Eu não tenho preferido!

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     A rua onde Pete e eu moramos fica a apenas dez minutos da escola, então sempre conversamos na ida e na volta, e hoje, com as maluquices do Keith Moon.

-- Peter Dennis, acho melhor valer muito a pena ver sua nova guitarra, porque eu deixei de testar meu trenó de caixa de papelão por sua causa... e também porque eu estou cansado de andar... -- Keith disse, zombando.

-- Keith John, não enche o saco... tenho certeza que você vai gostar, eu já vi e adorei, e além do mais, estamos te dando mais tempo de vida. Depois você pode testar o seu trenó e morrer, mas agora tenha paciência.-- Eu digo, fazendo Pete rir e Keith fingir uma cara de indignação.

--Ei! Meu trenó é super seguro, ouviu, srta. Maria Giulia?-- Keith coloca as mãos fechadas na cintura, fazendo uma imitação minha de quando estou brava. --Poxa, agora que eu disse o seu nome em voz alta que eu lembrei, de onde vem seu nome? Porque aqui da Inglaterra é que não veio...

--É porque, sr. Keith, meu nome é italiano... Tenho certeza de que Pete gosta mais do meu nome do que do seu!-- Digo, olhando para Pete como se pudesse matá-lo se desse a resposta errada.

--É claro! Até porque eu tenho medo das consequências se eu dissesse que não... --Peter fala, se protegendo de um tapa meu, e rindo junto com o outro garoto. Acabo cedendo e rindo também.

    Chegamos na casa de Pete, e muito educadamente, adentramos. Sentada na mesa da cozinha, descascando legumes, está Betty Townshend, mãe de Pete. Este dá um beijo no rosto da mãe e encosta na parede.

--Olá Sra. Townshend! -- Cumprimento e a abraço.

--Olá querida! Como vai a sua mãe, diga que mandei lembranças por favor.-- A mulher me aperta com um pouco de força. Ela é como uma segunda mãe para mim.

-- Minha mãe vai bem, obrigada. Pode deixar que mando lembranças sim. E como vai a gravidez? -- Pergunto, já notando uma crescida na barriga de Betty. Ela está no quarto mês de gravidez de seu terceiro filho, ou filha, não sabemos. Olho para Pete, e ele está distraído, olhando para os pés de Keith, que está atrás de mim, esperando para cumprimentar a mãe do amigo.

--Está indo tudo certo... Pete e Paul estão me ajudando mais agora... -- A mulher dá uma risada gostosa e eu a acompanho.

-- É... Bom, com licença Sra. Townshend.-- Peço, andando até onde Pete está, dando lugar para Keith dizer olá.

--Toda, minha querida. Oh! Olá Keith! Vejo que ainda está inteiro... tem aprontado muito?-- Ela pergunta, abraçando o garoto.

--Olá Sra. Townshend. Pode apostar que sim... Como diz esses dois encostados na parede --Keith aponta para a gente.-- eles me salvaram de uma tentativa de aprontar com meu novo trenó de caixa de papelão...

--Caixa de papelão? -- Betty pergunta, confusa.

--Grande história! -- Pete e eu respondemos em uníssono.

-- Oh, sim... Bom, vou terminar o almoço. Podem ir que quando estiver pronto eu os chamarei,  e, Peter, querido, chame seu irmão para ir com vocês, ele ficou a manhã inteira desenhando em gibis antigos.

-- Claro mãe, chamarei... -- Pete responde, já subindo as escadas com Keith em seus calcanhares e eu logo atrás.

      O irmão de Pete, Paul, tem apenas três anos, mas é um garoto muito esperto, e noto que ele gosta muito de mim. Adentramos no quarto do garotinho, cheio de trenzinhos desenhados nas paredes e alguns soldadinhos de plástico espalhados pelo chão. Em cima da pequena cama está o menino, com olhos bem azuis, assim como os do irmão, com um gibi do Tex Willer no colo e um giz de cera azul na mão direita.

I Can't ExplainWhere stories live. Discover now