Capítulo 1

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O cheiro de café me faz suspirar assim que eu entro pela porta da casa em que cresci. 10 anos se passaram e eles não mudaram nem a fechadura. Ouço um certo falatório na sala e como eu ainda estou aqui parada perto da porta reparando em casa mínimo detalhe desse cômodo, eles não devem nem imaginar que eu cheguei.

Ao longe ouço a voz da Anne, ela parece reclamar de algo e logo a voz imponente do meu pai é ouvida por mim. Eles parecem discutir por alguma coisa, então eu me apresso em ir até a sala e os vejo de costas para mim. Sim, eles definitivamente estão discutindo sobre algo. Me lembro das inúmeras vezes que corri em volta desse sofá que está no centro da sala, me lembro também das vezes que brinquei com minha irmã e minha mãe nesse mesmo chão revestido de madeira.

- Eu passo 10 anos longe e quando volto vocês ficam discutindo? - cruzo meus braços e os dois se viram em minha direção.

Anne abre um grande sorriso antes de correr em minha direção.

- Elena! - exclama ao me abraçar. - Meu Deus, você voltou. - a aperto em meus braços.

- Claro que voltei, você acha mesmo que iria deixar você sozinha por muito tempo? - abro um sorriso para a minha irmã caçula. Nos soltamos e olho para o meu pai. - Ué, eu não recebo um abraço?

- Claro que sim, minha menina! - ele vem em minha direção e me abraça bem forte. - Quanto tempo, minha filha.

- Sim, muito tempo. - suspiro. - Desculpe ficar tanto tempo longe de você e da mamãe.

- Não se preocupe com isso. - me dá um beijo na testa ao se afastar.

- Cadê a mamãe? Estou louca para vê-la.

- Ela foi ao mercado e já volta. Ela está louca para te ver.

- Bom, então eu vou tomar um banho e descansar. - ele assente.

- Onde está sua mala? - Anne pergunta.

- Na porta, eu vou pegá-la. - faço menção de me mover porém meu pai me proíbe.

- Nada disso. Deixa que eu pego.

- Pai, não precisa. Pode deixar comigo. - digo carinhosamente e ele faz uma carranca.

- Eu pego. - dá a última palavra e eu ergo as mãos em rendição.

- Tudo bem, então. Vou apenas tomar banho.

- Eu vou com você. - Anne diz e eu ergo a sobrancelha. - No quarto. Quero colocar as novidades em dia. - explica.

- Tudo bem. - sorrio.

Enquanto meu pai vai pegar a mala, eu e Anne vamos subindo as escadas e conversando amenidades. Me lembro de quando ela era apenas uma menininha de 4 anos que adorava subir e descer essas escadas correndo. Agora a minha irmã já está bem crescida, seus cabelos longos e negros vão até o meio das suas costas e seus olhos cor de mel estão mais vivos que nunca, ela já está quase do meu tamanho, deve ser 5 ou 6 centímetros mais baixa. Sem dúvida ela é a cara da mamãe. Diferente de mim que puxei ao turrão Henry Hockifiel.

Assim que entramos no quarto, eu vejo que eles não mudaram muitas coisas. Quer dizer, meu quarto antes era rosa bebê e agora está lilás, minha cama agora é de casal e meu closet tem figurinhas de coração na porta, que imagino que minha irmã tenha colocado. Tem uma foto de quando eu tinha apenas 13 anos na cômoda ao lado da minha cama. Na foto estamos eu, minha mãe, minha irmã e o meu pai. Tiramos essa foto no dia em que fomos a uma exposição no museu.

- Posso saber porque você e o papai estavam discutindo? - questiono ao abrir o meu closet.

Ann se joga na cama e encara o teto.

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