Um

384 26 10
                                    

Acordo com os insistentes cutuques da minha mãe em meu ombro.

Eu na verdade não estou nem um pouco afim de me levantar, eu odeio ter que me mudar, odeio ter que conhecer novas pessoas (o que eu com certeza não farei, pois não sou um tipo de pessoa comunicativa) e neste momento, eu odeio minha vida.

Olho para minha mãe que está falando algo que eu obviamente não estou ouvindo.

Me sento na cama, pego meus aparelhos auditivos e coloco um em cada ouvido. Em fim aperto os botões e os ligo. E finalmente posso ouvir as reclamações da minha mãe.

- Você já viu a hora? Quantas vezes eu tenho que te dizer para dormir com o aparelho auditivo? Como você vai ouvir o despertador Hailey? - diz minha mãe com um tom de voz um pouco elevado.

Me arrependo imediatamente de ter colocado o aparelho.

- Mãe, incomoda, como quer que eu durma com algo me incomodando? - me defendo e recebo um olhar mortal em troca.

- Você acha que me engana né senhora, eu sei que você fez de propósito para não ir para a escola. - minha mãe adivinha.

- Mas mãe - coloco as duas mãos no rosto - eu não quero.

- Querer não é poder minha querida. - minha mãe fala essa tão famosa frase e eu tenho vontade de voar em sua garganta - Vamos, levanta, você já está muito atrasada.

Me levanto com esforço e vou direto para o banheiro do meu quarto.

__________________________

Minha mãe para o carro do outro lado da rua da escola.

- Se cuida, te amo. - minha mãe diz sorrindo.

- Também te amo. - reviro os olhos.

Saio do carro e atravesso a rua cogitando em me jogar na frente do primeiro carro que passar.

Entro na escola de Beacon Hills e olho distraída no horário que me foi entregue, para saber qual será minha primeira aula.

Para a minha felicidade, a primeira aula é de economia (matéria na qual você não precisa prestar a mínima atenção e tira 10 no fim).

Múrmuro um "graças a Deus" e continuo andando olhando para o horário de aula.

Mal percebi quando uma garota tromba em mim, ou eu trombo nela, não deu pra saber, eu estava distraída.

- Da pra olhar pra frente? - diz a garota ruiva que mais se parecia com uma barbie.

- Desculpa - falo sem graça.

- Tudo bem - ela diz sorrindo, se vira jogando o cabelo e continua andando.

Como ela consegue se arrumar e se vestir como uma deusa ás 7:30 da manhã? - penso.

O barulho irritante do sino me assusta e me tira dos meus pensamentos.

Olho no horário o número da sala que é pra eu entrar.

Entro na sala 9 e a aula já havia começado (como eu já esperava), todos me olham sem exceção como se eu foce um ratinho entrando em um ninho de cobras.

- Senhorita Lewis? - pergunta o professor.

- Sim. - falo baixo.

- Sou o treinador Finstock, do time de lacrosse, e dou aula de economia - diz o professor sorridente - não se atrase mais, pode se sentar ali na frente do senhor Stilinski - ele aponta com o dedo - Stilinski! Não assuste a menina, por favor.

O garoto faz uma cara de confuso e todos da sala riem.

Me sento no lugar indicado e fico quieta pelo resto da aula, escutando o tal do Stilinski cochichar com a seu amigo, que sentava na fileira ao lado, coisas como "quem é ela?" ou "não sabia que teria uma aluna nova".

The sound of silenceWhere stories live. Discover now