Em que Jared e Mallory acham muita coisa, mas nada do que procuravam

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    Andando entre as árvores, Jared sentiu um pequeno arrepio. O ar era diferente, tomado pela fragrância de coisas verdes e terra úmida, mas a luz era sombria. Ele e Mallory andavam entre emaranhados de mato e árvores esguias cheias de trepadeiras. Em algum ponto sobre eles, um pássaro começou a cantar, fazendo um som desagradável como o de um alarme. Abaixo das pegadas, o chão era liso por causa do musgo. Galhos estalavam enquanto eles passavam e Jared ouvia um som distante de água.

Havia o pio de um pardal, e uma pequena coruja sentada em um galho baixo. Sua cabeça levantou-se na direção deles enquanto ela mordia um pequeno e cansa-do camundongo em suas garras.

Mallory abriu caminho entre um nó de arbustos e Jared a seguiu. Pequeninos carrapatos grudavam na rou-pa e no cabelo dele. Os dois contornaram o tronco esfa-relado de uma árvore caída cheia de formigas negras.

Havia alguma coisa diferente em sua visão com a pedra no lugar. Tudo era mais brilhante e mais claro. Mas havia ainda algo além. Coisas se moviam na grama, nas árvores, coisas que ele não podia ver direito mas que descobria pela primeira vez. Rostos feitos de cortiça, pedra e musgo que ele via por apenas um momento. Era como se a floresta inteira estivesse viva.

— Ali. — Mallory apontou para um galho quebrado e pontudo em que moitas de samambaia tinham sido pisadas. — Eles foram por ali.

Os dois irmãos seguiram o rastro de ervas daninhas despedaçadas e galhos quebrados até que chegaram a um riozinho. Já então a floresta ficara mais sombria, e os sons crepusculares haviam aumentado. Uma nuvem de mosquitos borrachudos os cercou por um instante, depois se desabalou em direção à água.

— O que nós vamos fazer agora? — perguntou Mallory. — Você consegue ver alguma coisa?

Jared deu uma olhada pela lente e balançou a cabe-ça.

— Vamos seguir a correnteza. O rastro tem que a-parecer de novo.

Eles andaram pela floresta.

— Mallory — sussurrou Jared, apontando para um enorme carvalho. Pequeninas criaturas verdes e marrons estavam empoleiradas em um galho. Suas asas se pareciam com folhas, mas seus rostos eram quase humanos. Em vez de cabelo, grama e botões de flores cresciam em suas pequeninas cabeças.

— O que você está olhando? — Mallory ergueu o espadim e deu dois passos para trás.

Jared balançou sua cabeça levemente.

— Ninfas... Eu acho.

— Por que você está com essa cara de tonto?

— Elas são tão... — Ele não podia explicar direito. Ele estendeu a mão, com a palma aberta, e olhou espan-tado quando uma das criaturas pousou nos seus dedos. Pés leves fizeram cócegas em sua pele enquanto a pe-quenina ninfa piscava seus olhos negros para ele.

— Jared — disse Mallory com impaciência.

Com o som da voz dela, a pequena ninfa pulou no ar. Jared olhava enquanto ela espiralava, para cima em direção às folhas.

Raios de sol filtrados através das árvores estavam cor de laranja. Para cima, a correnteza se alargava e pas-sava pelas ruínas de uma ponte de pedra.

Jared podia sentir sua pele formigando enquanto se aproximavam do entulho, mas não havia nem sinal dos goblins. O rio era muito largo, com mais ou menos dez metros, e havia uma parte bem escura no meio que pare-cia ser de água funda.

Jared ouviu um som distante que parecia metal se arranhando contra metal.

Mallory parou, olhou através da água e levantou a cabeça.

As Cronicas de Spiderwick  - A Pedra da VisaoWhere stories live. Discover now