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✴Marinette✴
-Acorda Mari, você vai se atrasar!- Acordo devagar com essas palavras na minha cabeça, atrasar...? Aí não! A escola!
Levanto rapidamente da cama e perco o equilíbrio, antes de cair me seguro na cama e evito ter um desagradável encontro com o chão. O celular mostra que realmente estou atrasada. Saio em disparada para o banheiro e saio minutos depois já pronta para a escola. Desço rapidamente as escadas e saio após dar um beijo em meus pais e alguns cookies para Tikki. Vou até a escola e (que surpresa!) o pátio está vazio. Paro em frente à porta recuperando o fôlego perdido na corrida. Crio coragem para abrir a porta, entro enquanto a professora está com sua atenção voltada a outra coisa. Sento em silêncio e cumprimento Alya com um sorriso e um aceno rápido. Deito a cabeça na mesa e me preparo para dormir um pouco.
Algo aperta minha bochecha. Acordo gemendo. Que idiota faz isso com alguém que está dormindo. Alya! Ela está na minha frente agora, realmente, quem alem dela faria isso?
-O intervalo começou! Marinette Dupain-cheng você dormiu todas as primeiras aulas. Posso saber o porquê?
É agora, o mundo podia acabar agora e me livrar dessa. Mas espera, todas as primeiras aulas?
-Por que você não me acordou?
Ela hesita num microssegundo. Mas eu vi, ou não?
-Primeiro: é praticamente impossível acordar você com descrição. Segundo: eu estava ocupada sendo uma boa aluna. Sabe Mari você devia seguir meu exemplo.
A última frase é dita com uma presunção que ambas sabemos ser falsa. Como se ela realmente fosse uma ótima aluna. Não aguentamos e rimos.
-Vem, vamos comer.
Concordo e saímos para a cantina onde vemos a Lila. Ela está comprando alguma coisa lá, é agora a chance de descobrir se Marinette pode ser amiga de Lila. Me aproximo e Alya vem comigo.
-Oi Lila.
Ela se volta na minha direção.
-Oi Marinette, é esse seu nome certo?-Aceno com a cabeça.
-Então... Essa é a Alya, ela é minha melhor amiga.
-Prazer- Alya levanta os olhos de seu celular e sorri antes de voltar sua atenção ao aparelho.
Lila bate ansiosamente o pé no chão, quase como se quisesse sair dali o mais rápido possível.
-Alya por que você não compra algo para comermos?
Ela assente em concordância e sai, depois de dois passos ela dá um gritinho que suponho ser de animação. Volto minha atenção a Lila que parece ainda mais desconfortável.
-Por que você não gosta de mim?- pergunto devagar. Ela passou apenas uma aula antes de Volpina aparecer e eu não falei com ela nem um vez nesse tempo.
Ela me olha surpresa, como se o que eu disse não fosse o que esperava. Então ela sorri um pouco.
-Não é que eu não goste de você.- diz lentamente.- Eu pensei que você não gostasse de mim- eu aponto para meu próprio peito com as sombrancelhas arqueadas- sim, você. Acho que é o jeito que você me olha.
Como eu olho para ela?
-Como assim?
-Como se quisesse me analisar, é meio assustador. É como se tivesse algo que te deixa chateada.
Acho que entendo, eu realmente estou analisando ela, mas mágoa? Aí entendo.
-Desculpa, não é pessoal exatamente. Ainda gosta dele? -pergunto movendo a cabeça milimetricamente na direção de Adrien. Ela parece surpresa.
-Você gosta dele?
Não há razão para não contar, não é exatamente um segredo, ainda mais agora que quero fazer com que meu coração não acelere sempre que o vejo.
-Sim, mas não se preocupe se ainda gostar dele- sinto uma dor no peito antes de dizer algo que me fará não mais voltar atrás- eu... Eu desisti. É até melhor se você ficar com ele, talvez me faça esquece-lo mais rápido.- As lágrimas queimam em meus olhos, eu mordo meu lábio inferior para conte-las. Eu acabo de dar mais um passo.
Esse é sem volta, acabo de abrir caminho para quem odeia Ladybug. Não acredito que fiz isso. Abaixo a cabeça esperando que ela acabe com esse silêncio entre nós, talvez isso cale minha cabeça.
-Não se preocupe, eu... Estou me mantendo bem longe de encrenca, e Adrien Agreste com certeza trás muito mais atenção do que posso lidar agora. Não devia dizer isso se dói tanto em você, é meio tolo- foi um pouco rude, ela realmente disse que é tolice? Ela falou tão baixo, ou é por que meus ouvidos estão abafados pelo som do meu coração?- se não temos mais pendências não vejo razão para não nos darmos bem.- diz com um sorriso sem graça e estende sua mão. Dou minha mão a ela e sorrio dando de ombros.
