Um brinde aos mortos

2.7K 170 82
                                    

*NO CAPITULO ANTERIOR * 

-— Você vai matá-la! — ouvi Allison dizer.

— Essa é a intenção — Lúcia disse. Parecia que eu estava em chamas por dentro e meus pulmões pediam por ar. Quando eu menos esperava me apaguei por completo me entregando a escuridão.

* CAPÍTULO ATUAL *

Acordei toda suada em um leito de hospital, minha garganta arranhava e meu corpo doía. Levantei lentamente da minha maca e fui em direção a porta, abri ela devagar e me deparei com um corredor vazio. Andei pelos corredores do hospital chamando por enfermeiras e médicos, não tinha ninguém naquele andar. Chamei o elevador e mandei que me levasse à recepção.

Tomei um susto quando vi que a recepção dava lugar a uma grande floresta. Meu primeiro passo para fora do elevador foi um fracasso, tropecei e fui ao chão, olhei para trás e vi que tinha tropeçado em uma adaga, peguei por precaução e comecei a desbravar a mata. Andei por entre grandes árvores que soltavam folhas secas a todo momento até que encontrei um riacho.

Parei por um momento e olhei minhas mãos, elas estavam sujas de sangue, não sei se era meu ou se era de alguém, me abaixei e coloquei minhas mãos na água deixando a força da corrente limpa-las. Aquele seria um lindo lugar se eu soubesse onde era, mas era totalmente desconhecido por mim, então se tornava um pouco assustador.

Olhei para as pedras que se estendiam pelo riacho e senti a luz do sol aquecer minha pele, fechei meus olhos por alguns segundos para sentir todas as sensações possíveis daquele ambiente. Quando abri me deparei com um lobo, um lobo enorme dos pelos castanhos e os olhos dourados brilhantes que me encarava de cima de uma pedra. Ele abaixou em posição de ataque e veio em minha direção levantei agarrando minha adaga e disparei a correr. Passei em velocidade por galhos que arranhavam meu rosto e meus braços enquanto buscava o hospital. Por azar tropecei em uma raiz e dei de cara com a terra molhada.

Me virei tentando levantar mas o lobo subiu em cima de mim apoiando as patas em meus ombros, seu focinho gelado encostou em meu nariz e ele rosnou. Abri meus olhos e vi meu reflexo nos olhos dourados, ele se preparou para me atacar. Por um instinto quase involuntário cravei minha adaga no seu peito. Senti uma dor insuportável no mesmo local, o lobo deu seu último suspiro e caiu de lado. Tentei me levantar mas cai no chão sem forças e senti meu corpo morrer.

~☆~

Eu mal me enxergava pela escuridão, então um forte clarão bateu em meus olhos que lacrimejaram

— Eu estou morta? — me perguntei em voz baixa.

— Ainda não — algum vulto falou. Queria perguntar quem era, mas não tive forças.

— Vou te dar uma injeção de glicose para você conseguir se erguer um pouco ok?

Tentei soltar um ok mas saiu algo como "ogai". Senti a picada da agulha.

— Ok, querida, é só esperar um minutinho para fazer efeito.

Contei exatamente um minuto em minha mente, minha visão foi voltando gradualmente.

— Por favor, querida, me fale o que você está sentindo — a enfermeira pediu.

— Uma sensação ruim no estômago, fora isso tudo bem — respondi me sentando. Tentei levantar mas fui impedida pela enfermeira.

— Calma ai, mocinha, você acabou de acordar de um coma.

— Coma? Como assim? — perguntei.

— Bom, você está assim a três meses — ela falou.

— Como assim três meses? Eu queria falar com minha mãe, ela veio me ver? — falei assustada.

O UivoWhere stories live. Discover now