Be Strong, Be Yourself, Be a Champion

Filadélfia

Filadélfia é tão elegante.

Todas as pessoas são elegantes. Não andam com as costas caídas, não andam com roupas rasgadas. Vestem-se do melhor e andam com o melhor. Algo que estou a adorar aqui.

E tu, perguntam vocês, quem és?

Eu sou a China, a novata desta zona.

A partir de uma altura, toda esta elegância começou a intimidar-me. O ar superior das pessoas, os grandes carros, as grandes casas, as festas, tudo. Todos pareciam demasiado elegantes, demasiada classe… Eu era apenas uma adolescente no meio de todas as outras que se vestiam como a Ashley Benson.

Tanta elegância começava a ser estranha. Começava a ser suspeita. Como se apenas estivesse a esconder algo, como se fosse uma máscara, a ponto de cair. Algo que, muito provavelmente, os habitantes temiam.

Ver a sua querida cidade envolvida nos mais variados escândalos, desde raptos e assassínios, a violações e roubos, era algo que os cidadãos se esforçavam por ocultar. Esforçavam-se tanto, que acabavam por viver nessa máscara.

Mas há sempre coisas que não conseguimos mudar, não é? Coisas que não conseguimos esconder. Coisas que são demasiado banais, coisas que têm de ser contadas ao mundo. É para isso que as coisas existem. Para se saber da existência delas.

Qual é o interesse de esconder algo que apenas quer ser conhecido? Que quer ser falado por todos os cantos do mundo? Não conseguimos esconder nada assim, essa coisa é demasiado grande, demasiado bombástica.

Mas será que algo assim tão bombástico é digno da nossa atenção?

Provavelmente era nisto que os cidadãos pensavam quando enterraram esta coisa bem no fundo da sua mente. Ela continuava lá, claro, mas pelo menos podiam fingir que não, uma grande parte do tempo. Então eles tiveram de arranjar algo verdadeiramente genial para encobrir tamanha coisa, tamanho segredo.

E porque não encobrir um segredo obscuro com elegância?

É na sombra disso que as pessoas aqui vivem, percebo isso agora. As pessoas aqui não têm medo. As pessoas, aqui, vivem no medo.

O medo é bom. O medo faz-nos sentir vivos, certo?

Mas depende do que temos medo. Quero dizer, é normal ter medo de monstros debaixo da cama, ter medo que alguém nos rapte quando estamos sozinhos na rua, mas há coisas demasiado ridículas, coisas que apenas em contos de terror existem.

Coisas que infelizmente, em Filadélfia existem.

A principio eu não me apercebi disso. Quero dizer, quem se aperceberia? Mas era tudo demasiado belo, demasiado perfeito para ser, sequer real.

É, Filadélfia é assim. É bom que se vão habituando.

Autora: Gostaram? Deixem os vossos comentários, por favor <3

Inês Santos <3