Ela sai me deixando pensativa sobre o que acaba de ocorrer, eu sei que dormi a noite toda e uma grande parte da manhã, mas me sinto cansada novamente.
Alya não aparece, então decido procura-la. Vou até a sala e vejo ela sentada ao lado de Nino, mas isso não é tudo, eles estão próximos, muito próximos. Um rosto a centímetros do outro. Ele olha para a boca dela e parece querer diminuir a distância ainda mais, pego o celular e capturo a cena quando seus narizes se tocam. Porta, eu já disse como amo você não ranger sempre que é aberta? Se não, estou pensando nisso agora.
Saio antes que os veja cumprir seus desejos. Quero dar um grito de animação, mas contenho meus ânimos, penso na conversa com Lila e no romance de meus amigos, acho que a tristeza do primeiro assunto é anulada( quase toda) pela felicidade que o outro me causa. Um sorriso brota em minha face, não vou deixar Adrien Agreste me deixar triste.
-Oi Marinette.
-Oi.- Digo ainda olhando para o chão.-Não entra na sala que...- levanto o olhar e... Uau! Droga! Não devia ter feito isso- a Alya e... E o Nino estão ai dentro.
Ele dá um olhar malicioso em direção a porta.
Ele fica ao lado da porta e se senta no chão com as costas apoiadas na parede.
-Não vai sentar Marinette?
-Ah.. S-sim-- sento um pouco distante dele mas da mesma forma que ele. Ficamos em silêncio até ele o quebrar.
-Você está bem?
-Estou sim.- minha face está vermelha, por que eu não posso ser normal perto dele?- Por que está aqui em cima?
-Estou fugindo da Cloé. - nos dois rimos.
-Acho que isso só funciona por pouco tempo.
-Ainda assim funciona certo?- sorrio, tenho de concordar.
O sino soa antes que eu me pronuncie. Ele se levanta e estende a mão em minha direção, eu observo o modo como ele espera que eu coloque minha mão na sua, tão familiar.
-O que foi?- ele pergunta. Fico vermelha com sua pergunta.
-D-desculpa, é que você me pareceu familiar por um segundo.- balanço a cabeça segurando sua mão, ele me puxa e entramos na sala minutos antes dos outros alunos.
Alya já está do meu lado e vejo os alunos entrarem um a um, Lila entra sozinha, ela olha para mim e levanta um pouco o canto dos lábios, um esboço de sorriso. Sorrio de volta.
-O Nathaniel não veio hoje?-pergunto a Alya.
-Não.
-Hum... -será que aconteceu algo? É raro Nathaniel faltar. Não! Está tudo bem. Ele apenas teve um imprevisto e ele decidiu ficar em casa. Foi isso.
Por favor seja isso! Por favor seja isso!
Alya se aproxima e apóia a cabeça em meu ombro, olho surpresa para ela. Normalmente a cena é ao contrário.
-Eu estou feliz hoje. Mais que o normal.
-Isso tem algo haver com você não ter aparecido com o meu lanche?- digo olhando para a professora.
-Talvez. Você viu não foi?
-Só um pouquinho.
O resto da aula se passa sem nenhum incidente particularmente chamativo.
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-Estou indo para minha sorveteria favorita.- digo para Alya que está do outro lado da linha.
-OK, estou indo para aí.- diz encerrando a chamada.
Dobro a esquina e então vejo. É lindo, é triste, é tocante. Uma pintura no muro. É de tirar o fôlego. Linhas cruzadas com tons variantes de azul, parece como uma fumaça, mas isso é ou deve ser impossível uma vez que o azul do fundo se parece com o mar. A frase remoendo as verdades que tentamos esquecer.

Je ne peut pas noyer mon démons, ils savoir comment à nager.

Uma figura cinza está na parte superior e há sombras negras meio encobertas pelas espécie de fumaça e todas estendem seus braços em direção a figura cinza. No canto, quase encoberto consigo ver uma delicada flor azul, quase escondida entre o resto da obra de arte.
Tiro uma foto e coloco na minha pasta especial. Algum tempo essas pinturas começaram a aparecer pelas paredes, sempre que encontro uma que não tenho tiro uma foto e coloco na pasta. Elas sempre são lindas e trazem alguma frase tocante como essa.
-O que achou aí Marinette?- diz Nathaniel. Sinto um frio na barriga com seu tom de voz, não é seu usual.

LíriosWhere stories live. Discover now