The Double Agent ▶ TRUQUE DE MESTRE

II

Valentina foi a última a chegar aos interrogatórios. Quando chegou, Alma e Dylan já estavam a interrogar um homem careca, que Val presumiu ser McKinney. Posicionou-se ao lado de Fuller, que tinha um ar muito preocupado.

-... Terça-feira travesti? É um acordo que ali o seu colega agente Fuller tem com a mulher – disse Merritt – Não há uma tradição no FBI de homens a usarem vestidos? Sem vergonhas, agente Fuller – dizendo isto, Merritt fez um gesto de travesti piroso – Sem vergonhas.

Valentina desatou a rir, fazendo Fuller olhar para ela, irritado.

- Porque não disseste logo, Fuller? – perguntou Valentina, ainda a rir-se – Tenho um vestido lá em casa que realça a cor dos teus olhos.

E, dizendo isso, virou costas e desfilou corredor fora, sentindo Fuller a fulminá-la com o olhar.

Alma e Dylan saíram do interrogatório, visivelmente irritados.

- Conseguiram alguma coisa? – perguntou Valentina, olhando para ambos.

- Nada – respondeu Dylan, passando a mão na cara – Estes tipos estão a gozar connosco.

- Bem, é a minha vez – disse Alma – Eu vou interrogar um dos outros dois sozinha.

- Nem penses – disse Dylan, barrando-lhe o caminho com o braço – A Val é que vai.

Os olhos de Valentina começaram a brilhar. Na academia, fora uma das melhores, senão a melhor nas técnicas de interrogatório.

- Então, Val, quem vais interrogar? – perguntou Dylan, cruzando os braços.

- Bem, a ruiva - Henley, será? - não irá quebrar facilmente, por isso, eu vou interrogar o Wilder. – respondeu Valentina, sorrindo.

- Faz a tua magia – Dylan estendeu a mão, a dar passagem.

Valentina olhou pelo espelho da sala de interrogatórios. Lá dentro, Jack Wilder dormia com os pés sobre a mesa e os braços cruzados atrás da cabeça. Olhou para o seu próprio reflexo, desapertou os primeiros três botões da camisa vermelha, ajeitou os cabelos e sorriu.

- Dylan – disse, virando-se para o parceiro – Empresta-me dinheiro.

Dylan tirou dez dólares do bolso, dando-os à morena.

- Tu dás-lhe o dinheiro assim, sem mais nem menos? – sussurrou Alma a Dylan.

- Em cinco anos, aprendi a não perguntar – respondeu Dylan, também sussurrando.

Valentina foi à máquina dos refrigerantes, tirou uma 7Up e uma Pepsi. Tirou também uma palhinha. Como sobrou dinheiro, foi à maquina dos doces e tirou um Twix.

- Obrigada, Dylan! – exclamou, entrando na sala de interrogatórios.

Valentina abriu a porta de mansinho, entrando. Pousou a Pepsi silenciosamente na mesa, em frente a Jack. Abriu a sua 7Up, pôs a palhinha lá dentro e bebeu um pouco. Depois, abriu o Twix, fazendo tanto barulho que Jack acordou.

- Bom dia, Bela Adormecida! – disse Valentina, dando uma dentada no Twix – Trouxe-te uma Pepsi.

Jack abriu a Pepsi, não tirando os olhos de Valentina, que bebeu mais um pouco da 7Up.

- Eu sou a Valentina, já agora – disse ela, sorrindo.

- Uh, tu és do FBI? – perguntou Jack, olhando para ela.

- Sim, sou – respondeu, revirando os olhos – Mas porque estragar este momento tão agradável com essas especificações, Jack? Não podemos falar normalmente? Eu adorava ficar a falar com um rapaz giro como tu...

- Não vai resultar – disse Jack, com um sorriso.

- O que é que não vai resultar? – perguntou Val, fingindo-se confusa.

- Elogiares-me, conectares-te comigo. Eu não vou falar.

- Wow, calma aí – Valentina deu uma risada forçada – Lá porque sou do FBI, não quer dizer que seja cega. E tu és uma brasa.

- Tu também não estás nada mal – disse Jack, sorrindo e aproximando-se da mesa.

Valentina corou um pouquinho, pegou na bebida e bebeu um pouco.

- Bebes sempre o refrigerante por uma palhinha? – perguntou Jack, apontando para a bebida da morena.

- Só quando não tenho copo. Uma vez, tive um acidente durante um interrogatório – disse Val, rindo um pouco – Cortei o meu lábio na lata e comecei a deitar sangue. O suspeito estava apavorado, porque tinha hematofobia, que é medo de sangue, então começou a contar tudo, só para nós limparmos aquilo e taparmos a ferida!

Os dois riram com a piada, e Valentina deu mais uma dentada no seu Twix.

- Queres um bocadinho? – perguntou ela, olhando para Jack.

- Não, obrigado. Estou bem.

- Então, explica-me uma coisa – disse Valentina aproximando-se de Jack – O Atlas é o tipo das cartas, o Merritt faz aquelas coisas de mentalismo, a Henley escapa de um tanque com piranhas... E tu? O que fazes?

- Digamos que tenho alguma destreza de mãos... – disse ele, sorrindo para a morena.

- Estou a ver... – Valentina sorriu de volta, pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha e olhando pelo vidro espelhado.

***

Ao ver Valentina olhar pelo vidro e ajeitar o cabelo, Dylan pegou no telemóvel e telefonou-lhe.

- O que estás a fazer? – perguntou Alma.

- A telefonar-lhe – respondeu Dylan.

- Para quê? – questionou mais uma vez a loira.

- Sempre que ela põe uma mecha de cabelo atrás da orelha e olha pelo vidro, quer dizer que precisa que eu lhe telefone – esclareceu Dylan, pondo o telemóvel no ouvido – É uma das melhores técnicas que ela tem.

***

Dentro da sala de interrogatórios, o telemóvel de Val começou a tocar.

- Uh, outra vez este tipo – disse ela, revirando os olhos e desligando a chamada.

- Quem é? – perguntou Jack, curioso.

- O meu chefe. Ele é tão controlador – disse ela, pondo os braços em cima da mesa.

- Eu sei como é... – disse Jack, recostando-se na cadeira.

- Duvido – Valentina deu uma risada forçada.

- Não, a sério – disse ele – O Atlas também é assim. Até nos obrigou a usar umas pulseiras localizadoras para o nosso próximo espetáculo!

- A sério? – Valentina fingiu-se chocada – Que idiota.

- É não é? – Jack deu uma risada, antes de se aperceber do que tinha feito – Oh...

- Oh, sim – Valentina sorriu sedutoramente – Olha, eu não digo a ninguém que foste tu, ok? – Valentina tirou uma caneta e um papel da bolsa, escrevendo algo lá – Aqui está o meu número, Jack. Pode ser que um dia possamos falar.

Jack pegou no papel e guardou-o no bolso. Valentina levantou-se e dirigiu-se à porta.

- Foi um prazer falar contigo, Jack – disse ela, sorrindo.