Cap. 1 - O estado da estrela solitária.

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Depois de ficar 50 minutos esperando meu próximo voo, finalmente o Boeing 757 da US Airways decola do Aeroporto Internacional de Charlotte Douglas rumo a Dallas, Texas.

Ainda tenho mais duas horas de voo então coloco meus fones de ouvido e relaxo na poltrona, olhando para fora da pequena janelinha do avião penso sobre o rumo que a minha vida levou.

Tantas coisas aconteceram nesses últimos meses, coisas que me marcaram profundamente e que me fizeram cicatrizes, que eu não sei como curar e nem se um dia irão.

Descobrir o que o Jordan fazia quando não estávamos mais juntos, brigar com a minha melhor amiga, Gwen, descobrir que eu estava grávida, me envolver com Ace, me envolver em um acidente de carro que tirou a vida do meu filho e o do Ace.

Tudo isso foi pesado demais de aguentar, mesmo depois quando Gwen e eu fizemos as pazes, ela estava vivendo o próprio drama em sua vida e eu não queria incomoda-la com meus problemas. Na verdade, tem coisas que são melhores eu guardar para mim mesma, sentimentos confusos que eu não consigo nem explicar para mim mesma quem dirá para os outros. E talvez, eu não tenha me aberto profundamente com ninguém porque eu não queira ouvir “tudo vai ficar bem” ou “não é o fim do mundo”, “você vai superar”. Mas que merda, eu perdi meu filho, eu terminei com o Jordan, o amor da minha vida. É claro que as coisas não vão ficar bem. Porque as pessoas tendem a dizer essas coisas se elas nem ao menos sabem do que estão falando? Será que eu não tenho o direito de chafurdar um pouco em alto piedade?

A única coisa na minha cabeça agora é, chega de drama. Eu vou terminar o ensino médio, passar um tempo com os meus tios e quem sabe depois fazer uma faculdade. Sem drama, sem garotos, sem nada que possa me fazer passar de novo por tudo o que eu passei.

Na verdade, acho que vai demorar para eu conseguir me sentir como a Kim de antes. Vai demorar para eu voltar a me sentir completa e inteira.

                                                          ***

Depois de pegar as minhas malas, saio pelo portão de desembarque no terminal E e fico nas pontas dos pés, tentando enxergar por cima da inúmeras pessoas indo de lá para cá. Passo meu olhar pelas pessoas que estão esperando alguém desembarcar e sorrio ao reconhecer a irmã mais velha da minha mãe.

Levo o carrinho de aeroporto com a minha bagagem até onde a tia Marie e o tio Hank estão me esperando com um cartaz escrito “Seja bem-vinda Kim”. Sorrio mais ainda com as caras de empolgação que eles fazem quando me veem.

É realmente uma pena que eu não os veja muito, eles são pessoas muito boas. Eu passei as minhas férias de verão na fazenda deles, quando eu tinha 8 anos, mas antes e depois disso, nós nos vimos só algumas vezes. A mais recente foi três anos atrás, no casamento de Seth e Jane.

- Tia Marie. Tio Hank.- Digo enquanto os abraço.

- Como é bom te ver Kim. Seja muito bem-vinda.- Tia Marie diz.

- É muito bom ver vocês também, já faz algum tempo.-

- Nem me fale, não sei porque ficamos tanto tempos sem nos ver.-

- Como estão todos?- Pergunto.

- Seth e Jane estão ótimos, muito felizes. E as gêmeas estão aqui, elas foram comprar algo para beber e ainda não voltaram.-

- Devem ter se distraído com uma moeda no chão.- Tio Hank diz e eu rio.

- Ah querido, não fale assim das sua próprias filhas. Elas são um pouco...distraídas. Só isso.-

Seth é o filho mais velho da tia Marie e do tio Hank, tem 25 anos e é casado com Jane. Eles se conheceram no ensino médio, quando ele estava no último ano e ela no primeiro. As gêmeas vieram 9 anos depois de Seth. Savannah é 7 minutos e 13 segundos mais velha que Shanon, e não a deixa se esquecer disso.

Paixão à Flor da Pele (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora