Capítulo 6

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– Lila, o que você está fazendo aqui? – o Daniel repetiu a pergunta, dessa vez com mais ênfase, pois eu estava ocupada demais tentando me levantar do chão do quarto dele, onde eu me estatelei. Com o colar de volta, a minha coordenação motora era quase igual a de antes.

– Eu estou... – olhei para ele antes de me levantar, mas ao me erguer percebi gotas de chuva caindo de mim e se unindo a uma poça que havia ao meu redor. – Molhada. – acabei dizendo o óbvio.

Não era a resposta que ele me pedia, mas eu precisava me livrar da camiseta grudada, do shorts que antes já era justo e agora quase impedia os meus movimentos, antes de voltar a pensar. E essa pergunta exigia uma explicação que eu não sabia se estava disposta ou não a dar. Para isso, para chegar a essa conclusão, do quanto eu devia ou não revelar, precisava antes me sentir confortável, pelo menos.

Não podia dizer simplesmente que tinha um cara muito gato no meu quarto provavelmente só de toalhas agora. Ou que esse mesmo cara era o ser mais irritante do mundo e eu meio que estava fugindo dele.

Quero dizer, até podia dizer isso. Porque o Dani era o meu melhor amigo e melhores amigos servem para essas coisas, para a gente desabafar. E era o que eu pretendia fazer, talvez. Só que antes precisava de roupas secas.

Percebi que a Lila de agora em sua versão molhada tremia de frio tanto quanto a Lila de antigamente. E acho que o Dani também percebeu isso, porque parou de me fazer perguntas e me entregou logo uma toalha. Que eu prontamente aceitei ao me enrolar nela ficando só de sutiã meia taça preto e de shorts jeans grudado. Provavelmente eu estava meio sexy diante do meu melhor amigo e ex-objeto de desejo. Mas eu estava desconfortável demais, e com frio demais, para pensar nessas coisas.

Então abri o armário do Daniel que eu já conhecia muito bem devido a minha presença constante naquele quarto e peguei uma camiseta dele e a vesti, logo tirando o sutiã por baixo, pelas pernas. Também peguei uma cueca box dele e a usei no lugar da minha calcinha e do shorts. Vestida assim eu olhei para o Daniel, parado às minhas costas, e dei o primeiro sorriso desde a minha chegada.

– Melhor? – ele perguntou.

– Sim. Mas posso ficar melhor ainda. – disse caminhando até a cama dele, onde eu me deitei sob as cobertas, só deixando a minha cabeça de fora.

– Com frio? – ele achou graça, e perguntou se sentando na beirada da cama. – Algumas coisas não mudaram pelo jeito. – brincou.

Sim, porque eu sempre tinha sido bastante friorenta e o Dani adorava tirar sarro disso.

– Sim. – eu sorri – E você bem que podia me trazer alguma coisa quente.

– É bom ver que algumas coisas em você continuam iguais. – ele falou já se levantando e seguindo em direção à porta – Chocolate quente?

Com a menção da bebida doce o meu sorriso alargou.

– Sim. – eu dei um suspiro aliviado. – Isso seria ótimo.

Ele assentiu com a cabeça e então saiu rumo ao andar de baixo.

Eu sabia que o Dani ainda estava curioso, e que só estava me dando um tempo antes de me encher de perguntas. Mas era bom isso, dele estar pensando no meu bem-estar primeiro. Afinal, ele sempre tinha sido um bom amigo.

Alguns minutos depois, ele voltou.

– Espero que esteja como você gosta. – ele comentou ao me entregar uma das canecas vermelha com estrelas brancas – Quero dizer, você sempre dizia que eu fazia o teu chocolate quente preferido, mas tanta coisa mudou que eu já não sei mais.

Super Lila - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora