Parecida com o papai

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 Corro de um lado a outro tentando achar uma solução. Ordenei que os marujos se posicionassem nos remos e agora procuro uma saída enquanto buracos surgem e voltam a sumir. O navio de Barbossa está um pouco distante do Pérola, o que torna qualquer tipo de comunicação impossível. Mas pelo pouco que conheço esse pirata trapaceiro sei que ele não dará meia volta. - Teremos que seguir em zigue zague - digo para Gibbs enquanto tento manter a respiração estável.

- Como faremos isso capitã? - Ele questiona puxando algumas cordas e as amarrando com um nó cego. - Será impossível sem vento algum, os homens não darão conta.

- Terão que dar - reflito esfregando a testa. - Ou estamos condenados.

- É só mandar - diz ele pronto a obedecer minhas ordens.

- A toda força nos remos - digo e ele corre até as escadas, para no topo delas e grita as ordens.

Me posiciono no leme e aguardo o navio começar a se movimentar com constância. Quando isso acontece me esforço para desviar dos buracos. - PARA BOMBORDO - grito para Gibbs quando um imenso buraco surge a nossa frente. Ele transmite minhas ordens e os marujos tratam de curvar para a esquerda. - BORESTE, BORESTE - grito apressada quando um segundo buraco surge a nosso lado esquerdo, praticamente nos encurralando.

Os homens se esforçam para puxar o navio para a direita mas a força do buraco é mais forte. Sinto o navio ser arrastado para o abismo e giro o leme o máximo possivel. A força é tanta que minhas mãos não conseguem controlar a roda do leme e eu acabo sendo arremessada em um canto do navio. Vejo a roda girar violentamente, o que faz com que o navio se aproxime do buraco mais rapidamente. Tento faze-lo parar, mas é impossível devido a sua força e velocidade.

Já estou conformada com a morte certa. Pelo menos morrerei de forma honrosa, afogarei com meu navio.

Já posso ouvir o forte som da água sendo sugada para o buraco. Fecho os olhos e aceito minha morte precoce. Só espero que Barbossa salve meu pai, isso se ele não morrer também.

O silêncio invade meus ouvidos e penso já estar no fundo do mar ao aguardo de Will Turner, para que esse me leve ao descanso merecido por aqueles que morrem no mar.

Decido abrir os olhos, já que estou morrendo não quero perder nenhum detalhe, afinal a morte é um dia que vale a pena viver.

Me deparo com o mar calmo e o céu azul límpido. Não estou morta. Meus olhos encaram Gibbs e ele faz uma cara de quem não está entendendo nada. Olho para onde o buraco que nos sugaria deveria estar e não o vejo. Ele sumiu bem na hora. Solto o ar, aliviada.

As velas balançam e só então percebo que a corrente voltou, saímos das águas sugadoras. O Vingança está atrás de nós, alguns metros nos separam. Os remos são recolhidos no exato momento em que viro para ver os estragos do Vingança, bem a tempo de ver um enorme buraco surgir bem a frente dele. A distancia era muito curta e não teriam tempo para contorna-lo.

- Droga - digo ao ver o navio sendo sugado para o abismo. - Vamos Joanna, pense como o Jack - digo para mim mesma. Nada acontece. Olho para o convés e Gibbs, que não viu o navio de Barbossa começar sua descida rumo a extinção, enrola uma enorme corda que fora espalhada pelo convés.

Não penso claramente, apenas imagino o que meu pai faria nessa situação. Corro em direção a Gibbs e arranco a corda de suas mãos, ele murmura quando meu cotovelo atinge sua bochecha. - Gustavo - o chamo olhando em volta.

- Diga - ele surge ofegante. - O que deu em você?

- Pegue um canhão e venha comigo - digo voltando a popa do navio.

Ele não rebate, pois sabe de quem sou filha. Chega segundos depois de mim com um canhão nos ombros. Meus Deus como ele é forte. Concentre-se Joanna, não é hora para isso. Envolvo a ponta da corda em uma bola de canhão e a amarro com um nó apertado. Assim que Gustavo mira o canhão para a proa do Vingança eu jogo a bola pela boca do mesmo e Gibbs, que finalmente entendeu o que esta ocorrendo, ascende o canhão. O barulho é estrondante e é possivel ver lascas de madeira voando quando a bola atinge o casco.

- AMARRE A CORDA - grito o mais alto que posso e minha voz corta o ruído do buraco. - RÁPIDO - vejo Barbossa ordenar algo e logo a corda e amarrada ao mastro central. - HOMENS AOS REMOS, RÁPIDO E A TODA VELOCIDADE EM FRENTE.

O navio se agita e logo ganha forte velocidade. Sinto o Pérola ser arrastado para trás devido a força do buraco. Os marujos remam com força e sincronia perfeita. O Vingança já está quase totalmente fora do buraco quando o mesmo se fecha. Com um solavanco ambos navios são impelidos para frente. Sou lançada para frente e acabo batendo o rosto na roda do leme. O liquido quente que escorre por meu nariz chega a minha boca e o gosto metálico a invade.

Olho para trás e avisto o navio inteiro. - Conseguimos - digo para mim mesma.

- Pega - olho para trás e vejo Gustavo me estendendo a mão que segura um lenço vermelho.

- Obrigada - sorrio e limpo o rosto, aproveitando para identificar os estragos. Devo ter estourado uma veia do nariz, já que tenho uma cachoeira vermelha escorrendo por meus lábios e acabando com grossas gotas na ponta do queixo.

- Olha - diz Gustavo apontando a frente.

Viro-me e avisto a coisa mais bela que meus olhos já apreciaram. No casco do navio tombado cresce uma enorme arvore com tons azulados. Seus frutos, brilhantes e chamativos invadem meus olhos. A árvore que cura qualquer doença nos saúda com sua beleza incomparável.

Sou a escolhida para descer até a árvore, mas acabo obrigando Sila e Thiago a me acompanharem. Os gêmeos se distanciaram muito desde o acidente com sua mãe.

- Devemos pegar vários frutos? - Pergunta Thiago secamente.

- Pelo pouco que sei sobre esta árvore - digo olhando para cima, tentando atingir sua copa, - só é possível pegar um fruto de cada vez.

- Então levaremos dois - conclui Sila indiferente. - Um para a mamãe e outro para o seu pai.

- Certo - respondo.

- Vamos logo com isso - diz Thiago passando por mim e quase me derrubando do casco oscilante do navio tombado.

- Ei - protesto ofegante, não aceitarei ser tratada de tal maneira. - Não sei o que aconteceu, e sinceramente, pouco me importa. Mas eu não fiz nada a vocês e não aceito ser tratada de tal maneira. Os dois estão sendo infantis e arrogantes. - Os encaro furiosa. - Não foram os únicos a perderem quem amam.

Não dou espaço para que respondam, passo por eles batendo em seus ombros e arranco duas frutas da magnifica árvore. Voltamos para o navio com o auxilio de uma escada de cordas.

- Não voltaremos pelo mesmo caminho - diz Barbossa, que agora está a bordo do Pérola. - Não quero morrer.

- O dia de sua morte, ou de sua aposentadoria, não está muito longe - rebato irônica. - De qualquer forma, não quero arriscar perder o Pérola novamente.

Voltamos por um caminho diferente. Torço para que não encontremos nenhuma surpresa, mas no fundo já sei que a viagem de volta não será tranquila.




Esse capítulo foi dedicado a @anaizMononoke29     Começou a ler a pouco tempo mas sempre deixa suas estrelinhas e seus comentários animadores, obrigada fofa :3

Oi oi oi meus lindos piratas. O que acharam do capítulo?

As ideias de Joanna se parecem com as de Jack?

E Thiago? Arrogante dessa forma? Algum palpite sobre o motivo?

Shippan alguém nessa história?

Estão com saudades do Jack?

Me contem tudinho.

Beijos de rum

NatáliaB.

A Filha de Jack Sparrow [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora