Eu rezo todas as noites para que ele me dê forças, porque eu não sei mais de onde tirar forças dentro de mim. Tenho medo de todo esse sofrimento ser em vão, de no final a minha irmã morrer. Se isso acontecer de que vai ter adiantado todos esses anos cuidando de dela, de que vai ter valido perder todas as coisas que eu perdi?

Lara enxugou o rosto de Anahí e deixou que ela continuasse falando.

- Se ela morre eu vou ser consumida pela culpa daquela noite pra sempre sem ter a chance de me redimir, de ser perdoada. É isso que vai acontecer madrinha? Minha irmã é quem vai pagar por um erro meu?

- Não filha, não fala isso, não faz isso com você mesma. - a abraçou. - Eu sei que nada do que eu ou qualquer um disser vai resolver, mas você não teve culpa pelo que aconteceu. Foi só um acidente.

- Mas eu devia...

- Eu sei que você pensa que devia ter tirado a Manu do estábulo primeiro, mas na hora você fez o que achou que era o certo a fazer. Para de se martirizar desse jeito. Sofrer por algo que já aconteceu, não dá pra voltar no tempo Any e você não pode se martirizar desse jeito.

- O que eu faço madrinha? - Anahí a abraçou. - O que eu faço com a culpa que eu sinto, a saudade que eu tenho da fazenda, da minha família, da Chloe, do Alfonso... Eu sinto que eu respiro, mas é como se eu estivesse morta. Eu não aguento mais viver assim, é como se eu estivesse presa dentro do inferno.

- Eu queria tanto poder te ajudar filha, mas você só vai conseguir amenizar essa dor quando se perdoar pelo que aconteceu. E isso só você pode fazer. - Lara acariciou seus cabelos. - Quanto ao hospital, eu sempre vou ta aqui pra te ajudar a cuidar da Manu, pra você desabafar, ou seja, pro que você precisar.

- Eu não quero ficar essa noite sozinha madrinha, você fica comigo?

- Vamos dormir no meu quarto, na cama de casal como fazíamos quando você era criança e vinha me visitar.

- Vamos assistir filme até tarde enquanto comemos pipoca e chocolate?

- Pode ser? - Lara sorriu e enxugou o rosto de sua afilhada.

As duas se levantaram do sofá e Lara abraçou Anahí. Juntas subiram as escadas.



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