O Circulo das Sete Pedras (Conto)

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I

Posso ter enlouquecido, sim, espero que seja isto. O fato é que nunca tive sintomas de um comportamento esquizofrênico, fui somente curioso. Sempre fui curioso, especialmente ao que se dirigia aos assuntos ocultos. Aos 12 anos, depois de um terrível caso de satanismo que ocorreu na pequena cidade onde eu morava, comecei a especular sobre o assunto. Aconteceu que um pequeno grupo cultista sacrificou 7 jovens no banheiro masculino do ginásio de esportes William Holtsen; fui o primeiro a ver a chacina, havia chegado à quadra primeiro que minha turma, tinha caído no chão sujo da escola minutos antes, todos riram de mim, eles sempre riam de mim; senti-me envergonhado, sujo, então levantei e corri na frente de todos, entrei no ginásio e fui direto ao banheiro, limpar minhas roupas, e minhas lágrimas.

A cena que vi foi terrível a quaisquer outros olhos, mas para mim foi um tanto curiosa. Sete adolescentes degolados ao redor de um pentagrama feito com sangue, um balde ensanguentado com alguma coisa dentro, que mais tarde fui saber que era o coração de um dos jovens; e velas por todo lado. Fiquei com medo, sim fiquei, porém a cena me chamava à atenção, qual era o propósito de tudo aquilo? Corpos ainda frescos; alguns eu até reconhecia. Depois deste episódio de minha vida, passei a pesquisar sobre os símbolos arcanos, sacrifícios, invocações, e todo tipo de coisa profana. Aluguei uma casa em Arkham, a qual levava para lá livros, pesquisas, e objetos inanimados que recolhia de antigos locais de invocação abandonados. Eu caçava aqueles itens; subornava um policial conhecido para recolher alguns objetos ritualísticos das cenas de crime em que ele investigava, e dar para mim, pagava um bom dinheiro pelas peças.

Foi então neste período de minha vida que decidi abrir uma loja de artigos religiosos, não eram somente artigos religiosos, mas uma pequena parte da coleção desses objetos que acumulei durante anos de minha vida, e naquele momento precisava me desfazer de alguns, e adquirir outros... acho que foi a partir dai que tive contato com estranhos tipos de pessoas, tão estranhas quanto eu. Tinha clientes que me contavam sobre rituais macabros que praticavam, membros de seitas que frequentavam minha loja e deixavam-me escapar segredos; vi então ai a oportunidadede conhecer um pouco mais do oculto. Oferecia a alguns clientes dos quais me interessava mais, o objeto de minha loja que procuravam com a condição de que me deixassem assistir culto. Alguns tinham tanta necessidade de conseguir o que queriam que acabavam aceitando minha proposta, já outros preferiam oferecer quantidades exorbitantes de dinheiro para não ter de aceitar minha presença.

Mergulhei então em um mundo totalmente obscuro, assisti todo tipo de perversidade, sacrifício animal, mutilação, possessão, suicídio, e talvez o mais terrível de todos, o sacrifício de pessoas inocentes. Pode me perguntar se eu sinto algum remorso de não fazer nada por aquelas pessoas que ali estavam sendo oferecidas em sacrifício, mas eu direi que não. Eu sou somente um observador das artes ocultas, um cientista, um pesquisador. Aquelas vidas não eram da minha ossada, não cabia a mim livra-las da morte ou ajuda-las, eram só cordeiros. Chame-me de monstro se quiser, de frio, insensível, mas o papel de um observador nada mais é do que observar, tinha que ver o resultado, o que aconteceria depois.

O tempo passou, e continuei pesquisando, observando, nunca acreditei piamente na existência de seres sobrenaturais, no entanto nunca discordei que os mesmos existissem. Na verdade houve um tempo que comecei a desacreditar totalmente dessas coisas, frequentando tantos cultos tenebrosos, vi que na maioria das vezes não era obtido resultado algum ao final dos ritos, em alguns casos sim, mas as manifestações não eram frequentes. Nunca havia visto esses seres sobrenaturais surgirem fisicamente em nosso mundo, o que me levou acreditar que eles não seriam capazes disso, ou que simplesmente não existissem, e adotei esse pensamento para carregar ao longo de minha vida, pelo menos era pra ser assim... até a noite de ontem.

II

Terei que contar primeiramente o que ocorreu semanas antes do evento em que vi coisas do qual eu nunca esquecerei. Antes da noite que é culpada por eu estar internado neste lugar.

Bedtime StoriesWhere stories live. Discover now