Capítulo 05

1.2K 126 5
                                    

Como Louis estava carregando a criança, eu me ofereci a levar as cestas. Como o casarão dele ficava nas proximidades de Florença (E não propriamente na cidade), resolvemos passear pelo campo. Era um dia fresco e um pouco quente, mas nada exagerado, com o céu de um azul com pouquíssimas nuvens... Para ser sincero, não sei o que diabos fui aceitar o convite do fedelho. O meu plano era chegar na casa dele e sondar o terreno, para saber exatamente como puxar o tapete dele. Mas cá estou eu, fazendo um piquenique com o fedelho e a pequena monstrinha.

Apesar de ter sofrido uma humilhação extrema na noite anterior, ele aparentava como se nada tivesse ocorrido, mantendo o rosto erguido em um sorriso com covinhas... Ele segurava a filha dele com tanta ternura que era até difícil para mim acreditar que ele era um pai carinhoso... A menina tinha um rostinho em um formato de coração, com as bochechas rosadas e olhos de um verde iluminado. Os cabelos eram de um loiro amanteigado, descendo em ondas cintilando como ouro no sol, igual a Louis. O nariz era o de Cecília, mas... Ela me lembrava outra pessoa... Uma pessoa estranhamente familiar...

Estendi uma manta na grama, embaixo de uma árvore que oferecia uma sombra muito boa... Sentei encostado no tronco, de braços cruzados fechando os meus olhos. Eu tinha que tomar cuidado... Poderia perder tudo em questão de segundos.

-- Tão sério! - ele soltou uma risadinha. Abri os olhos vendo-o me fitar com curiosidade. A menina estava sentada com uma rosa nas mãos e sorria encantada com as flores silvestres do campo.

Assenti.

-- Lorenzo... Se me permite... Por que voltaste a Florença? - ele perguntou em uma voz macia.

Pensei um pouco na resposta.

-- Resolver uns assuntos que deixei em aberto aqui.

-- Humm... - ele disse desviando os olhos, pegando um morango e dando uma mordida profunda, fazendo a seiva vermelha escorrer pelos lábios... Aquilo me fez suspirar de leve. De repente ele deu uma gargalhada sincera, fazendo eu e a menina olharem para ele curiosos.

-- O que foi? - perguntei.

Ele parou de rir aos poucos, com os rosto corado.

-- Lembra-te daquela vez em que carregou-me nos ombros por que recusei a continuar a andar a pé? - ele falou.

Tive a lembrança instantânea. Dei um leve sorriso.

-- Sim... Lembro-me muito bem. - disse. - Fizeste o maior drama e tragédia por causa disso.

Ele gargalhou mais uma vez, fazendo-me rir com ele... Depois ele abriu o cesto pegando as frutas, pães doces e a carne assada com ervas. Peguei só um pouco, devido ao fato de já ter comido mais cedo. Ele por sua vez, parecia que estava disposto a fazer a carne desaparecer no prato.

-- Que fome, hein? - falei rindo despedaçando o pão com os dedos.

-- Oras, vai me criticar também? Já não basta Lorena, a criada, que me obriga a comer antes de sair... E agora tu? - ele falou lambendo os dedos.

-- Por quê? - perguntei levando o pedaço até a boca.

-- Ela diz que cavalheiros refinados tem que comer que nem passarinhos, em banquetes sociais, por que se não parece um leão esfomeado. - ele disse segurando a cocha do frango dando uma mordida. - Santo Deus, este corpete está tão apertado que sei que não irei até o fim do dia sem soltar um arroto.

Dessa vez eu ri de verdade.

-- Pensei que gostasse das regras de etiqueta, já que quando te conheci, era cheio de fricotes... - falei com os braços cruzados. Analisando-o.

Amar ou te Matar... Eis a Questão! (Livro 02)Where stories live. Discover now