Capítulo 4 - Estranho Familiar

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Não sei por quanto tempo estou dentro desse carro, mas os segundos que se passam para mim faz minha consciência acusar cada vez mais o quão imatura eu fui ao passar por aquele portal. Se bem que não fui por que eu quis, mas o resultado de tudo foi por minha culpa. Por que não deixei que meus pais resolvessem tudo do jeito deles? Aposto que seriam mais eficazes do que uma pirralha que nem se quer parece ter dezesseis anos pela sua imaturidade.

Está chovendo, e o ar-condicionado do carro esfria muito a nossa volta, as gotas de chuva escorrem lentamente pela janela do carro, finalizando-se na borracha a qual era sustentada. Silencioso e aconchegante pode-se dizer. A paisagem que se passa pela janela não é lá uma das mais exuberantes, no entanto, é belíssima. Árvores altas e bem verdes passam rapidamente enquanto ao longe montes de diversas formas com seus picos cobertos pelas densas nuvens que pareciam poder se tocadas por quem quer tentasse alcança-las.

- Está tudo bem, Lana? Está muito quieta desde que partimos. - Robin me olha rapidamente pelo espelho mágico, porém logo se volta para a estrada a sua frente. A responsabilidade de nossas vidas estava em suas mãos e o agradeci muito em pensamento por reconhecer isso. Pareço uma garota mimada pensando desta forma não?

- Estou bem, Robin. Só estou cansada, não paramos quase nada. - o respondi em baixa voz. - Quanto falta para chegarmos?

- Umas seis horas, no máximo.

Suspiro em desapontamento, embora não pudesse reclamar de nada. Eu praticamente implorei para estar onde estou agora.

- Não deveria reclamar Ferrugem. Sabe que a culpa foi sua, e se não fosse pela sua infantilidade imensa, estaríamos em casa agora. - Jeremy reclama como se lesse meus pensamentos reprovadores.

Calei-me. Não havia por que discutir. De fato, ele tinha total razão. Não sei o que é mais infantil, implorar para cumprir algo, ou se quando o recebe como responsabilidade, escapar na primeira oportunidade.

- Não estão com fome? - Robin procura quebrar o clima tenso que se formou.

- Não, nosso metabolismo é diferente dos humanos. Admira-me não estar cansado por dirigir quase 48 horas. - Jeremy o observa friamente. O que houve com Jeremy?

- Fui treinado para isso também. Podemos dizer que isso foi adquirido com o tempo, ficar inúmeras horas sem dormir. - Robin afirma com pesar em suas palavras. A base militar de estudos realmente o maltratara, pois suas cicatrizes eram quase palpáveis.

- Mas ainda sim está cansado. Pare em algum lugar, Robin. - ordenei. Ele não é mais um prisioneiro.

- Aqui não é Sekret para dar ordens, Hallana. - Jeremy outra vez reclama.

- Precisamos que todos estejam vivos. Não seja egoísta, Jeremy. Robin, vamos parar. - insisti.

- Não há necessidade, Lana. Eu aguento. - Robin contradiz com um sorriso cansado.

- Ele disse que aguenta, então vamos.

- Cala essa boca, Jeremy! Robin, isso aqui não é uma base militar para exigir seus últimos esforços. Você é livre! - berrei as últimas palavras com toda a firmeza que possuía, embora a mesma não estivesse em alta.

Com uma parada brusca, Robin finalmente me escuta. A parada lançou nossos corpos para frente e para nossa sorte, estávamos usando cinto de segurança. O olhar de Robin estava fixo no volante, como se refletisse nas minhas palavras e as mesmas machucassem ainda mais o seu coração já sofrido. Sinto-me culpada. Culpada por estragar os planos de Jeremy de viver em paz. Culpada por fazer meus pais sofrerem pela minha saída em Sekret.

Coração Selvagem (Duologia  Sekret- Livro II) EM ANDAMENTOWhere stories live. Discover now