Antes que Eduardo pudesse desmaiar, ele o encarou. E seus olhos eram hipnotizantes: verdes como água. Verdes como a água de um lago cheio de algas clorofiladas iluminadas por um sol brilhante. Verdes como uma esmeralda a meia luz. Eram perfeitos. A sobrancelha direita dele tinha um pequeno risquinho, que aparentava ser natural. Mas, a visão de Eduardo foi ocultada quando a grandona da Sara o abraçou.
- CARACA EU SENTI TANTA SAUDADE DE VOCÊS! Olha, seria impossível curtir os lençóis maranhenses sem vocês.
- Então você não curtiu? - Perguntou Eduardo.
- Curti sim, mas fiquei com muita saudade de vocês, mesmo. Depois mostro as fotos, ainda nem postei.
- É, gente, nós temos um problema... - Disse Dani olhando para o garoto sentado no lugar onde geralmente sentava Dani: entre Sara e Eduardo.
- Quem é ele? Alguém sabe? - Perguntou Eduardo.
- Não. Mas ele vai ter que sair do meu lugar.
- Calma gente... ele não é o único novato. - Disse Sara abaixando a cabeça.
- Novato? Pensei que não haviam novatos no segundo ano.
- É, não deveria mesmo, do que você está falando Sara? - Perguntou o garoto enquanto tentava rapidamente achar uma justificativa para falar com o novato. Justificativa frustada é claro, pois Eduardo não teria coragem de falar com o garoto nem se ele carregasse uma placa escrito: FALE COMIGO.
- Minha Prima, Ana, também veio pra cá. Ela entrou no primeiro ano, imagino que ele também deva ter vindo da escola que fechou. - Disse Sara enquanto abria a bolsa sobre uma mesa.
- Escola que fechou? - Perguntou Dani.
- É... na periferia. - Ela conseguiu achar o que procurava. Um espelho e um batom de cor escura. - Como as escolas de lá estavam todas lotadas eles meio que tiveram que fazer uma distribuição nas outras escolas.
- Pera... volta a parte da prima. - Sugeriu Eduardo.
- Nem se empolgue, ela não parece nem um pouquinho comigo. Na verdade eu odeio ela. Vai ser um inferno aqui esse semestre.
- Quem é ela? - Perguntou Dani olhando ao redor para ver se havia mais três cadeiras simultâneas e livres em alguma fila.
- Depois mostro para vocês, agora, em nome de Jesus, vamos procurar uma cadeira pra sentar!
Não haviam três cadeiras disponíveis na mesma fila. Dani teve uma ideia:
- A gente poderia pedir pra ele sair de lá.
- Não. - Discordou Eduardo. - Acho que hoje vamos ter que sentar separados. Amanhã a gente chega cedo e pega aquele lugar, dai ele vai perceber que a gente sempre sentou lá.
- É, tem razão Edu, é melhor a gente não parecer grosso.
- Mas eu não sou grossa, quem disse que eu sou grossa? - Indagou Dani olhando para os dois amigos.
- VOCÊ É! - Responderam ao mesmo tempo.
Durante quase todas as nove aulas, o novato permaneceu dormindo ou deitado sobre a sua mesa, motivo pelo qual nenhum professor notou ele. Só foram notar a presença do garoto quando na última aula Matheus disse:
- Ei, não vão colocar o novato na chamada não?
- Novato? Temos um novato? - Perguntou um dos alunos, Samuel.
- Ah, sim. - O garoto dos olhos verdes falou, a voz dele era extremamente suave, e Eduardo respirou fundo. - Ricardo.
- Como você conseguiu entrar aqui no segundo ano? - Perguntou Matheus.
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Intermináveis Sensações
RomanceNenhum resumo desta história poderia ser melhor que uma leitura do primeiro capítulo.