(Ouçam a música 😍❤)
Passado três semanas, eu já conhecia algumas pessoas do bairro, e meus pais já estavam empregados, na semana eu ficava meio sozinha em casa, pois meus pais estão procurando uma escola para mim.
Eu já não sabia mais o que fazer, meus passatempos não passavam de leitura, e mais leitura.. Até que Bobe começou a tentar sair de casa, olhei para fora da janela, Bobe amava aquele gramado mais que eu.
Abri a porta, e saímos para o gramado, Bobe corria para todo canto, percebi que a grama estava meio seca, devido ao dia ensolarado e quente, fui pegar a mangueira, desenrolei a mangueira e encaixei na torneira, assim comecei a molhar a grama. Peguei o patinho de borracha do Bobe e joguei para ele brincar, mas ele logo se levantou e veio em minha direção, o molhei. E foi nesse momento que o vi, o garoto da janela, finalmente pude vê-lo, ele estava de bicicleta, me olhou e acenou, acenei de volta, e o observei, ele colocou a bicicleta ao lado da casa assim entrou.
Eu espero não estar vermelha, Bobe começou a rolar na grama e eu desliguei a torneira.
"Raiane!" chamou meu pai, olhei para trás e o vi. "Venha almoçar" disse, e apontou para o Bobe, "Traga ele para dentro".
Assim obedeci papai, e entrei com o Bobe para dentro de casa, prendi Bobe na coleira, e peguei a ração dele e coloquei no pote.
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De tarde saí com o Bobe, já não aguentava ficar trancada dentro de casa, levei Bobe à praça, comprei um sorvete de sabor chocolate para mim, e sentei em um banco, Bobe apenas cheirava as flores, foi quando ouvi um trovão, olhei para o céu e vi que o tempo tinha fechado, olhei para o Bobe, "Parece que vai chover, melhor írmos" coloquei a coleira no Bobe e assim fomos.
No meio do caminho para casa começou a chover forte, comecei a correr com Bobe, eu já estava totalmente ensopada!
Chegamos na porta de casa, procurei em meus bolsos a chave de casa, mas não encontrei, como tinha a portinha pequena para Bobe entrar ele foi o primeiro a entrar em casa. Fiquei pelo lado de fora, com frio, fome...
Foi quando eu o vi! Ele estava vindo em minha direção, não! Ele estava correndo em minha direção e quando me alcançou colocou o seu guarda-chuva sobre mim.
"Oi" disse ele "Seus pais não estão na casa?" perguntou. Fiz que não com a cabeça, eu estava com muito frio meus lábios tremiam.
"Meu nome é Leonardo e o seu?" perguntou o garoto que estava debaixo do mesmo guarda-chuva que eu. "Raiane" disse baixinho, Meus pais saíram para irem ao banco" continuei.
"Seus pais são meio loucos, não são? Deixaram você sem nenhuma chave!" disse ele brincando, na verdade eu que esqueci a chave, pensei, "É, eles são" sorri e ele riu.
Depois os segundos que vieram foram de silêncio. Dez segundos olhando um para o outro sem nenhuma palavra no ar. A chuva parecia mais forte ainda. Às vezes passava a impressão de que o guarda-chuva seria furado por inúmeras gotas ou mesmo pedras.
"Quantos anos você tem?" perguntei cortando o silêncio entre nós.
"Tenho dezessete e você?" perguntou. "Dezesseis" respondi.
A cada segundo olhando diretamente para o rosto dele era cada segundo perturbador para o meu coração. Ele estava há mil!
"Você gosta de livros?" perguntou ele.
"Sim" disse assentindo ao mesmo tempo, "Leio de tudo. Mas amo fantasia".
Neste momento vi um pequeno sorriso de admiração em seu rosto.
"O que gosta de escutar?" perguntei curiosa, queria saber muitas coisas dele.
"Rock e música clássica e você?" ele estava falando um pouco alto por conta do xiado da chuva.
"Jazz" disse imitando tocando um instrumento que exige sopro. E ele sorriu nesse momento. Ele tinha o sorriso mais lindo que alguém poderia ter, sua voz era como uma melodia, um príncipe.
"Você sabe cantar?" perguntou ele. Comecei a rir e balançar a cabeça negativamente.
"Com certeza não!" declarei, "E você? Sabe?" .
"Qual música você quer que eu cante?" ele me desafiou.
"Hum... Deixa eu ver... Já sei! Papel! Do Chay Suede".
E assim ele cantou a primeira estrofe e o refrão, comecei a estalar os dedos para o acompanhar.
Não lembro quanto tempo ficamos alí, debaixo do mesmo guarda-chuva, até que os meus pais chegaram. Lembro de que Leonardo disse que seu filme favorito era do Capitão América, que gostava de bolo de milho, que me achava linda, que era encantado com meus cachos louros, que tinha me visto na janela semanas atrás, e que o dei um beijo no rosto em algum momento.
Leonardo e eu começamos a namorar cinco dias depois. Sempre brincávamos com o Bobe na chuva. O pessoal do bairro foi ficando mais legal. Ensinei Leonardo a tocar flauta e sempre que alguém fazia aniversário nos arredores, fazíamos serenata frente a casa da pessoa. Era perfeito estar ao lado de Leonardo.
Toda tarde, Leonardo e eu íamos para o lanche mais famoso do bairro e dividíamos a salada de frutas.
Nunca me cansava de ouvir as nossas histórias, nosso guarda-chuva, nossas leituras, nosso primeiro beijo..
Nunca vou me cansar.
FIM ❀
